quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Catecismo Online: "Morto e sepultado" (Parte III)

É preciso explicar as causas da Paixão, para que apareça a grandeza e intensidade do amor de Deus para conosco.


Quem quiser saber por qual razão o filho de Deus se sujeitou ao mais cruel dos sofrimentos verá que, além da culpa hereditária dos nossos primeiros pais, a causa principal são os vícios e os pecados que os homens cometeram, desde a origem do mundo até a presente data, e os que hão de cometer futuramente, até a consumação dos séculos.



Pela sua Paixão e Morte, o Filho de Deus e Salvador nosso tinha em mira resgatar e destruir os pecados de todas as gerações, e por eles oferecer ao Eterno Pai uma satisfação completa e exuberante.



Sobe de ponto a sublimidade de sua Paixão, porque Cristo não só sofreu pelos pecadores, mas também por aqueles que são autores e instrumento de todas as penas sofridas.



Lembra-nos o apóstolo que nesta circunstância, quando escreve aos hebreus: "Considerai Aquele que dos pecadores sofreu tanta contradição contra si mesmo. Assim não desanimareis as nossas fadigas" (Heb 12,3).



Devem julgar-se responsáveis de tal culpa todos aqueles que reincidem muitas das vezes em pecados. Já que nossos pecados arrastam Nosso Senhor Jesus Cristo ao suplício da Cruz, todos os que chafurdam em vícios e pecados, fazem quanto podem, para de novo crucificar "em si mesmo o filho de Deus, e cobri-lo de escárnios" (Heb 6,6).



Tal crime assume em nós caráter mais grave, do que no caso dos judeus; porquanto estes, no sentir do Apóstolo, "nunca teriam crucificado o Senhor da glória, se o tivessem conhecido" (1Cor 2,8). Nós porém que afirmamos conhecê-lo, nem por isso deixamos, por assim dizer, de levantar mãos violentas contra Ele, todas as vezes que o negamos em nossas obras.



Pela doutrina da Sagrada Escritura, Cristo foi entregue pelo Pai e por Si mesmo.



Deus Pai diz pela boca do profeta Isaías: "Eu o feri por causa da maldade do povo" (Isa 53,8). E pouco antes, ao contemplar, por inspiração do Espírito Santo, o Senhor coberto de chagas e feridas, o mesmo profeta havia declarado: "Todos nós nos desgarramos à maneira de ovelhas. Cada qual se extraviou para o seu caminho. E o Senhor descarregou sobre ele a iniqüidade de todos nós." (Isa 53,3).



Do filho porém está escrito: "Se der sua vida pelo pecado verá uma longa posteridade" (Isa 53,10).



O apóstolo confirmou esta verdade em termos mais incisivos, ao mesmo tempo que nos queria mostrar quanto podíamos esperar da imensa bondade e misericórdia de Deus. Diz ele: "Não poupou nem o seu próprio filho, mas entregou-o por todos nós. Como não nos poderia ter dado todas as coisas juntamente com ele?"(Rom 8,32)



(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed Vozes - 1962)

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