segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Liturgia: Lugares de culto nos primórdios do Cristianismo

Em todos os tempos e em todas as religiões, houve lugares santos ou santuários, especialmente consagrados ao culto da divindade. Os judeus, adoradores do verdadeiro Deus, reuniam-se nas sinagogas para orar. Contudo, é certo que apenas possuíam apenas um templo, em Jerusalém, no qual lhes era lícito oferecer sacrifícios.

Os lugares de culto para os primeiros cristãos foram quase que exclusivamente: casas particulares e as catacumbas.

As casas particulares: Os discípulos de Nosso Senhor, que começaram a estabelecer comunidades, quer em Jerusalém, quer nas outras cidades da Ásia Menor, procuravam a princípio o templo e as sinagogas, a fim de praticarem os novos ritos ensinados por Jesus aos Apóstolos. Porém, passado pouco tempo, repeliram-nos os seus conterrâneos que não comungavam na mesma fé, não simpatizavam com as doutrinas do mestre. Então tiveram de se acolher a casas particulares, para celebrar a liturgia. Aliás, era este mesmo exemplo que deixara a Igreja nascente.

Estavam todos juntos, numa sala chamada cenáculo, no primeiro andar de uma casa, esperando em orações a vinda do Espírito Santo.
Quando o cristianismo, já crescido e forte, se espalha no Ocidente, a casa romana passou a ser o recinto próprio para as assembléias. A entrada dava para a via pública. Logo, apresentava o atrium ou pátio cercado de pórticos. Depois, uma sala de banhos, cômodos para morada e numerosos recintos. Assim, nada faltava para a prática dos exercícios do culto. Por isso veio a ser a "domus ecclesiae", a casa de Igreja, isto é, o lugar onde se ajuntavam os fiéis, que formavam a Igreja desses sítios, a fim de celebrarem os santos mistérios.

Mas, no tempo em que se iniciaram as perseguições violentas, a casa particular deixou e ser asilo seguro para os cristãos. Para evitar perseguições dos seus inimigos, tiveram de procurar recônditos menos conhecidos ou que a legislação vigente aceitasse e protegesse, onde se pudesse exercer o culto. Estes novos lugares do culto foram os cemitérios que depois passaram a se chamar Catacumbas.

As Catacumbas: Catacumbas são cemitérios subterrâneos que os primeiros cristãos aproveitaram para enterrar os mortos, para se refugiarem em épocas de perseguição a para praticarem as cerimônias de culto.

Os cemitérios da Roma subterrânea eram designados, quase sempre, pelo nome da pessoa abastada que tinha ofertado aos fiéis o terreno: cemitério de Priscília, de Domitília, de Pretextato. Consistiam num sistema de galerias muitos estreitas (de 0,80m à 1,5m) e sobrepostas, formando assim, por vezes, cinco andares, com escadas de comunicação. Nas paredes destas galerias, faziam-se escavações horizontais. Cada parede podia receber de três até doze túmulos, conforme a altura. As cavidades em que se depositavam os corpos, tinham o nome de "loculi".

Em determinados lugares, alargava-se a galeria: uma porta dava ingresso num quarto "cubiculum" que era um sepulcro de família. Ali também os corpos ficavam em lóculi ou, quando fosse de pessoas ricas ou ilustres, dentro de sarcófagos deitados no solo ou abrigados em nichos. Ainda acontecia que se escavassem, nos fundos de um cubículum, fossas verticais encimadas por nichos semicirculares: tais campas, fechadas por tábuas de mármore, tinham o nome de arcosolium devido à sua forma.

Nos cubícula é que os cristãos, obrigados a fugir da perseguição, se reuniam para orar. E era na mesa de um arco-sólio, encerrando os despojos de um e vários mártires, que se celebravam o santo Sacrifício.
Na próxima postagem iremos tratar do assunto: a arte nas catacumbas.



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