Prova-o também a palavra de Cristo Nosso Senhor, quando proclamava a bem-aventurança dos príncipe dos Apóstolos: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, pois não foi a carne e nem o sangue que te revelou, mas antes meu Pai que está nos Céus"(Mt 16,17).
Os admiráveis frutos deste artigo aparecem com maior evidência, se considerarmos como se destruiu o venturoso estado em que Deus colocara os primeiros homens.
Adão apartou-se da obediência devida a Deus, quando violou a proibição: "De todas as árvores do paraíso poderás comer, mas não coma da árvore da ciência do bem e do mal. No dia que dela comeres, morrerás."(Gên 2,16-17).
Ele caiu logo no maior dos infortúnios, perdendo a santidade e a justiça em que fora constituído, ficando sujeito a outros males, conforme ensina mais longamente o Santo Concílio de Trento.
Uma vez decaído de tão alta dignidade, nada podia erguer o gênero humano a reintegrá-lo no estado primitivo, nem as forças humanas, nem as forças angélicas.
Em vista de tal ruína e desgraça, não restava, pois, outro remédio, senão o infinito poder com que o Filho de Deus, assumindo a fraqueza da nossa carne, devia destruir a infinita malícia do pecado, e pelo seu sangue reconciliar-nos com Deus.
Ora, crer na redenção e professá-la, sempre foram condições necessárias para a salvação dos homens. Assim Deus o ensinou, desde o início da revelação.
No mesmo instante que condenava o gênero humano, imediatamente após o pecado, Deus fez nascer a esperança de resgate, pelas palavra com que anunciou ao demônio a dura derrota que lhe resultaria da libertação dos homens: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua raça e sua descendência. Esmagará ela a tua cabeça, e tu lhe ferirás traições ao seu calcanhar"(Gên 3,15).
Dali em diante, Deus confirmou por muitas vezes a sua promessa. Fez revelações mais positivas a seus desígnios, mormente aqueles varões, com os quais queria usar de uma benevolência toda particular. Entre outros, o patriarca Abraão recebeu freqüentes indicações a respeito deste mistério. Na hora, porém, em que ia imolar Isaac, seu único filho, por obediência a Deus, Abraão veio a ter revelações mais explícitas.
Deus, com efeito, lhe dissera: "Porque assim procedeste, a ponto de não poupar teu único filho, Eu te abençoarei, e multiplicarei tua descendência, como as estrelas do céu, e como a areia que jaz nas praias do mar. Tua geração possuirá as portas de teus inimigos, e em tua raça serão abençoados todos os povos da terra, porque obedeceste a minha voz"(Gên 22,16-17).
Pouco tempo depois, para que se conservasse a recordação da promessa, o Senhor reafirmou a mesma aliança com Jacob, neto de Abraão.
Durante o sono, viu ele uma escada firmada na terra, mas com a ponta a tocar o céu; e viu também os anjos de Deus que por ela subiam e desciam, como afirma a Escritura. Jacob ouviu ao mesmo tempo a voz do Senhor que, apoiado na escada, lhe dizia: "Eu sou o Senhor, Deus de teu pai Abraão, e Deus de Isaac. Dar-te-ei, a ti e à tua posteridade, a terra em que estás dormindo. E a tua geração será como o pó da terra. Hás de estender-te para o Oriente e o Ocidente, para o Sententrião e o Meio-dia. Em ti e na tua geração serão abençoadas todas as tribos da terra"(Gên 28,12-14).
Os profetas, cujo espírito era aclarado por uma luz celestial, falavam diante do povo, e anunciavam-lhe o nascimento do filho de Deus, as obras admiráveis que havia de praticar depois de nascido, sua doutrina, seus costumes, seu trato, sua morte e ressurreição, e os outros mistérios.¹
Falavam com tanta clareza de todos estes fatos, como se os tivessem presentes à própria vista. Se, pois, abstrairmos da distância que medeia entre o passado e o futuro, já não podemos notar nenhuma diferença entre os oráculos dos profetas e a pregação dos Apóstolos, entre a fé dos antigos patriarcas e a nossa própria fé atual.
1. Por exemplo, Isaias (7,44; 8,3; 9,6; 11,13), Jeremias (23,5; 30,9), Daniel (7,13; 9,24), e outros.
(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)
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