quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Catecismo Online: "Nasceu de Maria Virgem..."


Esta parte do presente artigo do credo impõe aos fiéis a obrigação de crerem que o Senhor Jesus não só foi concebido por obra do Espírito Santo, mas também que nasceu de Maria Virgem, e por ela foi posto neste mundo.





O anjo foi o primeiro a anunciar esta verdade ao mundo. Esta mensagem de grande felicidade, e suas palavras dão-nos facilmente a entender, com quanta alegria e elevação de espírito não devemos meditar este mistério da fé: "Eis que venho anunciar-vos uma grande alegria para todos os povos". E também aos cantos dos coros celestiais: "Glória a Deus nos mais alto dos céus e paz aos homens de boa vontade!"





Desde aquele instante, começou portanto a cumprir-se a grandiosa promessa de Deus a Abraão, quando lhe dissera que, um dia, "todos os povos seriam abençoados em sua descendência". Maria, a qual proclamamos e veneramos como sendo a verdadeira mãe de Deus, por ter dado a Luz ao Salvador que é ao mesmo tempo Deus e homem, descendente da estirpe real de David.





Se a própia conceição já excede toda a ordem da natureza, em seu nascimento nada podemos contemplar que não seja de caráter divino.





O que há de mais admirável, o que sobrepuja a tudo quanto se possa dizer ou imaginar, é o fato de ele nascer de sua mãe, sem a menor lesão a sua virgindade materna.





Assim como mais tarde Cristo saiu do sepulcro fechado e selado; assim como "entrou para junto de seus discípulos, apesar de as portas estarem fechadas"; assim como, na observação diária da natureza, vemos os raios solares atravessarem um vidro compacto, sem o quebrar, e sem lhe fazer o menor estrago; assim também, e de maneira mais sublime, nasceu Jesus Cristo do seio de sua mãe, sem nenhum dano para a integração materna.





É pois, com mais justos louvores que, em Maria, enaltecemos uma virgindade perpétua e intemerata. Operado este milagre pela virtude do Espírito Santo. De tal modo a Mãe na conceição e no nascimento do filho que, dando-lhe fecundidade, lhe conservou todavia a perpétua virgindade.





De vez em quando, costuma o Apóstolo designar a Cristo como sendo o "Segundo Adão", e a confrontá-lo com o primeiro Adão. Realmente, assim como pelo primeiro todos os homens sofrem a morte, assim pelo segundo são todos novamente chamados à vida. Assim como Adão foi pai do gênero humano pelas leis da natureza, assim também Cristo é o autor da graça e bem-aventurança.





Por idêntica analogia, podemos comparar com Eva à Virgem Maria. A primeira Eva corresponde com a segunda, que é Maria; assim como acabamos de mostrar que o segundo Adão, isto é, Cristo, corresponde ao primeiro Adão.





Por ter dado crédito à serpente, Eva acarretou morte e maldição ao gênero humano. Maria acreditou nas palavras do anjo, e obteve para os homens que viesse as bênçãos e a vida. Por culpa de Eva, nascemos filhos da ira; por Maria recebemos Jesus Cristo, que nos regenera como filhos da graça. A Eva foi dito: "Em dores darás luz a teus filhos". Maria ficou isenta desta lei. Conservando sua integridade de virginal pureza, como dizíamos há pouco, Maria deu a luz a Jesus, filho de Deus, sem sofrer dor de espécie alguma.





Visto serem tão grandes e tão numerosos os mistérios desta admirável conceição e nascimento, covinha que a divina providência os fizesse anunciar, por meio de muitas figuras e profecias.





Esta é a razão por que os Santos Doutores aplicam a este mistério muitos trechos, que lemos em vários lugares da Sagrada Escritura. Entre os quais se fala principalmente da porta do Santuário, que Ezequiel viu fechada; da pedra que se desprendeu do monte, "sem a intervenção das mãos humanas", como diz Daniel, " a qual se avolumou em grande montanha, e encheu toda a superfície da Terra" (Dan 2,34-35); da "vara de Aarão, a única que deitou rebentos, entre as varas dos príncipes de Israel" (Num 17,8); da sarça-ardente que Moisés viu arder sem se consumir (Exod 3,2ss).
(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Editora Vozes - 1961)

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