sexta-feira, 16 de maio de 2008

Teologia Ascética e Mística: Das virtudes e dos dons ou das faculdades da ordem sobrenatural - Das virtudes infusas



É certo conforme o Concílio de Trento, que no próprio momento da justificação recebemos as virtudes infusas da fé, da esperança e da caridade. E é doutrina comum, confirmada pelo catecismo do concílio de Trento, que as virtudes morais da prudência, justiça, fortaleza e temperança nos são comunicadas no mesmo instante. Não esqueçamos que estas virtudes nos dão, não a facilidade, senão o poder sobrenatural próximo de praticar atos sobrenaturais; senão necessários atos repetidos, para esse poder acrescentar a facilidade que dá o hábito adquirido.



Vejamos agora como estas virtudes no sobrenaturalizam as faculdades:



a) Umas são teologais, porque tem a Deus por objeto material, a algum atributo divino por objeto formal. A fé une-nos a Deus, suprema verdade, e ajuda-nos a ver e apreciar tudo a sua luz divina. A esperança une-nos Aquele que é a fonte de nossa felicidade, sempre disposto a derramar sobre nós os seus benefícios, para consumar a nossa transformação, e ajudar-nos com o seu poderoso auxílio e fazer atos de confiança absoluta e de filial entrega nas mãos de Deus sumamente bom em si mesmo; sob a sua influência, comprazemo-nos nas perfeições infinitas de Deus mais que se fossem nossas, desejamos que sejam conhecidas e glorificadas, travamos com ele uma santa amizade, uma doce familiaridade, e assim nos tornamos mais e mais semelhantes ao altíssimo. Estas três virtudes teologais une-nos, pois, diretamente a Deus.


b) As virtudes morais, que têm por objeto um bem honesto distinto de Deus, e por motivo a própria honestidade desse objeto, favorecem e perpetuam essa união com Deus, regulando tão bem as nossas ações que, a despeito dos obstáculos que se encontram dentro e fora de nós, tendem sem cessar para Deus. Assim é que a prudência nos leva a escolher os melhores meios para o nosso fim sobrenatural. A justiça, fazendo dar ao próximo o que lhe é devido, santifica as nossas relações com os nossos irmãos de tal forma que nos aproxima de Deus. A fortaleza arma-nos a alma contra a provação e a luta, faz-nos levar com paciência os sofrimento e empreender com santo arrojo os mais árduos trabalhos, para promover a glória de Deus. E, como o prazer criminoso nos afastaria disso, a temperança moderada em nós a ânsia do prazer, e subordina a lei do dever. E assim todas estas virtudes desempenham importantíssimo papel em remover o obstáculo, e a fornecer-nos até meios positivos que nos levem a Deus.


(Fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - Ed. Apostolado da Imprensa - 1961 - 6ª edição)

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