domingo, 25 de maio de 2008

II Domingo Depois de Pentecostes: "Trazei aqui os pobres, os estropiados..." (Ev.)





A Igreja fixou a celebração da festa do Corpo de Deus na quinta-feira que segue o primeiro domingo depois de pentecostes. Uma coincidência feliz colocou-a entre os dois domingos em que a epístola e o evangelho falam sobre a misericórdia divina e do dever da caridade fraterna que daí deriva para todos os homens. No evangelho do segundo domingo lemos que o reino dos céus é semelhante a um banquete nupcial. E nada pode simbolizar melhor, com efeito, a sagrada eucaristia, que é o banquete por excelência da união das almas com Jesus Cristo, seu esposo, e com todos os membros do corpo místico.


No breviário, a história de Samuel, destinado por Deus para a guarda da Arca do Senhor e sacerdote do Altíssimo, harmoniza-se perfeitamente com a liturgia eucarística. Naquele tempo diz o Breviário, a palavra do Senhor fez-se rara e não havia visões em Israel, porque Heli era orgulhoso e fraco e seus filhos infiéis e desleixados no serviço do Senhor. Então o Senhor manifestou-se a Samuel, menino ainda, e anunciou-lha ainda o castigo destinado a casa de Heli. E não tardou muito que a Arca fosse violada pelos filisteus e que Heli e seus filhos morressem. A censura mais amarga que a Sagrada Escritura repreende Heli é por ter colocado seus interesses particulares e a solicitude das coisas materiais acima do interesse e da solicitude das coisas do espírito.






Comentando a parábola do banquete São Gregório tem observações de fina penetração psicológica, quando, depois de notar que o homem é naturalmente inclinado a arrastar o coração pelas alegrias da terra, constata que, sempre que o faz, não tarda a sentir o tédio; ao passo que basta que prove as do espírito para nunca mais delas se saciar e crescer continuamente em si o desejo delas. Depois continua São Gregório a dizer: Provai e vede como o Senhor é bom. Não lhe podereis conhecer a suavidade se o não provais. Mas tocai com o paladar do coração o alimento da vida, para que, verificando o quanto é bom e suave, o passai realmente amar como convém. O homem quando pecou no paraíso, perdeu o direito e o prazer destas delícias, e saiu de lá, quando fechou a boca ao alimento das suavidades eternas. Donde nascidos neste exílio amargo, viemos já com fastio e ignoramos o que devemos desejar. O que é necessário é escutar o apelo do evangelho de e desprendermo-nos dos bens da terra para nos prendermos aos do Céu.


Evangelho de Domingo:


Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São Lucas: Naquele tempo: Disse Jesus aos fariseus a seguinte parábola: Um homem deu uma grande ceia e convidou muitas pessoas.
E à hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: Vinde, tudo já está preparado.
Mas todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo; rogo-te me dês por escusado.
Disse outro: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te me dês por escusado.
Disse também um outro: Casei-me e por isso não posso ir.
Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Então, irado, o pai de família disse a seu servo: Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Disse o servo: Senhor, está feito como ordenaste e ainda há lugar.
O senhor ordenou: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa.
Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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