Pela designação de funeral, entende-se o conjunto das cerimônias que se realizam, desde a hora da morte de uma pessoa, até a sepultura.
Logo depois da morte, cuida-se de vestir o defunto. Primitivamente, era serviço feito com grande apuro. Lavavam o cadáver e ungiam-no com perfumes. Tertuliano escreve na Apologética (XLII), que os cristãos gastam, na sepultura de seus parentes, os aromas usados pelos pagãos para incensar os deuses". Envolvia-se depois, o corpo, mormente dos mártires, em panos ricos. Bispos e padres eram sepultados com os respectivos paramentos. Colocava-se então o corpo numa das principais salas da casa, geralmente no cenáculo. Acabadas as perseguições, cercavam a tumba de círios e era exposto abertamente. O costume de contratar carpideiras¹ que vigorava entre os judeus, teve sempre a repulsão mais franca por parte dos cristãos. Consideravam contras-senso, tolice e profanação, lamentar como perda definitiva a morte de um ente querido, que na verdade ensina a fé, que estão junto de Deus. Desde o século IV, vemos crescida a concorrência, formando o cortejo fúnebre. Levavam tochas; cantavam salmos. A missa era rezada de corpo presente. Terminava a cerimônia lutuosa com o ágape, que era, a princípio, uma refeição de caridade oferecida aos pobres, em homenagem ao falecido. Suprimiu-a a Igreja, por causa dos abusos que haviam introduzido.
Hoje continuam rodeados pela Igreja das expressões mais demonstrativas de honra e apreço aos desejos mortais de seus filhos. Porém, já não se embalsamam os despojos mortais senão de pessoa ilustres. Depois de ultimar os cuidados devidos do cadáver, deixa-se junto dele, uma luz a arder, simbolizando a alma mortal e a ressurreição futura do corpo. Na mesma mesa, coloca-se um vaso de água benta; é para as pessoas, vindas para orar pelo defunto, lhes aspergirem os restos, removendo assim qualquer influência nefasta dos espíritos infernais. Pessoas amigas e caridosas passarão a noite a rezar aos pés do falecido.
Quando se deitou o caixão, fica este coberto com o pano mortuário ou manto grande (latim, pallium, capa). Tem de ser de cor preta, ainda quando o morto fosse uma donzela ou um sacerdote. Entretanto, excepcionalmente, a Sagrada Congregação dos Ritos tolera outros usos, mas o pano mortuário branco deve ser listrado de preto.
No dia das Exéquias, vai o clero em procissão, à casa do falecido, buscar o cadáver. Junto do túmulo, o celebrante recita o De profundis. Depois, encaminham-se para a Igreja, cantando o Miserere. Entrados, canta-se salmos o Subvenite. Depositam o cadáver de forma que sua face fique voltada para o altar, e caso sendo um leigo, e voltado para a assistência, caso seja um sacerdote, como querendo ministrar-lhe os derradeiros e supremos ensinamentos.
Em torno do falecido se acendem velas. Motivam este uso duas intenções: - 1. Honrar os despojos do morto e proclamar sua fé na ressurreição; - 2. Também constitui em uma oferta feita à Igreja, como sufrágio pelo defunto.
Logo em seguida é recitado o ofício de réquiem. Reza-se em seguida a Missa dos defuntos. Todavia, o único rito obrigatório exigido pela rubrica é o da absolvição.
Absolvição é uma cerimônia, em que o corpo está presente. Após o canto, o padre asperge e incensa o corpo do defunto em uma simbologia. A aspersão é para pedir a Deus, por virtude da água benta, que conceda ao falecido o perdão total. O incenso para homenagear pela última vez, um corpo que já foi morada do Espírito Santo e que um dia há de ressuscitar. Enquanto leva-se o cadáver ao cemitério recita-se o In Paradisum (que os anjos vos introduza no paraíso). No momento do sepultamento canta-se o Benedictus e o Ego sum ressurectio, eu sou a ressurreição. O celebrante asperge o cadáver com água benta, dizendo Requiescat in pace. Retira-se o clero, com a recitação do De profundis.
Caráter oposto apresenta os enterros de crianças (anjinhos). Exprimem júbilo. O padre está paramentado de branco. Cantos e salmos são de alegria. A missa é dos santos anjos. O que tudo indica é que no céu entrou mais um anjinho.
Nega-se sepultura eclesiástica: - 1. Aos não batizados; - 2. Aos batizados indignos que morreram sem nenhum sinal de arrependimento. Vem a ser: - a) Os apóstatas, hereges e cismáticos e seguidores de maçônicos. - b) Aos excomungados ou interditos nomeadamente; - c) Aos suicidas de caso pensado; - d) Aos duelistas mortos no ato de suas conseqüências; - e) Aos que pediram a cremação do seu corpo; - f) Aos demais pecadores públicos e notórios.
Fonte: Doutrina Católica - Manual de instrução religiosa para uso dos Ginásios, Colégios e Catequistas voluntários - Curso Superior - Terceira parte - Meios de Santificação - Liturgia - Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - São Paulo; Rio de Janeiro; e Belo Horizonte - 1927
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