domingo, 2 de março de 2008

IV Domingo da Quaresma: A mutiplicação dos pães e dos peixes é uma figura da Páscoa (Laetare)



Nesta Semana lê-se no Breviário a história de Moisés. Duas idéias principais a dominam toda. Por um lado Moisés retira o povo de Deus do cativeiro e fá-lo atravessar o Mar Vermelho; por outro lado dá-lhe de comer maná do deserto, dá-lhe a lei no Sinai e o conduz a terra prometida onde se erguerá um dia Jerusalém, a cidade santa que regozijará com as tribos vindas de todo Israel para cantar os louvores de Javé. A missa de hoje dá-nos a realização dessas figuras. O verdadeiro Moisés, com efeito, é Jesus Cristo, que nos resgatou do cativeiro da lei e do pecado, nos fez passar pelas águas do batismo, nos alimenta no deserto da existência terrena com o verdadeiro maná, a sua carne, e nos introduziu na terra prometida que é a Santa Igreja.


A estação de hoje congregava-se na Igreja de Santa Cruz de Jerusalém, velho palácio romano que Santa Helena transformou em santuário para nele guardar as relíquias da Cruz descobertas no Calvário e representar no coração da capital do Cristianismo a cidade de Jerusalém e os lugares santos.


E de fato a escolha desta basílica impunha para cantar as alegrias e as grandezas da nova Jerusalém, que é simultaneamente a Igreja na terra e a cidade dos céus, cujas portas o Senhor nos veio com sua morte abrir. Neste Domingo (Laetare) a Igreja congrega aí os fiéis para os fazer experimentar um raio da grande alegria que se aproxima. Era com este sentimento de júbilo que a Igreja benzia outrora a rosa "laetare" e é com ele que ainda hoje reveste de paramentos de cor rosa os ministro do altar. "Regozijai-vos e exultai de alegria" diz o intróito, porque mortos com Jesus Cristo para o pecado havemos de ressuscitar com ele. O Evangelho relata-nos o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes, símbolos da Eucaristia e do Batismo que são por excelência os sacramentos da ressurreição. E na Epístola São Paulo procura fazer-nos compreender a liberdade dos filhos da Igreja, que é a liberdade de Cristo.


Que a missa deste domingo, já tão impregnada das alegrias pascais, nos dê coragem para prosseguirmos com generosidade a segunda parte da Quaresma.


Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João: Naquele tempo: Jesus atravessou o lago da Galiléia (que é o de Tiberíades.) Seguia-o uma grande multidão, porque via os milagres que fazia em beneficio dos enfermos. Jesus subiu a um monte e ali se sentou com seus discípulos. Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus. Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com ele e disse a Filipe: Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer? Falava assim para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço. Um dos seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes... mas que é isto para tanta gente? Disse Jesus: Fazei-os assentar. Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens em número de uns cinco mil. Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes lhes deu quanto queriam. Estando eles saciados, disse aos discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. Eles os recolheram e, dos pedaços dos cinco pães de cevada que sobraram, encheram doze cestos. À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo. Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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