segunda-feira, 31 de março de 2008

SOLENIDADE DA ANUNCIAÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM (Este ano celebrada no dia 31/03)









As grandes festas sucedem-se nestes fins de Março. A de hoje recorda-nos o maior de todos os acontecimentos da história, a Encarnação de Verbo no seio virginal de Maria Santíssima. Foi hoje (25 de Março) no seio da Virgem Maria que o Verbo de Deus se fez carne e uniu-se para sempre a humanidade de Jesus. O mistério da Encarnação mereceu Maria Santíssima o maior título de glória, o título de "Mãe de Deus", em grego "Theotocos", palavra que a Igreja do oriente escrevia sempre em letras de ouro, como diadema na fronte das imagens e das estátuas da Virgem. "Colocada assim nos confins da divindade" por haver dado ao Verbo a carne a que ele hipostáticamente se uniu, foi sempre honrada com culto supereminente ou de hiperdulia, porque, diz Santo Anselmo, o Filho do Pai e Filho da Virgem são um e o mesmo Filho. Maria é desde a Rainha do gênero humano, e como tal deve ser venerada. Ao dia 25 de Março corresponderá outro dia 25 que se dará nove meses mais tarde (Natal), em que se há-de revelar ao mundo o prodígio hoje apenas conhecido de Deus e da humilde Virgem. Que esta data nos recorde, no sagrado tempo em que estamos, "que foi por nós, homens, e pela nossa redenção que o Filho de Deus desceu dos Céus e encarnou por virtude do Espírito Santo no Seio da Virgem Maria, que ele se fez homem e sofreu sob o poder de Pôncio Pilatos, que foi sepultado e que ressuscitou ao terceiro dia". E porque o Título de Mãe de Deus confere a Maria todos os poderes diante do seu Filho, recorramos a sua intercessão para obtermos a graça de, pelos merecimentos da Paixão e Cruz de Jesus, chegarmos a glória da Ressurreição.




Evangelho da Festa:




Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São Lucas: Naquele tempo:
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.
Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.
Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.
O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.
Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,
e o seu reino não terá fim.
Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?
Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.
Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
porque a Deus nenhuma coisa é impossível.
Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.




Regina coeli, laetare, alleluia Quia quem meruisti portare, alleluia Resurrexit sicut dixit, alleluia Ora pro nobis Deum, alleluia Gaude et laetare, Virgo Maria, alleluia Quia surrexit Dominus vere, alleluia!




Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

domingo, 30 de março de 2008

DOMINGO IN ALBIS - PRIMEIRO DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA (Oitava de Páscoa)



Chama-se este domingo -Quasi modo - das primeiras palavras do intróito e in albis porque nele depunha-se outrora os neófitos a túnica branca do batismo.


Para ensinar a seus filhos recém-nascidos para a graça com que generosidade devem confessar o nome de Jesus, a Igreja condu-los a Basílica de São Pancrácio, que, de doze anos, rendeu ao Senhor o testemunho do seu sangue.


Todo o cristão deve dar testemunho de Cristo. A fé no filho de Deus ressuscitado dar-lhe-á coragem para vencer o mundo, como diz São João. É necessário, pois, que esta fé em Jesus tenha uma base sólida; e a Igreja no-la oferece na missa de hoje. Esta fé tem que ter por base, diz São João, o testemunho das três pessoas divinas e o da água, do sangue e do espírito que no batismo, no calvário e na vida da Igreja e dos cristãos dá testemunho da divindade de Jesus. A dupla aparição do Senhor aos Apóstolos e a incredulidade de Tomé que cede a evidência mas nos confirmam nesta fé.


Pela nossa crença esclarecida e forte e pela nossa conduta impoluta rendamos a divindade do Senhor, no meio desta sociedade corrompida, o testemunho sincero da nossa alma.


Evangelho de Domingo:



Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João: Naquele tempo: Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar-lhe: Quem és tu?
Ele fez esta declaração que confirmou sem hesitar: Eu não sou o Cristo.
Pois, então, quem és?, perguntaram-lhe eles. És tu Elias? Disse ele: Não o sou. És tu o profeta? Ele respondeu: Não.
Perguntaram-lhe de novo: Dize-nos, afinal, quem és, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?
Ele respondeu: Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como o disse o profeta Isaías (40,3).
Alguns dos emissários eram fariseus.
Continuaram a perguntar-lhe: Como, pois, batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
João respondeu: Eu batizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis.
Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado.
Este diálogo se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
É este de quem eu disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim.
Eu não o conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que ele se torne conhecido em Israel.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

sábado, 29 de março de 2008

SÁBADO DE PASCOELA (OITAVA DE PÁSCOA)




Os neófitos ao saírem da fonte da regeneração recebiam uma túnica branca para simbolizar a graça que haviam recebido, segundo aquilo que o Apóstolo disse: "Vós que fostes batizados em Cristo revesti-vos de Cristo". Conservavam-na durante uma semana, e no sábado in albis depunham-na. Ao contemplar à volta de si estes novos filhos, a Igreja aconselha-os a beber do leite espiritual e a assentar na pedra angular que é o filho de Deus.



Em toda esta passagem da Epístola de São Pedro sente-se um não sei que de nobre altivez, que de cultivar todo o cristão consciente da sua grandeza.



Evangelho do dia:



Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João: Naquele tempo:
No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro.
Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!
Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro.
Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.
Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.
Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

Contra-Reforma: Do morfismo até o catarismo



Monofisismo (Séc. V) O Monofisismo originou-se como uma reação ao Nestorianismo. Os monofisistas (liderados por um homem chamado Eutyches) ficaram horrorizados pela implicação Nestoriana de que Cristo era duas pessoas com duas diferentes naturezas (divina e humana). Então eles partiram para o outro extremo alegando que Cristo era uma pessoa com uma só natureza (uma fusão de elementos divinos e humanos). Portanto eles passaram a ser reconhecidos como Monofisistas devido à sua alegação de que Cristo possuía apenas uma natureza (Grego: mono= um; physis= natureza). Os teólogos Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que o Monofisismo era tão pernicioso quanto o Nestorianismo porque esse negava tanto a completa humanidade como a completa divindade de Cristo. Se Cristo não possuia a natureza humana em sua plenitude então Ele não poderia ser verdadeiramente homem e se Ele não possuía a natureza divina em plenitude, então Ele também não era verdadeiramente Deus. · Esta heresia persiste em alguns círculos católicos bem´intencionados, mas errados, que subestimam a importância da natureza humana de Cristo.


Iconoclastas (Sécs. VII e VIII) Essa heresia surgiu quando um grupo de pessoas conhecidos como iconoclastas (literalmente, destruidores de ícones) apareceu. Esses alegavam que era pecaminoso fazer estátuas ou pinturas de Cristo e dos Santos apesar de exemplos bíblicos que provam que Deus mandou que se fizesse estátuas religiosas (por exemplo, em Ex 25,18-20 e 1Cr 28,18-19), inclusive representações simbólicas de Cristo (Num 21,8-9 e Jo 3,14). · Tem um em cada esquina hoje em dia...



Catarismo (Séc. XI) O Catarismo foi uma complicada mistura de religiões não Católicas trabalhadas com uma terminologia Cristã. O Catarismo se dividia em muitas seitas diferentes que tinham em comum apenas o ensinamento de que o mundo tinha sido criado por uma divindade má (portanto toda matéria é má) e que por isso devemos adorar apenas a divindade do bem. Os Albigenses formavam uma das maiores seitas Cátaras. Eles ensinavam que o espírito foi criado por Deus e que por isso era bom, enquanto o corpo teria sido criado pelo Mal, portanto o espírito deveria ser libertado do corpo. Ter filhos era considerado pelos albigenses um dos maiores males já que isso era o mesmo que aprisionar um outro "espírito" na carne. Obviamente o casamento era proibido, embora a fornicação fosse permitida. Tremendos jejuns e severas mortificações eram paticadas e seus líderes adotavam uma vida de voluntária pobreza. · Alguns aspectos da gnose cátara hoje são parte integrante da mentalidade geral em nossa sociedade: o horror à concepção, o amor à fornicação (infelizmente há católicos que aderem a esta mentalidade e praticam sem as necessárias razões graves a abstinência periódica de relações conjugais nos dias férteis)...

sexta-feira, 28 de março de 2008

SEXTA-FEIRA DE PÁSCOA (OITAVA DE PÁSCOA)




A Igreja depois de reunir os neófitos em Latrão, em Santa Maria Maior, em São Pedro, São Paulo, São Lourenço e nos doze Apóstolos, faz a estação hoje na Basílica de Todos os mártires e sua Rainha, no antigo Panteão dos Césares que encerra para nós o símbolo perfeito da vitória da Cruz.



A liturgia deste ciclo faz-nos ver em Noé e Moisés as figuras dos acontecimentos e mistérios da Páscoa. E a missa de hoje completa e declara esta doutrina, recordando-nos no intróito, Epístola e Ofertório que a aliança estabelecida por Deus outrora com Noé e com os deles que sobreviveram ao dilúvio e depois reafirmada com Moisés e com o seu povo salvo das águas do mar vermelho, era imagem e sombra da aliança nova em favor daqueles que salvos pelo batismo entraram na terra da promessa e da adoção dos filhos de Deus.



Na cruz, com efeito, o Senhor destruiu o pecado e com a sua ressurreição deu às almas a vida na graça.



Sejamos fiéis aos compromissos que tomamos no batismo, que nos admitiu ao grande mistério de vida e de morte com que selou o Senhor o pacto da reconciliação humana.



Evangelho do dia:



Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São Mateus: Naquele tempo:
Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado.
Quando o viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda.
Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra.
Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

Teologia Ascética e Mística: União entre nossa alma e Deus




Do que dissemos na postagem anterior acerca da habitação da Santíssima Trindade em nossa alma, resulta que entre nós e o hóspede divino existe uma união moral muito íntima e santificante.


Mas não haverá alguma coisa mais, algo de físico nesta união?


a) Dir-se-ia que as comparações empregadas pelos Santos Padres parecem indicá-lo.


1º. Um grande número dentre eles dizem nos que a união de Deus com a alma é semelhante a da alma e do corpo; "Há duas vidas em nós, diz Santo Agostinho, a vida do corpo e da alma; a vida do corpo é a alma, a vida da alma é Deus.: "sicut vita corporis anima, sic vita anime Deus". Tudo isto evidentemente, não são mais que analogias; façamos por destrinçar a verdade que elas contêm. A união entre o corpo e alma é substancial, a tal ponto que não formam senão uma única e mesma natureza, uma única e mesma pessoa. O mesmo se não dá na união entre a nossa alma e Deus: nós conservamos sempre a nossa natureza e personalidade, e assim ficamos essencialmente distintos da divindade. Mas, assim como a alma dá ao corpo vida de que este goza, assim Deus, sem ser a forma da alma, lhe dá a sua vida sobrenatural, a vida não igual, mas verdadeira e formalmente semelhante à sua; e esta vida constitui uma união realíssima entre a nossa alma e Deus. Supõe uma realidade concreta que Deus nos comunica e serve de traço de união entre Ele e nós. É certo que esta nova relação nada acrescenta a Deus, mas aperfeiçoa a nossa alma e torna-a deiforme; o Espírito Santo é assim, não causa formal, senão causa eficiente e exemplar da nossa santificação.


Esta mesma verdade se deduz da comparação feita por alguns autores entre a união hipostática e a união da nossa alma a Deus. Não há dúvida de que a diferença entre ambas é essencial: a união hipostática é substancial e pessoal, pois que a natureza divina e a natureza humana, se bem que perfeitamente distintas, não formam em Jesus Cristo mais que uma única e mesma pessoa, enquanto a união da alma com Deus pela graça nos deixa a nossa personalidade própria, essencialmente distinta da personalidade divina, e não nos une a Deus senão dum modo acidental. Faz-se, efetivamente, essa união, por intermédio da graça santificante, "acidente" acrescentado à substância da alma; ora, na linguagem escolástica, a união dum acidente e duma substância chama-se união de substâncias a substância.

Nem por isso é menos verdade que a união da alma com Deus se pode bem dizer uma união de substância a substância, que o homem e Deus estão em contato tão íntimo como o ferro e o fogo que o envolve e o penetra, como o cristal e a luz. Para tudo resumir numa palavra, a união hipostática faz um homem-Deus, a união da graça faz homens divinizados; e, assim como as ações de Cristo são divino-humanas ou teândricas, assim as do justo são deiformes, feitas em comum por Deus e por nós, e, por este título, meritórias da vida eterna, que não é outra coisa senão uma união imediata com a divindade. Pode ser, pois, com o padre de Smedit disse: "que a união hipostática é o tipo da nossa união com Deus pela graça e que esta imagem mais perfeita daquela, que a mais simples criatura seja dado a reproduzir em si".

Concluamos com o mesmo autor, que a união da graça não é puramente moral, senão que encerra um elemento físico que nos permite chamá-la físico-moral: "A natureza divina é verdadeiramente e no seu próprio ser unida a substância da alma por um lado especial, de maneira que a alma justa possui em si a natureza divina, como se lhe pertencesse, e, por conseguinte, possui um caráter divino, um,a perfeição de ordem divina, infinitamente superior a tudo quanto pode haver de perfeição natural em qualquer criatura existente ou possível".
Se postas de partes as comparações, estudando o lado doutrinal do problema, chegamos a mesma conclusão: 1) No céu, os escolhidos vêem a Deus face a face, sem intermédio; a própria essência divina é que desempenha o papel de espécie impressa: "in visione, qua Deus per essencia videbitur ipsa divina essentia erit quasi forma intellectus quo intelliget". Há, pois, entre eles a divindade uma união verdadeira, real, que se pode chamar física, pois que Deus não pode ser visto e possuído se não estiver presente ao espírito dos bem-aventurados pela sua essência, e não pode ser amado, se não estiver efetivamente unido à sua vontade como objeto de amor: "amor est magis unitivus quam cognitio". Ora a graça não é outra coisa senão um começo, um germe da glória: "gratia nihil est quam inchoatio gloriae in nobis".
Portanto a união começa na terra entre a nossa alma e Deus pela graça é, afinal, do mesmo gênero que a da glória, real, e em certo sentido física, como ela. Assim conclui o P. Froget no seu belo livro de L'Habitation du Saint-Esprit (p. 159), apoiando-se em numerosos textos de Santo Tomás: "Deus está, pois, real, física e substancialmente presente no cristão que possui a graça; e não é simples presença material, é verdadeira posse, acompanhada dum princípio de fruição".
Esta mesma conclusão deriva ainda da análise da graça em si mesma. Segundo a doutrina do Doutor Angélico, baseada nos próprios textos das Sagradas Escrituras que citamos, a graça habitual é-nos dada para gozarmos não somente dos dons divinos, mas também das mesmas pessoas divinas: "Per donum gratiae gratum facientis perficitur creatura rationalis ad hoc libere non solum ipso dono creato utatur, sed ut ipsa divina persona fruatur." Ora, acrescenta um dos discípulos de São Boaventura, para se gozar duma coisa, requer-se a presença desse objetos, e por, conseguinte, para gozar do Espírito Santo é necessária a sua presença do dom criado é real e física, não deverá ser também do mesmo gênero a do Espírito Santo?
Assim, pois, tanto as deduções da fé, como as comparações dos santos padres, autorizam-nos a dizer que a união de nossa alma com Deus pela graça não é somente moral; tão pouco pode-se qualificar de substancial em sentido próprio, mas a tal ponto é real que se pode chamar físico-moral. Como ao mesmo tempo ela fica velada e obscura, e como é progressiva (neste sentido em que percebemos tanto melhor os seus efeitos quanto mais cultivamos a fé e os dons do Espírito Santo), as almas fervorosas, que aspiram a união divina, sentem-se vivamente estimuladas a avançar cada dia na prática das virtudes e dos dons.



(Fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - Ed. Apostolado da Imprensa - 1961 - 6ª edição)

quinta-feira, 27 de março de 2008

QUINTA-FEIRA DE PÁSCOA (OITAVA DE PÁSCOA)




O Evangelho de hoje fala-nos da aparição do Senhor a Madalena que foi, imediatamente, a mando dele, anunciar aos Apóstolos o duplo mistério da ressurreição e da Ascensão; e a Epístola refere-se a um dos sete diáconos, chamado Filipe, que batizou o eunuco pagão. É possível que a escolha do texto fosse intencional, visto que na basílica onde era lida se encontram os restos do Apóstolo São Tiago e São Filipe. No entanto não devemos confundir com o diácono dos Atos dos Apóstolos.



A oração de hoje é particularmente bela. Lembra-nos que, ainda que diferentes e separados a muitos respeitos, fazemos parte de um todo uno e incomparável, assente na mesma fé de Cristo Ressuscitado.



Evangelho do dia:



Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João: Naquele tempo: Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro.
Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
Eles lhe perguntaram: Mulher, por que choras? Ela respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu.
Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem procuras? Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar.
Disse-lhe Jesus: Maria! Voltando-se ela, exclamou em hebraico: Rabôni! (que quer dizer Mestre).
Disse-lhe Jesus: Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado.



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

quarta-feira, 26 de março de 2008

QUARTA-FEIRA DE PÁSCOA (OITAVA DA PÁSCOA)




A estação reunia-se em São Lourenço de fora dos muros. A Epístola refere-se ao testemunho que Pedro rendeu a Jesus Ressuscitado. O Evangelho conta-nos como o príncipe dos Apóstolos dirigia os companheiros nos trabalhos da pesca até a hora de chegar a cometer a grande campanha da pescaria das almas. Mais generoso que os outros, atirou-se ao mar indo de encontro ao Mestre e foi quem sacou a rede na praia a arrebentar com cento e cinqüenta e três peixes. Todos os padres são unânimes em ver nesta pesca miraculosa os novos filhos na fé, que Pedro havia de resgatar nas águas do batismo e conduzir aos pés do Senhor ressuscitado. Convidados por Deus a entrar no seu reino, comiam do pão eucarístico, a vítima da nova páscoa que os devia purificar e os regenerar.



Evangelho do dia:



Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João: Naquele tempo:
Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo:
Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galiléia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos.
Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe eles: Também nós vamos contigo. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.
Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram.
Perguntou-lhes Jesus: Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer? Não, responderam-lhe.
Disse-lhes ele: Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes.
Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas.
Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados).
Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão.
Disse-lhes Jesus: Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes.
Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.
Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: Quem és tu?, pois bem sabiam que era o Senhor.
Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe.
Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado.



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

Catecismo Online: "Donde há de vir e julgar os vivos e mortos" (Parte IV)




Seguem-se então as palavras: "para o fogo eterno". A esta segunda espécie de tormentos chamam os teólogos "pena dos sentidos"(Mt 25,41), porque empolga os sentidos do corpo, como acontece nos açoites, flagelações, e outros gêneros de suplícios mais pesados.




Entre eles, não é para duvidar que a tortura do fogo causa a mais intensa sensação de dor. Como tal suplício sobrevém para durar todo sempre, temos nesta circunstância uma prova de que o castigo dos réprobos concentra em si todos os suplícios possíveis.




Mostram-no, com maior clareza, as últimas palavras da condenação: "que foi preparado para o demônio e para os seus anjos"(Mt 25,41). Por índole nossa, sentimos menos todos os sofrimentos, quando temos algum parceiro a repartir conosco o infortúnio, e que até certo ponto nos assiste e conforta, com sua prudência e bondade. Qual não será, porém, a miséria dos condenados, uma vez que em tantas aflições não poderão jamais apartar-se da companhia dos mais perversos demônios?




Muito justa será, naturalmente, a condenação de Nosso Senhor e Salvador há de proferir contra os maus; porque vilipendiaram todas as obras de verdadeira piedade; não deram de comer, nem de beber, ao faminto e ao sequioso; não agasalharam o peregrino; não cobriram o desnu; não visitaram o preso e nem o enfermo.




São estes os pontos que os pastores devem, muitas vezes, inculcar aos ouvidos do povo cristão. Quando aceitam com espírito de fé, a verdade deste artigo tem grande virtude para refrear as depravações da alma, e arredar os homens do pecado. Por esse motivo diz o Eclesiástico: "Em todas as tuas obras, lembra-te de teus novíssimos, e não pecarás eternamente"(Eccl 7,40).




Na verdade, dificilmente alguém se arroja em pecados, com tanta cegueira, que não seja de novo atraído pelo amor à virtude, em se lembrando que um dia dará contas a um juiz de suma justiça, não só de todas as suas ações e palavras, mas até dos mais ocultos pensamentos; que terá de satisfazer pelas penas que merecidamente tiver incorrido.




Ainda que a vida lhe decorra em privações, calúnias e sofrimentos, pode o justo afervorar-se cada vez mais na prática da virtude, e dar larga a sua alegria, quando se lembra daquele dia em que, após as lutas desta vida laboriosa, será aclamado vencedor na presença de todos os homens, e recebido na Pátria Celestial, onde Deus lhe dará o quinhão das honras eternas.




Resta, pois, que os fiéis sejam exortados a procurarem uma santa maneira de viver, a adestrarem-se em todas as obras de piedade. Isto lhe permitirá aguardar, com maior firmeza de ânimo, o grande Dia do Senhor que está próximo; e almejar, até, a sua vinda com o mais vivo amor e empenho, como convém a filhos.




(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - 1962 - Ed. Vozes)

terça-feira, 25 de março de 2008

TERÇA-FEIRA DE PÁSCOA (OITAVA DA PÁSCOA)




A estação de hoje reúne-se em São Paulo, a volta do túmulo do Apóstolo, os filhos mais novos da Igreja para lhes ler o discurso que ele dirigiu aos judeus e a todos nós a fim de nos confirmar na fé da Ressurreição. O evangelho encerra também uma prova magnífica da ressurreição do Senhor, conta-nos a aparição do Senhor aos discípulos e aos Apóstolos reunidos no cenáculo e como se fez tocar e como comeu com eles de lhes deu a comer do que deixara. Durante toda a oitava, os intróitos evocam os riquíssimos tesouros que constituem o patrimônio daqueles que as águas do batismo regeneraram.



Evangelho do dia:



Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São Lucas: Naquele tempo:
Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!
Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito.
Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações?
Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho.
E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma coisa para comer?
Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado.
Ele tomou e comeu à vista deles.
Depois lhes disse: Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos.
Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo:
Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia.
E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

segunda-feira, 24 de março de 2008

SEGUNDA-FEIRA DE PÁSCOA (OITAVA DA PÁSCOA)




A oitava de Páscoa foi de preceito nos primeiros tempos. No primeiro dia da semana fazia-se a estação em São Pedro, junto do túmulo do príncipe dos Apóstolos.




A Epístola é um trecho do seu discurso, em que nos fala da Ressurreição do Senhor e de quem fora das primeiras testemunhas. O Evangelho relata-nos a aparição de Jesus a Pedro e aos discípulos de Emaús.




Os neófitos, e nós com eles, devemos todos afirmar como Pedro a nossa fé em Jesus Cristo e na sua Igreja, e, alimentados, com o mesmo pão e com mesmo vinho, procurar reintegrar-nos como corpos vivos na vida uma e unificante do redentor.

Evangelho do Dia:

Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São Lucas: Naquele tempo:
Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado.
Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles.
Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.
Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?
Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?
Perguntou-lhes ele: Que foi? Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.
Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;
e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.
Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram.
Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!
Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?
E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.
Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.
Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles.
Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho.
Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu.
Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?
Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.
Todos diziam: O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão.
Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

Liturgia: Análise do Ofício divino


O ofício divino abrange, como já vimos, duas partes; Ofício da noite e do dia.



Formam o Ofício da noite: Matinas e Laudes. No ofício do dia, entram quatro horas, chamadas horas menores, porque de fato não são tão longas, nem tão solenes (Primas, Tertia, Sexta e Noa). Incluindo as Vésperas e Completas.



Ofício da noite - Matinas e Laudes: Ofício de Matinas é a hora canônica mas importante, a que tem maior conexão com as primeiras assembléias cristãs, sempre convocadas pelo meio da noite e encerradas com a madrugada. Como significação simbólica, recorda os mistérios do Natal e da Paixão. Nessa hora, com efeito nasceu Jesus. Nessa hora, também, é que sofreu as dores da agonia, no Horto do Getsêmani, que se ultimou a traição de Judas, que tiveram início os tormentos da Paixão.



As matinas são compostas de um invitatório, ou convite para louvar a Deus, e de três partes chamadas de noturnos. Cada noturno são regularmente três salmos, três antífonas, um versículo e três lições. Tirando tudo isso da Sagrada Escritura para o primeiro noturno; da história do santo que se comemora ou de algum sermão de padre da Igreja, para o segundo; e das homilias sobre o evangelho do tempo ou da festa, para o terceiro. Depois de cada lição vem o responsório, menos na última que termina com lição, vem um responsório, menos na última que termina com o Te Deum, cântico de ação de graças, atribuído a diversos autores, em especial a Santo Ambrósio e Santo Agostinho. O costume de cantar as matinas durante as noites manteve-se apenas em poucas Ordens religiosas. Clérigos que tenham obrigação de rezar o breviário podem dizer as matinas, quer nas vésperas da tarde, quer de manhã antes da missa.



As Laudes (do latim "laudare" louvar, "Laudes" louvores) tem este nome, porque os salmos que as constituem são consagrados especialmente a celebrar os louvores de Deus. É o ofício da aurora. Nele se saúda com júbilo a esperança do nascer de um novo dia.



As Laudes abrangem quatro salmos e um cântico, sendo geralmente o quinto salmo de louvor. Termina lendo-se um capítulo extraído das Sagradas Escrituras, um hino, o cântico Benedictus seguido de antífona, como aliás todos os salmos, é uma oração.



Ofício do dia - Horas menores: A primeira hora, prima é um apêndice da primeira oração de Laudes. Destina-se ambos a festejar o alvorecer do novo dia a recordar a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.



Tertia, Sexta e Noa constam de um hino, três salmos ou a três divisões de salmos, seguidos de um capítulo, de versículo e da oração do dia. Tertia (9h da manhã) - evoca a descida do Espírito Santo; Sexta (meio-dia) - evoca a crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e uma antiga tradição a Ascensão de Nosso Senhor; Noa (15h da tarde) - A morte de Jesus na Cruz.



Véspera (Latim "vesper", tarde) - A etimologia o diz: Vésperas são o ofício da tarde. Corresponde ao sacrifício dos judeus que era oferecido, outrora, no templo de Jerusalém ao declinar do dia. A intenção da Igreja é santificar por elas as últimas horas, glorificando a deus, exaltando e agradecendo os benefícios. Pelo momento em que se rezam, recordam a instituição da Eucaristia que se realizou à tarde.



A composição das Vésperas é vasada nos moldes das Laudes. A diferença é o cântico do Magnificat, sendo nas solenidades o padre faz a incensação do altar durante a recitação deste cântico.



Completas (do latim "completorium", complemento) - O nome desta hora vem ao fato desta complementar as oração de véperas e terminar assim os ofícios do dia. Atribui-se a São Bento a criação desta hora. A hora das completas lembra a agonia de Jesus no horto e sua sepultura. Depois das completas reza-se uma antífona mariana: Alma Redemptoris - Advento; Ave Regina - da Purificação até a Páscoa; Regina Coeli - da Páscoa até Trindade; Salve Regina - Da trindade até o Advento.



Fonte: Doutrina Católica - Manual de instrução religiosa para uso dos Ginásios, Colégios e Catequistas voluntários - Curso Superior - Terceira parte - Meios de Santificação - Liturgia - Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - São Paulo; Rio de Janeiro; e Belo Horizonte - 1927

domingo, 23 de março de 2008

DOMINGO DE PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR - SOLENIDADE DAS SOLENIDADES (Oitava de Páscoa)












Exatamente como o Natal, é em Santa Maria Maior em que se faz a estação desta festa, a maior de todo o ano.


A Igreja não separa nunca Jesus de Maria e glorifica com a mesma apoteose o Filho e a Mãe.


Jesus Rescuscitado se dirige em primeiro lugar ao Pai, em homenagem de sujeição incondicional, enquanto a Igreja, por seu lado, levanta a Deus um hino de sentido reconhecimento e lhe suplica que venha em socorro dos filhos que lutam contra o mundo o demônio e a carne, a caminho da nova pátria do Céus. Mas para isto é necessário comer o cordeiro com os Ázimos da virtude, duma vida santa e impoluta. O Evangelho apresenta-nos as santas mulheres correndo ao sepulcro para ungir com o nosso amor e a nossa fidelidade à virtude o coração do mestre, não morto, porque é imortal, mas alanceado, dilacerado pelos crimes do nosso tempo e, possivelmente, da nossa má conduta.


Evangelho de Domingo de Páscoa:


Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São Marcos: Naquele tempo: Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus.
E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado.
E diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?
Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande.
Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se.
Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram.
Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse.




Victimae Paschali:




Victimae paschali laudesimmolent Christiani.Agnus redemit oves: Christus innocens Patri reconciliavit peccatores. Mors et vita duello conflixere mirando: dux vitae mortuus, regnat vivus. Dic nobis Maria, quid vidisti in via? Sepulcrum Christi viventis, et gloriam vidi resurgentis: Angelicos testes, sudarium, et vestes. Surrexit Christus spes mea: praecedet suos in Galilaeam. Scimus Christum surrexisse a mortuis vere: tu nobis, victor Rex, miserere. Amen. Alleluia.



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

SÁBADO SANTO - A GRANDE VIGÍLIA PASCAL (TRÍDUO SANTO)










A Igreja, que vai anualmente renovando na liturgia os sucessos da vida do Salvador, dos quais nos convida a participar, celebra nas festas da Páscoa o aniversário de Jesus vitorioso sobre a morte. É o acontecimento central de toda a história, para onde converge toda a vida radiosa do Redentor, e o ponto culminante da vida da Igreja no seu ciclo litúrgico.




A Ressurreição do Salvador é prova irrefragável da sua divindade, porque era necessário, com efeito, ser Deus para poder, como dizia Jesus, "dar a vida e tomá-la de novo", e a base indestrutível da nossa fé.




A Páscoa é a sanção definitiva da vitória da humanidade sobre a morte, a carne e o mundo. Porque, de direito, nós morremos e ressuscitamos com Jesus Cristo; de fato é a virtude operante dos mistérios da redenção que fecunda e transforma a vida íntima da Igreja e dos fiéis.




Todos os anos, a Igreja, ao recordar-nos a ressurreição do Senhor e o batismo que nos permitiu a participação definitiva deste grande mistério, mergulha-nos, por assim dizer, num banho novo que nos regenera e transforma para a vida nova da graça. Por este motivo a Páscoa Cristã, mais que o aniversário de um acontecimento histórico, é o prolongamento da ressurreição do Senhor. O Martirológico Romano, com efeito, proclama "que a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é a solenidade das solenidades e a nossa páscoa", fórmula que encerra a réplica perfeita do mistério do Natal. Porque se no Natal devemos nascer com o Senhor para a vida divina que desceu com ele à terra, na Páscoa com igual razão devemos ressuscitar para a vida nova que nos mereceu com a sua Paixão. Isto permite-nos compreender que a Igreja tenha escolhido a Páscoa para se dedicar com carinho verdadeiramente maternal à formação daqueles que são, na frase de São Paulo, os filhos "rescém-nascidos" das chagas do Senhor, alimentando-os com o pão novo e instruindo-os nas coisas da vida sobrenatural. "Se ressuscitastes com Cristo, procurai o que é do alto, da vida nova a que fostes chamados, e não o que é da terra". "Mortificai os apetites da carne, despojai-vos do homem velho, revesti-vos do novo". Quando puserdes a túnica branca do batismo, pensais que deveis conservar sempre a brancura da vossa alma, diz Santo Agostinho.




O tempo pascal deve ser, pois, para nós todos um período de renovação. Deve ser a imagem da vida no céu. A vida sobrenatural e a vida dos batizados deve ser a terra a antevisão, a ante-experiência dulcíssima da ressurreição final e da posse definitiva da pátria celeste, onde Jesus nos precedeu para nos preparar o lugar.




A liturgia convida-nos a acompanhar as várias aparições do Senhor: no sepulcro em Emaús, na Galiléia e no Cenáculo; e apresenta-no-lo lançando os fundamentos da Igreja e preparando os Apóstolos para o mistério da Ascensão.




No dia seguinte ao Sábado, ainda com o lusco-fusco, Maria Madalena e mais duas santas mulheres foram ao sepulcro. Era o primeiro dia da semana judaica: o Domingo de Páscoa. Um anjo havia movido a pedra que tapava o sepulcro e os guardas fugiram com medo. Madalena, ao ver o túmulo aberto e vazio, corre a advertir Pedro e João, que ficaram em Jerusalém, de que tinham roubado o Senhor. Entretanto o anjo havia anunciado as outras duas que Jesus ressuscitara.




Pedro e João voam ao sepulcro e constatam dolorosamente a falta do Mestre. O corpo de Jesus não estava ali. Tinham no roubado certamente. Madalena, que regressara depressa, quer ver de novo o sepulcro. Talvez se tivesse enganado. E senão há de ver e beijar pelo menos o local onde repousara o corpo de seu amigo. E viu, não Cristo morto nem o lugar vazio, mas o Cristo vivo e ressuscitado. À tarde deste mesmo dia, dois discípulos que desciam para Emaús, vêem também o Mestre e veem anunciar a boa nova aos apóstolos que por sua vez lhe dizem de sua aparição a Pedro.




Depois apareceu no Cenáculo. E depois de oito dias volta a aparecer-lhes para reprender e confirmar na fé a incredulidade de Tomé. Depois da oitavas de Páscoa, regressando os Apóstolos a Galiléia, o Senhor aparece nas praias do mar aos sete que pescavam e revela-se igualmente a quinhentos discípulos numa montanha que previamente lhes designara e que terá sido o Tabor ou, com maior probabilidade, qualquer colina nas margens do lago, como as das bem-aventuranças.




O Evangelho do Segundo Domingo depois da Páscoa refere-nos a parábola do Bom pastor, e muito a propósito, a seguir o batismo dos neófitos. Os três domingos seguintes e o da vigília da Ascensão são tirado dos capítulos 16 e 17 de São João, quer dizer, do discurso da Ceia, em que o Senhor fala aos Apóstolos da Ascensão, da vinda do Espírito Santo e da sua nova presença entre os discípulos.




O Tempo Pascal é, por assim dizer, um longo dia de festa que vai da vigília Pascal até o Sábado depois de Pentecostes, e em que se celebram sucessivamente os mistérios da ressurreição e da Ascensão do Salvador, tendo por Epílogo a Solenidade de Pentecostes. A data da Páscoa de que dependem as demais festas móveis, foi objeto das decisões conciliares. Tendo o Senhor padecido e julgado na Páscoa Judaica e devendo a solenidade do novo mistério substituir na idade nova os velhos ritos judaicos, houve a Igreja por bem conservar para a Páscoa Cristã o modo de contar dos judeus. Ora entre o ano lunar, que eles seguem, e o Solar há uma diferença de onze dias, que obriga a festa da Páscoa a oscilar entre 22 de Março e 25 de Abril.




Durante o tempo pascal, a Igreja adorna-se com profusão e os órgãos que na quaresma se conservavam emudecidos ressoam de novo nas abóbadas engalanadas dos templos. O Alleluia, que é o cântico por excelência do ciclo pascal, enche as almas de alegria e plenitude. Ao asperges substitui-se o Vide aquam, evocativo da água e do sangue que correram do lado de Jesus símbolo do Batismo e da Eucaristia. Não há jejum e o Regina Coeli recita-se de pé, como convém a vencedores. Até a Ascensão o Círio Pascal, símbolo da presença visível de Jesus, ilumina e aquece com a sua chama radiosa a assembléia dos fiéis; e os paramentos brancos, sinal da graça da ressurreição, alegram as funções do culto.




Outrora, a Igreja proibia no tempo pascal as festas dos santos menos notáveis para não distrair a atenção dos fiéis da contemplação de Jesus Triunfante. Mas para os apóstolos e mártires compôs-se missa especial, por terem sido eles quem de mais perto se associou as lutas e vitórias de Cristo. Os Mártires sobretudo, nesta parte do ano, formam o cortejo do divino ressuscitado.




A liturgia da noite pascal era em outros tempos das mais importantes do ano. Durante a tarde do Sábado Santo, reunia-se os fiéis na Igreja de São João do Latrão, para o último escrutínio dos catecúmenos. Depois, à noite, começava a vigília ou a vela Pascal, que terminava ao romper da alva com o batismo solene: submergidos ou sepultados com Cristo nas águas batismais, os neófitos nasciam para a vida na graça a hora em que o Salvador saía triunfante do sepulcro, ao alvorecer do dia de Páscoa. Seguia-se a Missa: toda a comunidade dos fiéis celebrava o sacrifício da redenção, nas ações de graças e nas alegrias da ressurreição.




No século XIII, começou a celebração da vigília pascal a ser antecipada para o sábado de manhã. Pela recente reforma feita pela Santa Sé, passou-se de novo para o meio da noite de Páscoa. Voltando assim ao seu verdadeiro lugar, a antiga liturgia readquire todo o seu significado e permite ao povo cristão reviver, com mais perfeita compreensão, o mistério de graça e de luz em que se renova, de ano para ano, a vida dos batizados.


Evangelho da Festa:
Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São Mateus : Naquele Tempo:
Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo.
E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela.
Resplandecia como relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve.
Vendo isto, os guardas pensaram que morreriam de pavor.
Mas o anjo disse às mulheres: Não temais! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado.
Não está aqui: ressuscitou como disse. Vinde e vede o lugar em que ele repousou.
Ide depressa e dizei aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos. Ele vos precede na Galiléia. Lá o haveis de rever, eu vo-lo disse.


Regina coeli, laetare, alleluia! Quia quem meruisti portare, alleluia! Resurrexit sicut dixit, alleluia! Ora pro nobis Deum, alleluia! Gaude et laetare, Virgo Maria, alleluia! Quia surrexit Dominus vere, alleluia!




Feliz Páscoa!!!

sábado, 22 de março de 2008

Alleluia, Alleluia, Alleluia! CRISTO RESSUSCITOU Alleluia!








Desejamos a todos os nossos leitores, familiares e amigos uma feliz e santa Páscoa! Feliz Páscoa! Alleluia!




SÁBADO SANTO (TRÍDUO SANTO)




Com a reposição da Vigília Pascal a seu tempo e lugar próprio e primitivo (noite do sábado para o domingo), o Sábado Santo passou a ser, com a nova reforma, como era antigamente, dia de luto para Igreja; dia em que esta se recolhe amorosamente junto do sepulcro do seu Divino Esposo, na meditação silenciosa da sua Paixão e Morte; dia alitúrgico", privado da celebração do Sacrifício Eucarístico e distribuição de comunhão.




O desnudamento e silêncio da Igreja (silêncio apenas interrompido pelo ofício das horas canônicas) traduz um sentimento de "ausência", sentimento este, no entanto, acompanhado de uma devota e "religiosa expectação" da vitória final daquele que, com sua morte, saiu vencedor da mesma morte.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.