A ira é uma aberração do sentimento instintivo que nos leva a defender-nos, quando somos atacados, repelindo a força com força. Diremos: 1º a sua natureza; 2º a sua malícia; 3º os seus remédios.
A ira considerada como paixão, é uma necessidade violenta de reação, determinada por um sofrimento ou contrariedade física ou moral. Esta contrariedade desencadeia uma emoção violenta que distende as forças no intuito de vencer a dificuldade: sente-se então impulsos de descarregar a cólera sobre pessoas, animais ou coisas.
A ira considerada como sentimento, é um desejo ardente de repelir ou castigar um agressor. Há uma cólera legítima, uma santa, indignação, que não é senão o desejo ardente, mas racional, de infringir aos criminosos o justo castigo. Foi assim que Cristo Nosso Senhor entrou em justa cólera contra os vendilhões do templo, que com seu tráfico contaminavam a casa de seu Pai; o sumo sacerdote Heli, pelo contrário, foi severamente censurado por não ter reprimido o mau procedimento de seus filhos.
Mas a cólera, que é vício capital, é um desejo violento e imoderado de castigar o próximo, sem atender as três condições indicadas. Muitas vezes é a cólera acompanhada de ódio, que procura não somente repelir a agressão, mais ainda tirar pela vingança; é um sentimento mais reflectivo, mais duradouro, e que por isso mesmo tem mais graves conseqüências.
Quando a cólera é simplesmente um movimento transitório de paixão, é de sua natureza pecado venial: porque então há excessos na maneira ao qual ela se exerce, neste sentido que ultrapassa a medida, mas não há, assim o supomos, violação das grandes virtudes da justiça e da caridade. Contudo há casos em que é tal o excesso, que o colérico perde o domínio de si mesmo e se deixa arrastar por graves insultos contra o próximo.
Quando a cólera é simplesmente um movimento transitório de paixão, é de sua natureza pecado venial: porque então há excessos na maneira ao qual ela se exerce, neste sentido que ultrapassa a medida, mas não há, assim o supomos, violação das grandes virtudes da justiça e da caridade. Contudo há casos em que é tal o excesso, que o colérico perde o domínio de si mesmo e se deixa arrastar por graves insultos contra o próximo.
A cólera, que chega a ódio e rancor, quando é deliberada e voluntária, é pecado mortal de sua natureza, porque viola gravemente a caridade e muitas das vezes a justiça. É neste sentido que N. Sr. Jesus Cristo disse: "Todo aquele que irar contra seu irmão, será réu no juízo. E o que disser a seu irmão: raca (idiota, pateta, mentecapto, bobo), será réu no conselho. E o que lhe chama insensato, será réu do fogo do inferno". Mas se o movimento de ódio não é deliberado, ou se não se lhe dá consentimento imperfeito não passará de leve falta. Os efeitos da cólera, quando não são reprimidos são às vezes terríveis.
Sob o aspecto da perfeição, é a ira, diz São Gregório, um grande obstáculo ao progresso espiritual. É que, de fato, se não reprimimos, faz-nos perder: 1º a sabedoria ou a ponderação; 2º a amabilidade, que faz o encanto das relações sociais; 3º a preocupação da justiça, porque a paixão impede de reconhecer os direitos do próximo; 4º o recolhimento interior, tão necessário a união íntima com Deus, à paz da alma, à docilidade, às inspirações de graças.
Para prevenir a cólera, é bom a costumar-nos a refletir, antes de fazer qualquer coisa, para nos não deixarmos dominar pelos primeiros ímpetos da paixão. Para melhor sofrer a ira, é útil divertir a atenção, isto é, pensar em qualquer coisa diversa do que possa reanimá-la; é necessário, pois, desterrar as lembranças das injúrias recebidas. Devemos invocar o auxílio de Deus, quando nos vemos agitados pela cólera, à imitação dos apóstolos, combatidos pelo vento e tempestade no meio do mar, porque Deus mandará às nossas paixões que sosseguem e sobreviverá a grande tranqüilidade.
Para prevenir a cólera, é bom a costumar-nos a refletir, antes de fazer qualquer coisa, para nos não deixarmos dominar pelos primeiros ímpetos da paixão. Para melhor sofrer a ira, é útil divertir a atenção, isto é, pensar em qualquer coisa diversa do que possa reanimá-la; é necessário, pois, desterrar as lembranças das injúrias recebidas. Devemos invocar o auxílio de Deus, quando nos vemos agitados pela cólera, à imitação dos apóstolos, combatidos pelo vento e tempestade no meio do mar, porque Deus mandará às nossas paixões que sosseguem e sobreviverá a grande tranqüilidade.
(Fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - 1961 - Apostolado da Imprensa)
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