sexta-feira, 21 de março de 2008

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO E MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO (Dia de Jejum e Abstinência)













A Sexta-feira Santa é o dia de mais pesado luto. Cristo morreu neste dia. Conseqüência do pecado, e assim o império da morte sobre todas as nossas vidas humanas estende-se ao próprio chefe da humanidade, o Filho de Deus feito homem.




Mas, todos os cristãos, o sabem muito bem, esta morte, que Jesus partilhou conosco e que para ele foi tão atroz, estava nos planos de Deus respeitantes a salvação do mundo. Imposta pelo Pai a seu Filho, foi por este aceite pelo nosso resgate. Desta forma, a cruz de Cristo tornou-se a glória dos cristãos. Já ontem o cantávamos: Toda a nossa glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo"; e hoje a Igreja repete, apresentando esta mesma cruz a nossa adoração: "Eis o lenho da Cruz, no qual pendeu a salvação do mundo". E Aqui temos a Sexta-feira Santa como sendo um dia de luto, é também o dia em que os homens restituíram a esperança, o dia que conduz as alegrias da Ressurreição.




SOLENE FUNÇÃO LITÚRGICA DA TARDE




A função litúrgica em que a Igreja celebra, à tarde, a redenção do mundo deveria ser cara a todos os cristãos. Neste dia, o canto solene da Paixão, as grandes orações solenes em que a Igreja pede confiantemente pela salvação dos homens, a adoração da cruz e canto dos impropérios são coisas mais que simples ritos emocionantes; são a oração de ação de graças dos resgatados que, em comum, reconsideram diante de Deus tudo o que o mistério da Cruz para eles representa.




Compõe-se o ofício de quatro partes. A primeira parte é a catequese, constituída por duas leituras do Antigo Testamento e o canto da Paixão segundo São João. A segunda parte são as "Orações solenes". A terceira, a adoração da Santa Cruz, troféu da nossa redenção. A quarta, o rito da comunhão.




O drama da Paixão considerado do ponto de vista dos seus efeitos, é universal e perpétuo. É expiação de todos os pecados. E, neste sentido, todos os homens colaboram na morte do Salvador.




Pelos seus sofrimentos redentores, Jesus triunfa, como vítima, das paixões que agitaram e hão-de-agitar o coração do homem, até o fim dos tempos. Na paixão a humanidade como que se precipita sobre o sangue do médico divino em busca da cura.




A Adoração da Santa cruz é uma cerimônia trazida de Jerusalém, onde, no século IV, era apresentada à veneração dos fiéis a Vera-Cruz em que Nosso Senhor foi crucificado. Todos se prostravam diante dela e beijavam respeitosamente.




Na liturgia latina começa esta cerimônia por uma ostensão solene da Santa Cruz, que se conservara coberta com um véu durante o Tempo da Paixão.




Terminada a adoração da Santa cruz, é colocada em cima do altar, ao meio, entre os dois castiçais acesos. O celebrante e os ministros vestem paramentos roxos. O diácono como vai ao altar da reposição buscar a sagrada Eucaristia, que é conduzida entre dois acólitos com velas acesas.




Costuma-se fazer neste dia procissões com a imagem do Senhor morto e de Nossa Senhora das Dores a caminho da sepultura de Cristo, rezando a Via-crúcis.




Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João:
Naquele Tempo: Jesus saiu com os seus discípulos para além da torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com os seus discípulos.
Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque Jesus ia freqüentemente para lá com os seus discípulos.
Tomou então Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e chegaram ali com lanternas, tochas e armas.
Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?
Responderam: A Jesus de Nazaré. Sou eu, disse-lhes. (Também Judas, o traidor, estava com eles.)
Quando lhes disse Sou eu, recuaram e caíram por terra.
Perguntou-lhes ele, pela segunda vez: A quem buscais? Disseram: A Jesus de Nazaré.
Replicou Jesus: Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes.
Assim se cumpriu a palavra que disse: Dos que me deste não perdi nenhum (Jo 17,12).
Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. (O servo chamava-se Malco.)
Mas Jesus disse a Pedro: Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?
Então a coorte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o ataram.
Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano.
Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: Convém que um só homem morra em lugar do povo.
Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote,
porém Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro discípulo (que era conhecido do sumo sacerdote) saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar.
A porteira perguntou a Pedro: Não és acaso também tu dos discípulos desse homem? Não o sou, respondeu ele.
Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio, e se aqueciam. Com eles estava também Pedro, de pé, aquecendo-se.
O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
Jesus respondeu-lhe: Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas.
Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei.
A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote?
Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?
(Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás.)
Simão Pedro estava lá se aquecendo. Perguntaram-lhe: Não és porventura, também tu, dos seus discípulos? Negou-o, dizendo: Não!
Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: Não te vi eu com ele no horto?
Mas Pedro negou-o outra vez, e imediatamente o galo cantou.
Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa.
Saiu, por isso, Pilatos para ter com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?
Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti.
Disse, então, Pilatos: Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus: Não nos é permitido matar ninguém.
Assim se cumpria a palavra com a qual Jesus indicou de que gênero de morte havia de morrer (Mt 20,19).
Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
Jesus respondeu: Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?
Disse Pilatos: Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?
Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo.
Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.
Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?... Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
Mas é costume entre vós que pela Páscoa vos solte um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
Então todos gritaram novamente e disseram: Não! A este não! Mas a Barrabás! (Barrabás era um salteador.)
Pilatos mandou então flagelar Jesus.
Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura.
Aproximavam-se dele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.
Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação.
Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse: Eis o homem!
Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Falou-lhes Pilatos: Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma.
Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus.
Estas palavras impressionaram Pilatos.
Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe respondeu.
Pilatos então lhe disse: Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?
Respondeu Jesus: Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior.
Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam: Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador.
Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata.
(Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta.) Pilatos disse aos judeus: Eis o vosso rei!
Mas eles clamavam: Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o! Pilatos perguntou-lhes: Hei de crucificar o vosso rei? Os sumos sacerdotes responderam: Não temos outro rei senão César!
Entregou-o então a eles para que fosse crucificado.
Levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota.
Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: Jesus de Nazaré, rei dos judeus.
Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico, em latim e em grego.
Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: Não escrevas: Rei dos judeus, mas sim: Este homem disse ser o rei dos judeus.
Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura.
Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sl 21,19). Isso fizeram os soldados.
Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho.
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.
Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede.
Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca.
Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está consumado. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.
Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados.
Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água.
O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais.
Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46).
E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10).
Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus.
Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar.
No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado.
Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.




Christus factus est pro nobis obediéns usque ad mortem, mortem autem crucis: propter quod et Deus exaltávit illum, et dedit illi nomen...
Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

2 comentários:

Ecclesiae Dei disse...

O pior é saber que, depois de tanto sofrimento só por amor a nós, tantos e tantos não param sequer uma hora nesse dia para adorá-lo e agradecer, e não tem esse dia como luto, mas como um "feiradão". É triste.
Uma Santa Páscoa para você e sua família!

José Avlis disse...

+ + +

Caro Irmão e Amigo
Pedro da Encarnação

Muito obrigado pela sua gentil visita ao blog Nova Evangelização Católica, assim como pelo seu voto de Boas Festas Pascais.

Tem toda a razão no que diz a respeito da Sexta-Feira Santa, antes não fosse assim.
Antigamente, era no Carnaval que se pecava mais; agora, porém, é também durante toda a Quaresma, e, pior ainda, nos chamados "feriados" religiosos, ou seja, outrossim na própria Sexta-feira Santa, Dia Santo de Guarda (como tantos outros, e jamais um mero feriado)!
Ao que chegámos, meu Deus!

Já é grave não fazer-se oração e penitência no sagrado tempo da Quaresma, e muito mais grave na Semana Santa, e mais gravoso ainda no dia em que comemoramos a Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Quem assim não pensar e proceder, nem é cristão nem é nada, e muito menos ainda católico, apostólico, romano.
E, desgraçadamente, tal género de "cristãos e católicos" pagãos e heréticos é o que há mais por aí, por mal e para mal dos pecados de todos nós, inclusivamente das almas justas (as que põem o ideal da santidacde acima de tudo, como devia fazer todo o bom Cristão)!

+ Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus;
Que pela Vossa santa Cruz remistes o mundo!

Cordiais saudações pascais para si, amigo Pedro da Encarnação, para o seu estimado colaborador no Blogue, para a sua Família e amigos.
Santa e Feliz Páscoa!
José Mariano
.