São mais profundos ainda os mistérios que esta palavra nos propõe a respeito de Jesus. Levam aos fiéis a acreditar que realmente é o filho de Deus, o verdadeiro Deus como o Pai, que o gerou desde toda a eternidade. Além disso, confessamos que é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, perfeitamente igual às duas outras pessoas divinas. Nenhuma desigualdade ou diferença pode haver, ou imaginar-se nas três pessoas divinas, porque em todas elas reconhecemos a existência de uma só natureza, de uma só vontade e de um só poder.
Esta verdade se nos atola em muitos lugares da sagrada escritura. O mais claro, todavia, é o testemunho de São João: "No princípio era o Verbo, e o verbo estava junto de Deus".
Ouvindo, porém, que Jesus é o Filho de Deus, não se deve imaginar algo de terreno ou mortal em sua geração. O ato pelo qual o Pai gera ao filho desde toda a eternidade, não podemos absolutamente perceber com a inteligência, e muito menos compreendê-lo de maneira adequada. Devemos, entanto, acreditá-lo com firmeza, e adorá-lo com maior devoção de nossa alma. Como que arrebatados de admiração pelo mistério, cumpre-nos exclamar com o Profeta: "Quem poderá sua Geração?" (Isaías 53,8).
Deve crer-se, portanto, que o filho tem a mesma natureza, o mesmo poder, a mesma sabedoria que o Pai, conforme o confessamos mais explicitamente no Sínodo de Nicéia: "E em Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, da mesma substância de Deus Pai, e na qual todas as coisas foram feitas."
De todas as comparações feitas, para explicar o modo e a razão de ser desta geração eterna, nenhuma parece ser tão próxima da realidade, como aquela que se tira da formação do pensamento em nosso espírito. Por isso, São João dá o nome de Verbo ao Filho de Deus (Jo 1,1).
Como nossa mente, reconhecendo-se até certo grau, concebe uma imagem de si mesma, que os teólogos chamam de "Verbo"; assim também, quanto as coisas humana podem comparar-se com as divinas, Deus, reconhecendo-se a si mesmo, gera o Verbo Eterno.
No mais, é preferível comtemplar simplesmente o que a fé nos propõe, e crer e confessar, com sinceridade, que Jesus é verdadeiro Deus e Verdadeiro homem. Como Deus, foi gerado pelo Pai antes de todos os séculos; como o homem, nasceu no tempo, de sua Mãe a Virgem Maria.
Postos que nele se deve admitir um duplo nascimento, cremos todavia que é um só filho. Sendo, pois, uma só pessoa, na qual se unem as naturezas divinas e humanas.
Da parte da geração divina, Cristo não tem irmãos e nem co-herdeiros, visto ser ele o filho único de Deus Pai, enquanto nós homens somos apenas uma formação e obra de suas mãos.
Se entanto considerarmos sua origem humana, que não só dá a muitos o nome de irmãos, mas os trata realmente como tais, para que com ele alcance ao mesmo tempo a glória da herança paterna. São os que pela fé receberam Cristo Nosso Senhor, e por obras de caridade comprovam a fé que professam de boca. Eis porque o apóstolo lhe chama: "Primogênito entre muitos irmãos"(Rom 8,29).
(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)
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