domingo, 30 de setembro de 2007

Retrospecto do Mês: Uma análise sobre os acontecimentos do mês de Setembro e antecedentes

Agradecendo a Deus por mais um mês que finda, me coloco na posição de suplicante para rogar ao Senhor dos Céus e da Terra por mais um mês que se aproxima. Rezemos pelas almas dos que fiéis que faleceram e que já não se encontram presentes entre nós neste novo mês que se inicia.
O mês de setembro que está para findar é dedicado pela CNBB como o mês da Bíblia. E como a CNBB resolveu que as Sagradas Escrituras tivessem um lugar de destaque nas reflexões cotidianas deste mês? De forma naturalmente folclórica, com fiéis entrando de forma festiva, dançando e cantarolando, com o livro sagrado em mãos. É assim que eles vão conscientizar os membros do Corpo Místico de Cristo na importância de um conhecimento sobre a Tradição Escrita? Bom fica a cargo do bom senso definir que tais métodos são de certa forma inúteis e até vergonhoso para uma Igreja de Dois mil anos que evangelizou pagãos e libertou o mundo de muitas das heresias que infelizmente voltaram a assombrar as veredas da fé.
Assim explico o porque que publiquei no meu blog que o mês de Setembro além de ser o Mês da Santa Cruz, seria também o mês do Sagrado Magistério. Exalto o Magistério Católico, pois é o único com autoridade para interpretar as Sagradas Escrituras.
Apartemos para longe de nós o relativismo bíblico proposto por Martinho Lutero que desfragmentou o mundo cristão.
Chama-me a atenção, de como se tenta no Brasil introduzir questionamentos de forma tendenciosa. Questionamentos estes que são posto a prova em telejornais e em outros órgãos de mídia do nosso país. Um dos questionamentos que surgira na bienal do livro no Rio de Janeiro deste mesmo mês, fora proposto por autores de livros que defendiam a tese de que Deus não existia pelo fato de ocorrer injustiças, violências e tantos outros males no mundo. Uma forma de pensar bastante ilógica já que isso seria negar que nós seres humanos temos participação nas decisões da vida. Nega, portanto, o princípio da liberdade, ou livre arbítrio, dos quais somos dotados desde a origem. E, ao negar a liberdade, estamos negando também o princípio de justiça que depende mutuamente deste. Se não somos livres para escolher, não nos tornamos réus de condenação ou não podemos ser responsabilizados pelos nossos atos. Deus não poderia intervir sempre quando os seres humanos quebrassem as regras. Se o fizesse não permitiria que a vida seguisse livre de acordo com nossas decisões e as leis da natureza em si. Além do mais sabemos que a terra não é o paraíso final. Temos esta informação pela observação e pela revelação divina. Portanto não é nem um pouco coerente se basear em tão precária tese no momento de argumentar a favor de um ateísmo. Existe uma diferença clara e objetiva ao definir que temos um mundo material e um mundo espiritual, e que ambos não podem ser confundidos.
Interessante pensar, que, como algumas pessoas que afirmam essas idéias são dotadas de uma certa “ingenuidade” ao achar que podem desafiar seu Criador. Segundo estes, o mundo deveria ser moldado e formado segundo sua lógica de conceber as coisas, e que o Criador Onipotente deveria também seguir este mesmo raciocínio. Os que basicamente defendem essa tese são pessoas que ao ter um desafio em mãos, equiparado a um jogo de “quebra-cabeças”, se utilizam basicamente das peças do jogo que lhes convém, para montar a visão de que precisam, e simplesmente descartam as demais peças como se não tivessem importância ou relevância na construção de uma verdade única e conclusiva. Ao fazer uma análise de uma idéia ou teoria não terá nenhum resultado se simplesmente nos concentrarmos nos nossos ideais e interesses e descartarmos as demais hipóteses e teorias.
Também este ano um assunto assombra o coração ético e moral do Brasil; a legalização do aborto. Como na campanha do desarmamento o aborto tem grande apoio de figuras ilustres, do Estado e da mídia. A afirmação agora e de que mulheres perdem a vida todos anos em clinicas de aborto clandestinas que existem em todo o Brasil (coisa que o governo deveria fiscalizar e não o faz como muitos outros de seus deveres). Agora o ponto de vista trata-se da saúde da mulher brasileira. Parece até ironia, pois, é óbvio que é mais barato e fácil pro governo matar inocentes do que prender e condenar os patrocinadores deste massacre. A vítima agora é a abortista e não o feto que não tem como se defender. Todos nós que estamos neste mundo já fomos um feto e já fomos um zigoto, inclusive os defensores desta abominação. É como se os pro-abortistas dissessem: “O mundo está cheio de mais, eu já nasci e não quero me privar dos benefícios que ainda tenho, então temos que impedir o nascimento de mais pessoas que ameaçarão nossos empregos e dos nossos filhos”. E sem dúvida algo notável que os grandes defensores do aborto são pessoas de vida estável e que privilegiam de uma vida milionária num país cheio de miseráveis. Isto pelo simples fato de se sentirem ameaçados com o crescimento da população de pobre no Brasil.
A violência nas grandes favelas do Brasil sempre fora ignorado pelas classes média e alta da sociedade, e quando a violência cresceu e chegou aos grandes centros e aos bairros de luxo das cidades, começou-se então a protestar com “camisetas brancas de paz” em passeatas nas avenidas e nas orlas do país.
Dizem que é melhor abortar do que a criança crescer e se tornar um bandido. Já que segundo eles as chances de uma criança se tornar um marginal são enormes vivendo em condições sub-humanas. Vejam, que agora começamos a lidar com uma situação bastante intrigante. Eu conheço muita gente que mora em favelas e nenhum deles pertencem ao tráfico ou são ligados a eles, e creio que o leitor saiba do que estou falando. Ora, da mesma forma, vemos nos meios de comunicação, todos os dias pessoas de classe média e pessoas com renda bastante significante envolvidos em roubos, agressões, latrocínios, assassinatos, tráfico de drogas, corrupção, quadrilhas, estelionato, e muitos outros. Bom então o problema não se trata de uma questão financeira ou a que grupo pertence este indivíduo. Mas trata-se de uma coisa que o Brasil ultimamente tem estado em muita falta, trata-se de moral e ética. Nosso povo está com os princípios morais e éticos em baixa, e por esse motivo transmite essa forma de vida materialista e imoral a seus futuros descendentes. Não importa onde ele vai nascer, se a família não tem princípios morais e éticos este indivíduo sim terá grandes chances de se tornar um delinqüente e um infrator da lei. Derrubando assim esse grande mito, que ainda muitos insistem em defender, dizendo que violência e miséria andam de mãos dadas. O que deveríamos fazer então é trazer de voltas os valores morais e éticos, e não eliminar supostos “futuros infratores” baseando-se na sua origem e renda.
Para encerrar essa postagem de Setembro, lamentando mais uma vez que estamos entregues a uma elite doentia, egoísta e paranóica com conceitos repugnantes e soluções mais repugnantes ainda, que visam apenas seus interesses. Lamento mais ainda que as classes menos favorecidas da sociedade venham a imitar este péssimo modelo fora de foco que só tem levado a sociedade a um buraco cada vez maior. Espero que a Virgem Mãe de Aparecida, Padroeira do Nosso Brasil, tenha piedade de nós e interceda por nosso povo para lhe dar mais juízo e mais mobilidade na luta de um ideal autêntico e que realmente venha beneficiar toda a sociedade e não uma minoria.

18º Domingo Depois de Pentecostes: "Meu filho, teus pecados te são perdoados". (Ev.)


Este domingo que vem a seguir ao Sábado das Têmporas de Setembro, era a princípio vacante. A liturgia da vigília prolongava-se com efeito até de manhã, de maneira que não sobrava tempo para os ofícios dominicais. As lições que se lêem no ofício são do livro de Judite. Todos conhecem a história desta mulher famosa que salvou a Judéia, cortando a cabeça de Holofernes, general dos exércitos Assírios. Holofernes, enviado por Nabucodonosor para conquistar a Palestina, tinha cercado Betúlia. Vencidos pela fome e pela sede, os sitiados tinham deliberado render-se, quando Judite apareceu a encorajá-los. Façamos penitência, dizia, e imploremos o perdão de Deus, porque estes flagelos com que nos castiga são para nos corrigir e não para nos perder. Depois, quando veio a tarde, vestiu-se com as suas melhores galas e fez-se introduzir no acampamento dos inimigos, sob o pretexto de lhes entregar a cidade. E elevada à presença de Holofernes, o general, seduzido pela sua beleza, recebeu-a com grande contentamento e ordenou que em sua honra, se preparasse um banquete.



A Igreja ao recordar as sete dores de Maria Santíssima, aplica-lhes o canto que se ouviu em Israel, quando Judite livrou o povo eleito. Maria é com efeito a nova Judite que decepa a cabeça do general assírio, do dragão infernal. Nestes dias lê a Igreja no Ofício divino estas passagens gloriosas da epopéia israelita, que são figuras do que mais tarde havia de acontecer numa ordem espiritual e mais elevada. A libertação do povo judeu da sujeição assíria, levada a efeito por Judite, representa a libertação humanidade operada por Jesus. É muito oportuna esta missa nesta época de Têmporas, que são tempos de perdão, por sê-lo de penitência em que Deus se deixa aplacar e vencer dos pobres mortais. Desse perdão e dessa paz consoladora, que se frue da casa do Senhor são legítimos dispensários os sacerdotes a quem Jesus concedeu o poder sublime de dizerem: "Os teus pecados te são perdoados". Os novos ungidos pelos Senhor serão encarregados também de pregar a palavra de Deus, de celebrar o Santo Sacrifício e de preparar por este modo a humanidade para se apresentar confiadamente diante do supremo juiz. É por este motivo, precisamente, que a Igreja insistirá durante estes domingos no pensamento da vinda do Senhor.



A epístola de hoje ( ICor 1,4-8) é também para meditar. Que contas tão estreitas não terá de prestar o cristão de tantas graças que recebe! E como dispensamos herança tão rica, como desperdiçamos tantas graças, os sacramentos, a pregação da palavra de Deus! Que contas serão as nossas?





Evangelho de Domingo:



Continuação do Santo Evangelho segundo São Mateus: Naquele tempo: Subindo Jesus para uma pequena barca, tornou a passar o lago, e voltou para a sua cidade. E, eis que lhe apresentaram um paralítico, que jazia no leito. E, vendo Jesus a fé que eles tinham, disse ao paralítico: Filho, tem confiança, te são perdoados os pecados. E logo alguns dos escribas disseram no seu interior: Este blasfema. E, Jesus visto os seus pensamentos, disse: Porque pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: te-são perdoados os pecados, ou dizer: Levanta-te e caminha? Pois, para que saibais que o filho do homem tem poder sobre a terra de perdoar os pecados: Levanta-te, disse então ao paralítico, toma o teu leito, e vai para tua casa. E ele levantou e foi para sua casa. E, vendo isto, as multidões temeram e glorificaram a Deus, que deu tal poder aos homens.






Memória de São Jerônimo, Presbítero, Confessor e Doutor da Igreja







Hoje também é dia de São Jerônimo. E como dedicamos o mês de Setembro como o Mês da Ortodoxia e do Magistério Católico, este santo não poderia ficar de fora.

São Jerônimo nasceu na Dalmácia, no século IV, e foi batizado em Roma. Preocupado com o problema da perfeição cristã, freqüentou os primeiros monges de Treves, voltou a Itália e partiu depois para o Oriente, onde viveu como eremita no deserto da Síria, onde se entregou a rudes mortificações e à lição dos livros sagrados. Ordenado presbítero em Antioquia, iniciou-se em Constantinopla nos estudos das obras escrituras de Orígenes, e regressou a Roma. Secretário ao mesmo tempo de São Dâmaso e diretor espiritual de grande nomeada, determinou retirar-se definitivamente para a Palestina. Fundou dois mosteiros em Belém, coadjuvado por Santa Paula e pela filha desta, Santa Estóquia, que assumiram sucessivamente o governo do mosteiro das mulheres, enquanto ele dirigiu o dos homens. Morreu nonagenário anos em 419 ou 420. Os seus restos mortais descansam em Roma na basílica de Santa Maria Maior. São Jerônimo traduziu a bíblia e fixou em grande parte a do texto latino da Vulgata, que a Santa Igreja adotou como versão oficial. A sua grande sabedoria, os seus grandes comentários sob à Sagrada Escritura e o vigor com que combateu as heresias de seu tempo mereceram o título de Doutor.



sábado, 29 de setembro de 2007

29 DE SETEMBRO, DEDICAÇÃO DE SÃO MIGUEL, ARCANJO

Roma consagrou mais 10 santuários dedicados ao culto do Arcanjo São Miguel. A feste de hoje é a mais antiga de Arcanjo. Comemora-se a dedicação do antigo santuário consagrado a São Miguel nos subúrbios de Roma, as sete milhas da Via Salária. A Missa composta para aquela festa é atualmente a missa do 18º domingo depois de pentecostes, que se reporta a uma dedicação de igreja.


Miguel quer dizer: "Quem como Deus?", recorda-nos o combate que se travou no Céu entre o Arcanjo de Deus, príncipe da milícia celeste, e o Demônio. A batalha que aí então começou, continua ainda depois da rebelião de Lúcifer, e há de continuar até o fim dos tempos. Nesta luta terrível entre as potências do bem e do mal, está de um lado Jesus Cristo e seus aliados, São Miguel e os Anjos, a Igreja e os Santos; do outro lado, satanás com os demônios e seus aliados.



Andamos pessoalmente envolvidos em contenda. Peçamos humildemente ao poderoso Arcanjo que nos guie e nos livre de perecer no dia do juízo final. Quando deste mundo sai uma alma, a Santa Igreja pede que o porta-estandarte São Miguel a introduza na luz Céu. Daqui nasceu o costume de representar São Miguel segurando uma Balança divina em que as almas devem ser pesadas. São Miguel também preside o culto de adoração que se deve tributar a Deus. Viu-o São João no Céu diante do altar, agitando o incenso que se evolava em perfume, juntamente com as orações dos Santos. O nome de São Miguel vem no Confíteor a seguir do nome de Maria Santíssima que é considerada a Rainha dos Anjos. Foi considerado patrono da Sinagoga e agora continua sendo patrono da Igreja Universal que sucedeu aquela.



São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso guarda contra a maldade e as ciladas do Demônio. Instantemente e humildemente vos pedimos que Deus sobre ele impere; e vós, príncipe da milícia celeste, com o poder divino, precipitai ao inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas. Amém



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

SÁBADO DAS QUATRO TÊMPORAS DE SETEMBRO




No dia 15 do sétimo mês do ano, os judeus celebravam a festa dos tabernáculos, precedida das expiações em que o Sumo Sacerdotes, havendo-se previamente purificado na fonte que esteve em frente ao santuário, penetrava com o sangue das vítimas no Santo dos santos e orava junto do propiciatório. O sábado das têmporas de Setembro, que outrora era o sétimo mês do ano, recorda esta dupla festa de penitência e alegria. Os profetas Miqueias, Zacarias e Daniel que se lê hoje, fala-nos do perdão que Deus nunca nega os que procuram lavar-se da mácula do pecado e imploram nas contingências, uma vez ou outra da vida, a sua proteção. A Epístola da missa de hoje (Heb. 9 2,12), mostra a nova aliança que Jesus estabeleceu entre Deus e as almas penitentes, oferecendo no verdadeiro Santo dos santos, quer dizer no Céu, o sangue fecundo que derramou no calvário. E o Evangelho de hoje (Lc 13,6-17), quer nos lembrar o milagre que o Senhor operou libertando aquela mulher das garras do demônio, diz bem os que são os sacerdotes no desempenho do seu altíssimo ministério. Por isso essa missa pode ser utilizada muito bem num dia de ordenações.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Teologia Ascética e Mística: Ilusões dos principiantes acerca das consolações


Geralmente Deus, na sua bondade, concede consolações sensíveis aos principiantes, para os atrair ao seu serviço; depois, priva-os dela por um determinado tempo, a fim de os provar e os confirmar nas virtudes. Ora, há alguns que se julgam a chegados a certo grau de santidade, quando possuem muitas consolações; mas, se estas vem a desaparecer, dando lugar as securas e aridez espiritual, este logo se imaginam perdidos. Importa, pois, a fim de prevenir juntamente a presunção e o desalento, explicar-lhes a verdadeira doutrina sobre as consolações e as securas.





As consolações sensíveis são emoções suaves que afetam a sensibilidade e fazem experimentar certa alegria sentida. Então, dilata-se o coração, batendo com mais viveza, circula com mais rapidez o sangue, inflama-se o rosto, enternece-se a voz e exterioriza-se às vezes em lágrimas estas alegrias. Distinguem-se das consolações espirituais, concedida geralmente às almas em progresso, consolações de ordem superior que atuam sobre a inteligência iluminando-a, e sobre a vontade, atraindo-a à oração e a virtude. Muitas vezes, é claro, há uma certa combinação de ambas; o que vamos dizer pode-se aplicar tanto a umas como a outras.



Das três fontes pode brotar estas consolações:






  1. De Deus, que procede para conosco como a mãe para seus filhos, atraindo-nos para si por meio das suavidades que nos faz encontrar em seu serviço, a fim de nos desprender mais facilmente dos falsos prazeres do mundo.



  2. Do demônio, que, atuando sobre o sistema nervoso, a imaginação e a sensibilidade, pode produzir certas emoções sensíveis, de que em seguida se servirá para impelir a alma a austeridade indiscreta, à vaidade, à presunção, seguida bem depressa de desalento.



  3. Da própria natureza: há temperamentos imaginados, emotivos, otimistas, que, dando-se à piedade, nela encontram naturalmente pasto para a sensibilidade.


As consolações oferecem indubitavelmente as suas vantagens:



Facilitam o conhecimento de Deus: a imaginação, auxiliada pela graça, compraz-se em representar as amabilidades divinas, o coração saboreia-as; e então a alma sente gosto na oração e em longas meditações, e compreende melhor a bondade de Deus.



Contribuem para fortalecer a vontade: esta, não encontrando já, nas faculdades inferiores, obstáculos, antes pelo contrário auxiliares preciosos, desprende-se facilmente das criaturas, ama a Deus com maior ardor e toma enérgicas soluções que mais facilmente observa, graças aos auxílios alcançados pela oração; amando a Deus de modo sensível, suporta generosamente os pequenos sacrifícios de cada dia, impondo-se até voluntariamente algumas mortificações.



Ajudam-nos a contrair hábitos de recolhimento, oração, obediência, amor a Deus que até certo ponto perseverarão, depois de desaparecidas as consolações.



Tem, contudo, também os seus perigos estas consolações:



Provocam uma espécie de gula espiritual, que faz que a alma se prenda mais às consolações de Deus do que ao Deus das consolações, a tal ponto que, mal desaparecem, logo se descuram os exercícios e os deveres de estado. Até o momento em que delas desfrutam essas almas, está longe de ser sólida a sua devoção: quantas vezes, sobre uma torrente de lágrimas sobre a paixão de Nosso Salvador, lhe recusam o sacrifício de tal amizade sensível, de tal privação! Ora, não há virtude sólida senão quando o amor de Deus vai até o sacrifício inclusivamente: "Há muitas almas que tem destas ternuras e consolações, e nem por isso deixam de ser muito viciosas; e por conseguinte não tem verdadeiro amor de Deus nem muito menos verdadeira devoção" (São Francisco de Sales, Vie devóte, IV).



Favorecem muitas vezes a soberba sob uma ou outra forma: 1) a vã complacência em si mesmo: quando um sente consolação e facilidade na oração, crê facilmente que já é santo, sendo que não passa ainda de noviço da perfeição; 2) Vaidade: sente-se o homem enorme desejo de falar aos outros destas consolações (na forma de testemunho), para se dar importância; e então muitas vezes Deus o priva dessas consolações por tempo notável; 3) a presunção: jugando-se forte, invencível, expõe-se por vezes ao perigo ou ao menos começa a repousar, quando seria necessário dobrar os esforços para avançar.



Para se tirar proveito das consolações divinas e escapar aos perigos que acabamos de assinalar, eis as regras que devemos seguir:






  1. Não há dúvida que se deve pedir e desejar as consolações condicionalmente, com a intenção de as utilizar somente para amar a Deus e cumprir sua santa vontade.



  2. Quando nos são dadas estas consolações, recebamo-las como gratidão e humildade, reconhecendo-nos indignos delas e atribuindo tudo a Deus.



  3. Tendo-as recebido com humildade, empreguemo-las cuidadosamente segundo a intenção daquele que no-las dá. Ora Deus concede-no-las, diz São Francisco de Sales, "para nos fazer suaves para com todos e amorosos para com Ele".



  4. Havemos, enfim, de nos persuadir que estas consolações não durarão para sempre, e pedir a Deus humildemente a graça de servi-lo na secura espiritual, quando ela no-la quiser enviar. E, entretanto, ao invés de querermos prolongar com esforço de cabeça estas consolações, o que importa é moderá-las e unir-nos fortemente ao Deus das consolações.



(Fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - Apostolado da Imprensa - 1961)

6ª FEIRA DAS QUATRO TEMPORAS DE SETEMBRO

A leitura de Oséias recorda-nos as palavras que este profeta dirigiu a Israel: "Converte-te, Israel, ao teu Deus e Senhor, porque te perderes por causa da sua iniqüidade" e a promessa que o Senhor afastará a sua ira dos israelitas se fizerem penitência. Uma formosa colheita de azeite, de vinho e de trigo, os produtos da estação outonal (hemisfério norte), consagrados ao Senhor nas têmporas de Setembro, são os símbolos das promessas que Deus, fez ao povo, de abundantes bênçãos. E o que Deus fez com Israel penitente, fez o Salvador com Maria Madalena, a quem muito foi perdoado porque muito amou.



Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Catecismo Online: "E foi concebido pelo poder do Espírito Santo, no seio de Maria Virgem".(Parte II)

Agora vamos nos profundar melhor sobre a encarnação do Verbo que em muita das vezes se vê acompanhado de dúvidas. As heresias são muitas e causa uma enorme confusão sobre tal mistério. Vejamos então a continuação desta segunda parte que trata sobre a Encarnação de Cristo na terra.


Verifica-se, neste mistério, que alguns elementos superam a ordem da natureza, e que outros lhe são conformes. Cremos que o Corpo de Cristo se formou do puríssimo sangue da Virgem Sua Mãe, e nisso reconhecemos uma operação da natureza humana. É comum que todo corpo humano se forme de sangue materno.


Mas o que ultrapassa a ordem natural das coisas, e supera a força de nossa inteligência, é o fato seguinte: No instante de consentir a bem-aventurada Virgem as palavras do anjo, declarando: "Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim a vossa palavra", - Logo começou formar-se o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual se uniu uma alma dotada de inteligência, de sorte que, no mesmo instante, o Deus perfeito se tornou homem perfeito.


Ninguém pode duvidar que essa foi uma nova e admirável ação do Espírito Santo, pois segundo a ordem natural a alma humana não pode informar nenhum corpo, senão em certo lapso de tempo¹.


Acresce ainda outro fato, digno de maior admiração. Tanto que a alma se uniu ao corpo, a própria divindade uniu-se também ao corpo e à alma. Por conseguinte, logo que o corpo foi formado e animado, a Divindade ficou ligada tanto a alma como ao corpo.


Daí se segue que, no mesmo instante, Deus perfeito veio a ser perfeito homem; e que a Santíssima Virgem pode, verdadeira e propriamente, ser chamada Mãe de Deus, porque no mesmo instante concebia a Deus e ao Homem.


E o que lhe foi significado, quando o Anjo lhe dissera: "Eis que conceberás no teu seio, e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Este será grande, e chamar-se-á filho do Altíssimo". E por este fato realizou-se a profecia de Isaías: "Eis que uma Virgem conceberá e darás à Luz um filho" (Is. 7,14).


Mas, como acabamos de dizer, o Corpo de Cristo se formou do puríssimo sangue de Maria toda imaculada, sem nenhuma interferência de homem, mas unicamente pela virtude do Espírito Santo.


Assim também sua alma recebeu, desde o primeiro instante da conceição, a mais rica abundância do Espírito Santo e de toda a plenitude de carismas. Segundo o testemunho de São João, "Deus não lhe dá o Espírito por medida", como aos outros homens, aos quais reveste de graça e santidade, mas infundiu-lhe na alma todas as graças com tanta profusão, que "de Sua plenitude todos nós recebemos" (Jo 1,16).


No entanto, Cristo não pode ser chamado de filho adotivo de Deus, ainda que teve aquele Espírito, pelo qual os homens justificados conseguem a adoção de filhos de Deus. Sendo Filho de Deus por natureza, deve crer-se que de modo algum lhe cabe a graça de adoção, nem o título de Filho adotivo.


São estas as explicações que, em nosso sentir, devíamos dar a propósito do admirável mistério da Encarnação. Para delas tirar frutos salutares, devem os fiéis antes de tudo recordar, e muitas vezes meditar, de coração, os pontos seguintes:


É Deus Aquele que assumiu a carne humana. Fez-se homem por uma via que nossa razão não alcança, e que nossa linguagem não pode muito menos exprimir. Fez-se Homem, enfim, porque queria que nós homens renascêssemos como filhos de Deus.


Após atenta consideração destas verdades, os fiéis devem crer e adotar, com espírito crente e humilde, todos os mistérios contidos no presente artigo. Mas não se ponham a inquiri-los e esquadrinhá-los por mera curiosidade. Tal pretensão quase nunca deixa de ter os seus perigos.


1- Alude a doutrina defendida por São Tomás de Aquino, que no embrião admite três almas sucessivas, primeiro a vegetativa, depois a animal, por último a racional. Sustentam-na ainda, como provável, o Cardeal Mercier e poucos autores modernos. Na atualidade a maioria dos filósofos adotam uma forma de pensamento diferente dos Escolásticos medievais. Segundo a qual a alma racional é infundida desde o momento da concepção.


(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)

domingo, 23 de setembro de 2007

4º FEIRA DAS QUATRO TÊMPORAS DE SETEMBRO

As quatro têmporas tratam-se, de tempos litúrgicos aos quais a Igreja dedica a penitência, a oração e a esmola. Provavelmente relacionada ao trabalho dos homens no campos, que tinham suas vidas mudadas de acordo com as Estações do Ano. Acredita-se que teriam surgido com a cristianização da Europa pagã por volta dos séculos III e IV. O Papa Gregório fixou as Têmporas da seguinte forma:




  • 3ª Semana do Advento (Têmporas do Advento)


  • 1ª Semana da quaresma (Têmporas da Quaresma)


  • Semana de Pentecostes (Têmporas de Pentecostes)


  • Semana do 17º Domingo depois de Pentecostes (Têmporas de Setembro)
Para termos uma noção mais simplificada sobre as têmporas, seria basicamente uma miniquaresma durante quatro vezes ao ano. Nesse período dedicamos nossas práticas de piedade pedindo perdão pelos pecados cometidos e em ação de graças pelos dons concedidos por ele a nós.






O profeta Amós tinha anunciado a destruição de Jerusalém e a sua próxima reedificação. Com efeito Nenemias reconduziu as tribos de babilônia e fez reconstruir a cidade. Quando acabaram os trabalhos, reuniu todo o povo no primeiro dia do sétimo mês e disse-lhes: Este é o dia do Senhor. Não vos contristeis, pois, porque a alegria do Senhor é a nossa fortaleza. A quarta-feira das têmporas de Setembro, que era outrora o sétimo mês do ano, recorda-nos o faustoso acontecimento da restauração de Jerusalém, na volta do cativeiro, que é a figura da nossa reconstrução em Deus por Jesus Cristo. E este júbilo de resgate anda unido com o recolhimento e a penitência com a cor roxa dos paramentos o denuncia. A Igreja hoje nos convida ao jejum e a oração para dominarmos por este meio o espírito da impureza e encontrarmos a misericórdia divina o remédio para as nossas faltas.







Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

Liturgia: O altar (Acessórios do Altar - Parte II)

Para concluirmos com o fim deste módulo no qual estamos tratando sobre o altar e seus acessórios, hoje falaremos sobre os componentes do altar e outras partes que constituem a igreja.


Os acessório prontamente ditos, isto é, tudo que é parte integrante do altar, suas guarnições e as dependências do altar, em prol do culto divino. Os acessórios são: os degraus, as banquetas, o retábulo e o tabernáculo.



Os degraus: Qualquer altar deve ter, pelo menos, um degrau. Quanto ao altar-mor, convém que haja três. Seu significado vai além da hierarquia superior que oferece o santo sacrifício, como também por ser a parte mais elevada da igreja, já que por meio do altar se oferece a Deus o santo sacrifício.


Banquetas: São também degraus, em número de dois ou somente um, ao modo de prateleira, situados atrás do altar e nos quais se colocam os castiçais, os relicários, as estátuas e os ramos de flores.
O Retábulo (do latim, retro e tabula): A princípio era consoante a etimologia, uma segunda mesa atrás do tabuleiro do altar e fazendo de estante para receber os castiçais e demais adornos da igreja. Até o século XIV, não se prendia ao altar, para não esconder a cadeira episcopal que era colocada ao fundo da abside. Depois, só fizeram retábulos fixos, para cuja construção laçaram mão dos materiais mais preciosos.
O Tabernáculo: É o mais importante dos acessórios do altar. Nem por isso deixa de ser acessório, isto é, dispensável. Nem todos os altares terão tabernáculos, e na origem nenhum possuía. Os padres da Igreja e até simples fiéis levavam para casa e ali guardavam a Santíssima Eucaristia. A ela destinavam um armário adornado e fechado, no qual deixavam o pequenino cofre com a partícula sagrada. Mais tarde, conservava-se as Santas espécies no sacrarium, ou armário colocado perto do altar, ou também em torres móveis que se conduziam habitualmente à sacristia, trazendo-se ao altar só na hora da comunhão dos fiéis. Já no século XII, em muitas igrejas catedrais e conventuais, se guardava a Santíssima Eucaristia, quer numa pomba, quer numa caixinha de ouro ou prata, suspensa no ciborium. No século XVI é que os armários e suspensões foram substituídos pelo tabernáculo, desde então fazem parte do altar.

Segundo a rubrica da Igreja, é preciso que o tabernáculo seja forrado, inteiramente, com pano de seda branca e envolvido, exteriormente, por uma cortina chamada conopeu ou pavilhão; este acessório é sinal de veneração e nos recorda a presença do Senhor ao despertar a devoção dos fiéis.

Agora falaremos sobre as guarnições do altar, que nada mais são: as toalhas, o antipendium, a cruz e os castiçais. Também iremos abordar sobre as guarnições do altar que são: A credência, a mesa da comunhão e a lâmpada do Santíssimo.



As toalhas: Haverá para cobrir o altar, três toalhas (uma, dobrando-se, pode servir por duas). Tem por fim absolver o Preciosíssimo Sangue caso caísse por acidente, pois os panos são de purificação mais fácil que a pedra. As toalhas devem ser cânhamo¹ ou linho (lembrando que o Santo corpo de Nosso Senhor após sua morte, foi envolto em linho puro). O bispo, ou quem ele delegar, é que benze as toalhas.



Antipendium ou frontal: A rubrica encarece, se bem que não o importa, o frontal na frente do altar. A benção deste adorno não é obrigatória.



A Cruz: A rubrica preceitua que se coloque no altar um crucifixo, para nos recordar que o santo Sacrifício da Missa é o mesmo sacrifício do Calvário.



Luzes: O emprego das luzes é muito antigo. Encontramo-lo no Antigo Testamento. Nas origens do cristianismo, era mesmo absolutamente necessário o uso de velas, porque nada se via nas galerias subterrâneas das Catacumbas, onde se realizavam os atos de culto. Mas isso não tirava a demonstração de respeito, honra e deferência, que as luzes constituíam. Assim como se levavam tochas adiante dos príncipes, para manifestar profundo acatamento, era necessário e bastante conveniente que fulgurassem os círios diante do Príncipe dos príncipes, Nosso Senhor Jesus Cristo.



A princípio os castiçais eram postos em qualquer lugar do templo. Desde o século XII, começaram a serem postos em estantes e nas banquetas do altar. Os círios representam a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tem que ser feitos de cera de abelha, não de sebo ou de outra composição qualquer (não é bem isso que fazem hoje em dia).



A Credência: É uma mesinha que fica a direita do altar, para que nela sejam depositados os objetos que serão utilizados nas cerimônias da missa: galhetas, prato para as abluções, e nas missas solenes o livro dos evangelhos, o cálice preparado e o véu umeral.



A mesa da Comunhão: trata-se de uma grade que separa o presbitério da nave da Igreja e que fica coberto de toalhas, ao pé da qual se ajoelham os fiéis, para receberem a comunhão. Na sua origem era uma mesa retangular, com cerca de 30 centímetro de largura.



Lâmpada do Santíssimo: É prescrição rigorosa conservá-la acesa, sem nenhuma interrupção, ao menos uma lâmpada no interior do santuário diante do altar onde reside o santíssimo sacramento. O que deve alimentar esta lâmpada é azeite de oliveira; mas o bispo permite que as igrejas pobres utilizem outros tipos de óleos minerais, petróleo e essência de petróleo.



A lâmpada que fica de sentinela e guarda de honra junto a Nosso Senhor simboliza, ao mesmo tempo, Jesus Cristo, luz do mundo, e as três virtudes teologais do católico: fé, esperança e caridade que lhe há de abrasar o coração de amor para com a Hóstia Santa.



1 - Cânhamo: sm. 1.Bot. Planta herbácea da família das canabidáceas [Cannabis sativa (v. cânabis], amplamente cultivada em muitas partes do mundo. As folhas são finamente recortadas em segmentos lineares; as flores, unissexuais e inconspícuas, têm pêlos granulosos que, nas femininas, segregam uma resina; o caule possui fibras industrialmente importantes, conhecidas como cânhamo; e a resina tem propriedades estupefacientes (v. maconha e haxixe). [Sin.: cânave, cânhamo-da-índia e maconha.] 2.Fibra, fio ou tecido de cânhamo. 3.Bot. Designação comum a várias plantas têxteis.



Resumo




  • O Altar é constituído de acessórios, guarnições e suas dependências que visam o aproveitamento e enriquecimento do culto divino.


  • Os degraus, as banquetas, o retábulo e o tabernáculo constituem os acessórios do altar, como o nome em si diz são partes integrantes do altar mas de caráter dispensáveis.


  • A Cruz, as luzes, as toalhas e o antipendium constituem as guarnições do altar.



  • As dependências do altar são: a credência, a mesa da comunhão e a lâmpada do santíssimo.



  • Todos os objetos de uso litúrgico apresentados foram se desenvolvendo ao longo da história da Igreja com finalidade de promover o culto a Deus e desenvolver a piedade dos fiéis.

17º Domingo depois de Pentecostes: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Ev.)



A história de Tobias no Antigo testamento, coincide freqüentemente com este domingo. Julgamos conveniente estudá-la para estabelecer conforme o nosso plano a íntima união que existe e que muitas vezes se não nota entre o Breviário e o Missal.


Tobias terá vivido no tempo de Salmanasar pelos fins do século VIII antes de Cristo, ao tempo das deportações dos israelitas do Norte para a Síria. Foi homem pobre, observava todas as coisas em conformidade com a lei de Deus. Porém depois que chegou à idade varonil casou-se com Ana, mulher da sua tribo, e teve dela um filho, a quem deu o seu nome e ensinou desde a infância a temer a Deus e a abster-se do pecado. Levado cativo para Nínive, Tobias não esqueceu o nome do Senhor e visitando os seus irmãos de auxílio e de raça, dava-lhes salutares conselhos e distribuía com eles do seu pouco.


Dava de comer aos famintos, vestia os nus e sepultava com paternal solicitude os que morriam enfermos ou ao cutelo do tirano. "E Deus para acrescentar a sua coroa e dar aos homens um nobre exemplo de paciência e de fidelidade, quis que ele cegasse já no fim de seus dias. Continuou na lei do Senhor e não se contristou nem revoltou-se contra Deus por causa da chaga com que o feriu, mas ficou imóvel no temor do Senhor, dando graças a Deus todos os dias da sua vida".


Somos filhos de Santos, dizia, e esperamos a vida de que Deus prometeu aos que põem nele a sua esperança. E como a esposa o insultasse, Tobias gemeu dentro de sua alma e orou ao Senhor quase pelas palavras do intróito de hoje: "Meu filho, guarda no teu coração o nome do Senhor e foge de consentires no pecado. Dá esmola do que tens e não desvies a tua face do que tem fome. Faz todo o bem que puderes. O que não queres que te faça, livra-te de fazê-lo a alguém". Em resumo, o amor de Deus e do próximo, na sua realização magnífica, tal como a Epístola e o Evangelho de hoje no-la aconselha. Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu coração e ao próximo como a ti mesmo. Praticai em tudo a humildade, a mansidão e a paciência. Sofrei-vos mutuamente e sede solícitos em vos conservar unidos nos vínculos da paz. Praticando estes sapientíssimos conselhos podemos exclamar um dia com o velho Tobias ao recobrar a vista do corpo: "Ó Jerusalém, tu hás de brilhar com os astros e todas as nações virão adorar dentro dos teus muros o Deus de Israel. As tuas praças serão pavimentadas de pedras preciosas e nas tuas ruas ressoará para sempre o Aleluia eterno". Assim é a Jerusalém Celeste e o Reino de Deus na Terra, a Igreja Católica, Apostólica, Romana. "Quem a abençoar será bendito." Todos são chamados a formar nela um só corpo, animado dum só espírito, que é o mesmo Espírito Santo que lhe foi infundida no dia de pentecostes. "Todos temos a mesma esperança, a mesma fé e o mesmo batismo".


Evangelho de Domingo:


Continuação do Santo Evangelho segundo São Mateus: Naquele tempo: foram ter com Jesus os fariseus e um deles, doutor da lei, tentando-o, perguntou-lhe: Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Jesus disse-lhes: Amarás o Senhor de todo o teu coração e de toda a tua alma, e de todo o teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Deste dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. E, estando junto dos fariseus, Jesus interrogou-os, dizendo: que vos parece o Cristo? De quem ele é filho? Responderam-lhe: de Davi. Jesus disse-lhes: Como pois lhe chama Davi, em espírito, Senhor, dizendo: Senta-te à minha mão direita até que ponha os inimigos teus por escabelo de teus pés? Se pois Davi o chama Senhor, como pode ser ele seu filho? E ninguém podia responder-lhe uma só palavra; e daquele dia então não houve mais quem ousasse interrogá-lo.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Teologia Ascética e Mística: Como proceder na tentação

Para triunfar nas tentações e fazê-las servir ao bem espiritual da nossa alma, três coisas principais se devem observar: 1º prevenir a tentação; 2º Combate-la vigorosamente; 3º agradecer a Deus depois da vitória, ou levantar-se depois da queda.


1º Prevenir a Tentação - Conhecemos o provérbio: Mais vale prevenir do que remediar; é o que aconselha a sabedoria cristã. Quando Cristo Nosso Senhor conduziu os três Apóstolos ao Jardim das Oliveiras, disse-lhes: "Vigiai e orai, para não cairdes em tentação: vigilate et orate ut non intretis in tentationem" (Mt 24, 41). Vigilância e oração eis os dois grandes meios de prevenir a tentação.


Vigiar é estar de atalaia em torno da própria alma, para não se deixar colher de sobressalto. E é tão fácil sucumbir num momento de surpresa! Esta vigilância implica duas disposições principais: desconfiar de si mesmo e confiar em Deus.


É, pois, necessário evitar a presunção orgulhosa que nos lança para o meio dos perigos, a pretexto de que somos assaz fortes para deles triunfar. Foi o pecado de São Pedro que, no momento em que Jesus predizia da fuga dos Apóstolos, exclamava: "Ainda quando para todos uma ocasião de queda, para mim nunca o sereis" (Mc. 14, 29). Reflitamos pelo contrário, que aquele que julga estar de pé deve ter cuidado, para não cair, porque, se espírito está pronto, a carne é fraca, e segurança não se encontra senão na desconfiança humilde da própria fraqueza.


A vigilância é preciso ajuntar a oração, que, colocando a Deus do nosso lado, nos torna invencíveis. Afinal, Deus acha-se interessado em nossa vitória, porque é a ele que o Demônio quer atingir em nossa pessoa, é a sua obra que ele quer destruir em nós; podemos invocá-lo com santa confiança, seguros de que ele nada mais deseja do que nos socorrer. Contra a tentação é boa toda a oração: vocal ou mental, privada ou pública, sob forma de adoração ou de petição. É bom, sobretudo nas horas de paz, orar para o tempo da tentação. No momento em que esta se apresenta, não há mais então elevar rapidamente o coração a Deus, para resistirmos com mais vigor.


2º Resistir à tentação - Esta resistência será diversas conforme a natureza das tentações. Há umas que são freqüentes, mas poucos graves: para essas a melhor tática é o desprezo, como tão bem explica São Francisco de Sales: "Quanto a essas pequenas tentações de vaidade, suspeitas, tristezas, ciúme, inveja, e outras semelhantes a ninharias, que, como moscas e mosquitos, nos andam passando diante dos olhos, e umas vezes nos picam na face, outra no nariz... a melhor resistência que podemos fazer é não nos afligirmos: porque nada disto nos pode causar dano, ainda que nos pode enfadar, contanto que tenhamos firmes resoluções de querer servir a Deus. Desprezai, pois, estes pequenos assaltos e não vos ponhais nem sequer a considerar o que querem dizer; deixai-os unir à roda dos ouvidos, quando quiserem.. como se faz com as moscas".


Prontamente, sem discutir com o inimigo, sem hesitação alguma: ao princípio, como a tentação não firmou ainda o pé solidamente em nossa alma, é bastante fácil rechaçá-la; se esperarmos que lance raízes na alma será muito mais difícil. Energicamente, não com moleza e como de má vontade, o que parecia convidar a tentação a voltar; mas com força e vigor, testemunhando o horror que tal proposição nos causa. "Arreda, Satanás, afasta-te Satanás". É, porém, diversas as táticas que se deve empregar segundo o gênero de tentações. Se se trata de prazeres atraentes, é necessário afastar-se e fugir, aplicando fortemente a atenção a um assunto diferente, que nos possa absolver o espírito; a resistência direta não faria nada senão aumentar o perigo. Se a tentação é repugnância em cumprir o próprio dever, antipatia, ódio, respeito humano, o melhor é muitas das vezes afrontar a tentação, considerar francamente a dificuldade, de rosto, e apelar para os princípios da fé, para dela triunfar.


Com constância é que as vezes a tentação, vencida por um instante, volta com novo furor, e o demônio reconduz do deserto sete espíritos piores do que ele. E, com humildade, é ela, efetivamente, que atrai a graça, e a graça é que nos dá a vitória. O demônio, que pecou por orgulho, foge diante dum ato sincero de humildade, e a tríplice concupiscência, que tira a sua força da soberba, é facilmente vencida, quando, por assim dizer, a decapitamos pela humildade.


3º Após a tentação - É necessário evitar minucioso exame sobre se consentimos ou não: esta imprudência poderia fazer voltar a tentação e criar novamente o perigo. E depois, é muito fácil ver, pelo testemunho da consciência, sem profundo exame, se ficamos vitoriosos.


Se tivermos a felicidade de triunfar, demos graças a Deus de todo o coração, já que ele é o autor da vitória. Trata-se de um dever de gratidão e o melhor meio de obter novas mercês em tempos oportunos. Como nota com razão disse Santo Agostinho, os que assim se deixam levar, tornam-se mais humildes com as quedas, mais prudentes e mais fervorosos.


(fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - Ed. Apostolado da Imprensa - 1961)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Catecismo Online:"O qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem."

Das explicações dadas no artigo anterior, podem os fiéis deduzir como é grande e singular o benefício que Deus fez ao gênero humano, por nos livrar da escravidão do mais cruel dos tiranos, por nos restituir a liberdade. Mas, atentando no plano e nos meios que Deus quis empregar para nossa libertação, nada podemos conceber de mais grandioso, nem de mais brilhante, do que a bondade e munificência de Deus para conosco.


O que prova, claramente, ser este o sentido destas palavras, é a profissão de fé do Sagrado Concílio de Constantinopla: "O qual desceu dos Céus, por amor de nós homens, e por causa de nossa salvação, encarnou de Maria Virgem por obra do Espírito Santo, e fez-se homem.


Assim também explicou São João Evangelista que, ao peito do próprio Senhor e Salvador, havia haurido o conhecimento deste profundo mistério. Depois de ter explicado a natureza do Verbo Divino com as palavras: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus"; Conclui por fim: "E o verbo se fez carne e habitou entre nós"(Jo 1,1 e 14).





O verbo, que é pessoa de natureza divina, assumiu de tal forma a natureza humana que a pessoa e hipóstase das naturezas humana e a divina é uma e a mesma.

Daí resultou que, nessa admirável união, se conservaram as operações e propriedades de uma e outra natureza. Na frase do célebre pontífice São Leão Magno, "nem a glória da natureza superior destruiu a inferior, nem a elevação da natureza inferior diminuiu a dignidade da superior".

Quando dizemos que o filho de Deus foi concebido por obra do Espírito Santo, não afirmamos que esta pessoa da Santíssima Trindade consumou sozinha o mistério da Encarnação. Ainda que só o filho assumiu a natureza humana, nem por isso deixa de ser um dos autores deste mesmo mistério. Todas as três pessoas da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo são participantes na autoria deste mistério.

Em geral, devemos ter como norma de fé cristã: Tudo o que Deus opera fora de si nas criaturas é obra comum das três Pessoas. Uma não opera mais do que a outra, nem uma sem a outra.


A única coisa que não pode ser comum a todas as pessoas é o modo de proceder uma da outra. Com efeito, só o filho é gerado pelo Pai; o Espírito procede do Pai e do Filho.


Tudo porém o que operam para fora é obra comum das três pessoas, sem diferença alguma. A esta espécie de operação pertence a Encarnação do Filho de Deus.


Apesar disso, a Sagrada Escritura, costuma dar coisas que são comuns das três Pessoas, atribuir umas a esta pessoa, e outras aquela, como por exemplo ao Pai o supremo poder sobre todas as coisas, ao Filho a sabedoria, e ao amor ao Espírito Santo.


Como o mistério da Encarnação de Deus nos revela a singular e imensa benignidade de Deus para conosco, é por este motivo que, de modo particular, atribuímos esta operação ao Espírito Santo.


(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Liturgia: O altar (Alfaias da Igreja - parte I)


Constituem as alfaias da Igreja: o altar com os respectivos acessórios, o púlpito, os confessionários, o órgão e os sinos.


O Altar de modo geral, é um monumento de pedra ou de madeira, em que se celebra o santo sacrifício da Missa.

Distingue-se: - a) o altar imóvel ou fixo, e - b) o altar móvel ou portátil. Aquele consta de um tabuleiro inteiriço, que assente em suportes que formam com ele uma só peça. Este conjunto deve ser consagrado pelo bispo. O portátil é uma simples pedra que se encaixa no tabuleiro do altar. A pedra sagrada, em que estão esculpidas cinco cruzes, em memória das cincos chagas de Nosso Senhor, deve ter dimensões suficientes para receber a hóstia e a maior parte da base do cálice. É absolutamente necessária para a celebração da missa. Esta é lícita mesmo fora do lugar santo, como muitas das vezes missionários, capelães de exércitos nos campos as utilizam para as celebrações; Porém nunca sem a pedra da ara. Altares móveis, desde que encerrem uma pedra dessas, serão feitos de qualquer matéria: madeira, tijolos, mármores, metais, etc.

Na lei antiga, o primeiro altar que a sagrada escritura menciona, é o feito pelo patriarca Noé, que após o dilúvio ofereceu a Deus um sacrifício, ao sair da Arca (Gen 8,20). Quando foi da libertação dos no cativeiro do Egito, Moisés ergueu dois altares; . O altar dos holocaustos, no qual eram imoladas as vítimas oferecidas a Deus, e . o altar dos perfumes, no qual o sacerdote apresentava todos os dias, pela manhã e pela tarde, perfumes de composição especial. Estes dois altares, como aliás o próprio tabernáculo, eram portáteis. Nos primórdios do Cristianismo, os altares não passavam de mesas vulgares de madeira, como a do cenáculo, no qual Nosso Senhor havia instituído a eucaristia. Nas catacumbas, celebrava-se a missa no túmulo dos mártires. A Igreja queria associar, desta forma, o sacrifício de Jesus aos das vítimas que tinham sido imoladas porque confessava a fé católica. Passadas as perseguições a Igreja conserva esta piedosa tradição de celebrar a missa piedosamente sobre as relíquias dos mártires. É para preservar a memória dos primitivos altares que atualmente estes são feitos em forma de túmulos ou de simples mesa, ou em ambas as formas.

O altar tem que ser consagrado pelo bispo. Nenhum altar poderia ser consagrado, se não encerrasse relíquias depositadas numa pequena cavidade chamada túmulo ou sepulcro. Para que as relíquias recebam culto público nas Igrejas, é preciso terem sido reconhecidas como autênticas pelos poderes competentes. O vigário geral poderia fazê-lo, se tivesse para tanto uma declaração particular.

Como a Igreja, o altar pode perder a consagração, quando o tabuleiro sofrer estrago notável ou quando a pedra tumular for quebrada ficando sem as suas relíquias. A profanação das Igrejas envolve a dos altares fixos; não, porém, a das pedras consagradas. Na próxima semana falaremos sobre os acessórios do altar.

domingo, 16 de setembro de 2007

16º Domingo depois de pentecostes: "Tomando este homem pela mão, Ele o curou."(Ev)


O ofertório e a comunhão exprimem de maneira surpreendente os sentimentos do grande perseguido da desventura: "Deitai sobre mim o vosso olhar e vinde em meu auxílio. Confundi e humilhai diante de mim todos aqueles que me querem tirar a vida. Senhor, não esquecei a vossa justiça. Vós conduzistes os meus passos desde a juventude. Agora, que estou velho, não me abandoneis Senhor". Deus, diziam os amigos de Jó para encorajá-lo, exalta os humildes e levanta e cura os aflitos de coração. E o evangelho da missa de hoje repete: Todo o que se elevar será humilhado, e todo o que se abaixar, será exaltado.


Deus com efeito, depois de provar Jó com as maiores humilhações, eleva-o novamente e dá-lhe o dobro de tudo quanto anteriormente possuía. Jó é figura de Cristo, que, depois das humilhações no Gólgota, seria exaltado a apoteose da ressurreição. É ainda a figura de todo o cristão, que terá lugar de hora no banquete das núpcias do Cordeiro se na terra praticar com amor e com fé a virtude da humildade. O orgulho, diz São Tomás, é um vício pelo qual o homem se eleva contra razão acima do que realmente é. O orgulho assenta conseqüentemente no erro e na ilusão. A humildade pelo contrário funda se na mesma verdade. É uma virtude que modera os ímpetos da alma e a inibe de se elevar acima do que é. É por isso que o orgulho também se chama soberba. A alma verdadeiramente humilde aceita submissamente o lugar que lhe cabe e que Deus, verdade suprema e infalível, lhe consignou. Humildade nas palavras, nas conversas, nos atos, nas provas, é a humildade genuína que Jó nos ensina e que o Senhor no evangelho de hoje nos aconselha. Vendo como os fariseus escolhiam os primeiros lugares, quis fazer-lhes compreender o mal grave de que estavam tomando e levá-los deste modo a procurar a cura. Curou com efeito primeiramente o hidrópico inflado no mal e procurou depois, velando a lâmina do escalpelo na gaze sutil da parábola, curar a hidropisia espiritual dessas pobres almas cegas e condutoras de cegos. O mundo só se encontra bem na exaltação e na enfatuação permanente do orgulho e esquece-se de que a humildade é a condição indispensável para entrar no reino de Deus.

No dia 14 de setembro último, foi posta em prática a determinação do Sumo pontífice o Papa Bento XVI, que liberava a celebração da missa no rito tradicional, que jamais foi proibido, mas que estava sob a jurisdição episcopal. A partir desta data, então, os padres de todas as dioceses do planeta poderão celebrar a missa nos moldes tradicionais sem nenhuma intervenção de superiores. Uma grande conquista para nós católicos que poderemos desfrutar de tão grande benefício.

Mas uma vez a Imprensa ignorante, não em sua totalidade, mas uma grande maioria, ao expor o assunto referido, denominou a missa tradicional como "missa em Latim". O que demonstra claramente que muitos que trabalham nos órgãos de imprensa são extremamente iletrados ao tratar dos assuntos do catolicismo. Infelicidade deles, que sempre tendenciosos a expor a verdade de maneira manipulada em acordo com seus interesses envolvidos. Prefiro me abster sobre detalhes do que vejo todo dia na televisão, e fazer um apelo aos católicos do mundo, que procurem se aprofundar na fé que dizem pertencer e defender. Procure conhecer o catecismo e os documentos da Igreja, e irão descobrir a imensa riqueza que alguns padres preferem deixar as ocultas. Vivam intensamente a fé, que é única e fruto da razão humana, que acolhe uma verdade revelada diretamente do reino dos Céus, e ignore as mentiras do mundo e de seu pai, o Demônio.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.
3º e 4º Parágrafos: Equipe Blogguer Precioso Depósito

sábado, 15 de setembro de 2007

15 de Setembro, Nossa Senhora das Dores





Maria Santíssima deixa-se ficar de pé junto a cruz de Nosso Senhor, e, como predissera Simeão, "uma de dor atravessara-lhe a alma". Impotente, vira seu filho nas angústias da morte e recolhera-lhe o último suspiro. A dor que lhe ferira, à beira da cruz, o seu coração maternal, merecera-lhe a palma do martírio. Celebrada já no século XVII com grande solenidade pelos servitas, a festa das sete dores de Maria, só em 1817 fora estendida a Igreja Universal, em memória dos sofrimentos que a Santa Igreja padecera na pessoa do Pontífice exilado e detido e depois restituído à liberdade por intercessão da Senhora.




Pio X elevou-a em 1908 a categoria de festa de segunda classe e em 1912 fixou-a a 15 de setembro, oitava da Natividade. Assim como a festa das Sete Dores no tempo da Paixão nos lembra a parte que Maria teve no sacrifício de Jesus, esta no tempo depois de Pentecostes diz-nos, e cuja a devoção as Dores de Maria aumentam nos tempos calamitosos que atravessa.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

14 DE SETEMBRO, FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

A festa de hoje teve por objetivo único a invenção da Santa Cruz, levada a efeito por Santa Helena, e a dedicação das basílicas constantinianas, consagradas a 14 de setembro de 335. Mais tarde porém, além da memória destes acontecimentos dos quais referimos, foi a restituição da Santa Cruz feita pelos persas, que apoderara-se de Jerusalém e da relíquia da Vera Cruz. Quatorze anos mais tarde o imperador Heráclito derrotou Cósroas e exigiu dele a entrega da preciosa relíquia. Entrando em Jerusalém, quis levar ele mesmo a Santa Cruz com grande pompa real para a repor no Calvário, se sentiu preso por uma força invisível que o não deixou prosseguir. Zacarias Bispo de Jerusalém e testemunha presencial do fato, advertiu então: "com tais vestes estais longe de imitar a Jesus Cristo e a humildade com que levou consigo a Cruz". Heráclito despojou-se então das vestes riquíssimas que envergava, descalçou-se, cobriu-se com um manto ordinário e pode sem dificuldade levar a Santa Cruz até o Calvário. A morte do Senhor na cruz foi simultaneamente o seu trunfo e sacrifício. Ele o predissera na véspera da Paixão: "é agora que o príncipe deste mundo será lançado fora: e quando eu me elevar da terra, tudo atrairei a mim".


São Paulo constata-o por seu lado ao salientar que a exaltação de Cristo assenta no sofrimento e tira para nós a conseqüência: "Devemos gloriar-nos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo". Unamo-nos em espírito com os fiéis na Basílica da Santa Cruz de Jerusalém em Roma, que veneram hoje as relíquias da Santa Cruz, em que se operou o mistério da redenção dos homens.




Evangelho do dia:



Continuação do Santo Evangelho segundo São João: Naquele Tempo: Disse Jesus às turbas do Judeus: Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, atrairei tudo a mim. Dizia isto para designar de que morte havia de morrer. Respondeu-lhe a multidão: Nós aprendemos da lei que Cristo permanece eternamente; e como dizes tu que o filho do homem deve ser levantado? Quem é este filho do homem? Respondeu-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo está a luz convosco. Andai enquanto tendes luz, para que não surpreendam as trevas; quem caminha nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz para que sejais filhos da luz.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Catecismo Online: Nosso Senhor

Entre as muitas afirmações na sagrada escritura a respeito de Nosso Salvador, é óbvio reconhecer que umas lhe convém como Deus, outras como homem. Das duas naturezas diversas, ele recebeu as diversas propriedades. Assim dizemos, como todo o acerto, que Cristo é Onipotente, Eterno e Imenso. Estes atributos lhe advêm da natureza divina. Quando dizemos também que sofreu, morreu e ressurgiu, ninguém duvida que tais fatos só podem ser atribuídos a natureza humana.

Mas existem outros atributos que convém a ambas as naturezas, como o nome de Nosso Senhor, que ora lhe damos. Se, portanto, este nome se aplica a uma e outra natureza, é com toda razão que deve ser chamado de Nosso Senhor.


Do mesmo modo que ele é Deus Eterno como o Pai, Assim também é como o Pai, Senhor de todas as coisas. Como ele e o Pai não são dois Deuses distintos, mais inteiramente o mesmo Deus, assim ele e o pai não são dois Senhores diferentes.


Com razão é chamado de Nosso Senhor também em sua condição de homem. Há muitos títulos que o justificam. Em primeiro lugar, por ser nosso Redentor, e nos ter livrados de nossas culpas, recebeu por direito deveras de ser deveras e chamar-se de Nosso Senhor.


E, o que ensina o apóstolo: "Humilhou-se a Si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por essa razão, Deus também o exaltou, e deu-lhe um nome acima de todos os homens, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, dos que estão no Céu, na Terra, e nos Infernos; e toda língua reconheça confessando que Jesus Cristo está na glória de Deus pai". Após a ressurreição, disse de si mesmo: "A mim foi dado todo poder do Céu e da Terra".


E também chamado de Senhor, porque reúne numa só pessoa duas naturezas, a divina e a humana. Ainda que Cristo por nós não morrera, contudo essa admirável união. O terias constituído soberano Senhor de todas as criaturas, em particular dos fiéis que lhe prestam obediência, e que o servem com o maior afeto do coração.


Devemos ter em mente que como fiéis, levando em nós de Cristo o nome de cristãos, não podemos ignorar os imensos benefícios que nos cumulou, máxime e bondade com que, pela luz da fé, nos fez conhecer todos estes mistérios. Convém, pois, com força repeti-lo, que nós - com maior obrigações que outros mortais - para sempre façamos entrega e consagração de nós mesmo a Nosso Senhor e Redentor, na qualidade de escravos totalmente seus.


Na verdade assim à porta da Igreja, quando recebíamos a iniciação do batismo. Ali declaramos que renunciávamos a Satanás e ao mundo, para nos consagrarmos inteiramente a Nosso Senhor Jesus Cristo.


Mas, desde que, para entrar na milícia cristã, nos entregamos a Nosso Senhor, por tão santo e solene compromisso, que castigo não mereceríamos, se, depois de entrar no grêmio da Igreja, depois de conhecer a vontade e os desejos de Deus, depois de receber as graças dos sacramentos, fôssemos viver segundo as normas do mundo e do demônio, como se no dia do batismo nos houvéramos alistado no serviço do mundo e do demônio, que não de Cristo Senhor e Redentor.


Em vista de tanto amor e benignidade para conosco, que coração se não sentiria abrasado de amor por tão grande Senhor? Apesar de nos ter debaixo de seu poder e domínio, como servos remidos pelo seu sangue, Cristo nos ama com tais extremos já não mais chama de servos, mas de amigos e irmãos. Esta é, sem dúvida, a mais justa, e talvez a mais forte de todas as razões porque devemos para todo o sempre reconhecê-lo, venerá-lo, e servi-lo como Nosso Senhor.


(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)

Santíssimo Nome de Maria



Como era de costume entre os judeus, oito dias após a Santíssima Virgem nascer, os seus pais deram-lhe, inspirados por Deus, o nome de Maria. A liturgia, que celebra o Santíssimo nome de Jesus pouco dias após o Santo Natal, instituiu esta festa do Santíssimo Nome de Maria dentro da oitava da Natividade. A Espanha, por aprovação do pontífice, concedida em 1513, foi a primeira a celebrar a festa. Inocêncio XI, em 1683, estendeu-a a Igreja Universal, em ação de graças pela vitória alcançada por João Sobiesk, rei da polônia, sobre os turcos que tinham cercado Viena e ameaçavam o ocidente. O nome de Maria, que é hebreu, que dizer em português, senhora soberana. E a Senhora é realmente Soberana, em virtude da soberania que lhe foi concedida pelo filho, Rei e Soberano do Universo. Chamemos a Maria de Nossa Senhora, pelo título que chamamos a Jesus Nosso Senhor. Pronunciar o seu nome é afirmar o seu domínio, implorar o seu auxílio e colocarmo-nos debaixo da sua proteção maternal.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.