Este domingo que vem a seguir ao Sábado das Têmporas de Setembro, era a princípio vacante. A liturgia da vigília prolongava-se com efeito até de manhã, de maneira que não sobrava tempo para os ofícios dominicais. As lições que se lêem no ofício são do livro de Judite. Todos conhecem a história desta mulher famosa que salvou a Judéia, cortando a cabeça de Holofernes, general dos exércitos Assírios. Holofernes, enviado por Nabucodonosor para conquistar a Palestina, tinha cercado Betúlia. Vencidos pela fome e pela sede, os sitiados tinham deliberado render-se, quando Judite apareceu a encorajá-los. Façamos penitência, dizia, e imploremos o perdão de Deus, porque estes flagelos com que nos castiga são para nos corrigir e não para nos perder. Depois, quando veio a tarde, vestiu-se com as suas melhores galas e fez-se introduzir no acampamento dos inimigos, sob o pretexto de lhes entregar a cidade. E elevada à presença de Holofernes, o general, seduzido pela sua beleza, recebeu-a com grande contentamento e ordenou que em sua honra, se preparasse um banquete.
A Igreja ao recordar as sete dores de Maria Santíssima, aplica-lhes o canto que se ouviu em Israel, quando Judite livrou o povo eleito. Maria é com efeito a nova Judite que decepa a cabeça do general assírio, do dragão infernal. Nestes dias lê a Igreja no Ofício divino estas passagens gloriosas da epopéia israelita, que são figuras do que mais tarde havia de acontecer numa ordem espiritual e mais elevada. A libertação do povo judeu da sujeição assíria, levada a efeito por Judite, representa a libertação humanidade operada por Jesus. É muito oportuna esta missa nesta época de Têmporas, que são tempos de perdão, por sê-lo de penitência em que Deus se deixa aplacar e vencer dos pobres mortais. Desse perdão e dessa paz consoladora, que se frue da casa do Senhor são legítimos dispensários os sacerdotes a quem Jesus concedeu o poder sublime de dizerem: "Os teus pecados te são perdoados". Os novos ungidos pelos Senhor serão encarregados também de pregar a palavra de Deus, de celebrar o Santo Sacrifício e de preparar por este modo a humanidade para se apresentar confiadamente diante do supremo juiz. É por este motivo, precisamente, que a Igreja insistirá durante estes domingos no pensamento da vinda do Senhor.
A epístola de hoje ( ICor 1,4-8) é também para meditar. Que contas tão estreitas não terá de prestar o cristão de tantas graças que recebe! E como dispensamos herança tão rica, como desperdiçamos tantas graças, os sacramentos, a pregação da palavra de Deus! Que contas serão as nossas?
Evangelho de Domingo:
Continuação do Santo Evangelho segundo São Mateus: Naquele tempo: Subindo Jesus para uma pequena barca, tornou a passar o lago, e voltou para a sua cidade. E, eis que lhe apresentaram um paralítico, que jazia no leito. E, vendo Jesus a fé que eles tinham, disse ao paralítico: Filho, tem confiança, te são perdoados os pecados. E logo alguns dos escribas disseram no seu interior: Este blasfema. E, Jesus visto os seus pensamentos, disse: Porque pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: te-são perdoados os pecados, ou dizer: Levanta-te e caminha? Pois, para que saibais que o filho do homem tem poder sobre a terra de perdoar os pecados: Levanta-te, disse então ao paralítico, toma o teu leito, e vai para tua casa. E ele levantou e foi para sua casa. E, vendo isto, as multidões temeram e glorificaram a Deus, que deu tal poder aos homens.
Memória de São Jerônimo, Presbítero, Confessor e Doutor da Igreja
Hoje também é dia de São Jerônimo. E como dedicamos o mês de Setembro como o Mês da Ortodoxia e do Magistério Católico, este santo não poderia ficar de fora.
São Jerônimo nasceu na Dalmácia, no século IV, e foi batizado em Roma. Preocupado com o problema da perfeição cristã, freqüentou os primeiros monges de Treves, voltou a Itália e partiu depois para o Oriente, onde viveu como eremita no deserto da Síria, onde se entregou a rudes mortificações e à lição dos livros sagrados. Ordenado presbítero em Antioquia, iniciou-se em Constantinopla nos estudos das obras escrituras de Orígenes, e regressou a Roma. Secretário ao mesmo tempo de São Dâmaso e diretor espiritual de grande nomeada, determinou retirar-se definitivamente para a Palestina. Fundou dois mosteiros em Belém, coadjuvado por Santa Paula e pela filha desta, Santa Estóquia, que assumiram sucessivamente o governo do mosteiro das mulheres, enquanto ele dirigiu o dos homens. Morreu nonagenário anos em 419 ou 420. Os seus restos mortais descansam em Roma na basílica de Santa Maria Maior. São Jerônimo traduziu a bíblia e fixou em grande parte a do texto latino da Vulgata, que a Santa Igreja adotou como versão oficial. A sua grande sabedoria, os seus grandes comentários sob à Sagrada Escritura e o vigor com que combateu as heresias de seu tempo mereceram o título de Doutor.
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