segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Liturgia: Missa Quarta parte da Missa. Consagração



O prefácio (em latim paefatio, "prae" antes, "fari" dizer), como o nome o indica, é a introdução às orações do Canon. O começo é constituído pela conclusão da secreta. Depois, o padre saúda de novo a assistência, como se quisesse despertar-lhe a atenção. Pede-lhe que eleve o coração até às coisas do céu. Inclina-se depois para a cruz do altar, memorial dos benefícios da Redenção, e começa um hino de ação de graças em que vai enumerado alguns motivos do nosso recolhimento para Deus: a Encarnação, a Redenção e a Paixão. Encontra-se sempre este mesmo pensamento nos muitos prefácios dos antigos Sacramentários. A liturgia romana conservou onze. Mais dois foram acrescentados recentemente. Poucas variantes há entre uns e outros. Eis o prefácio comum:



P: Per omnia saecula saeculorum.
R: Amen.
P: Dominus vobiscum.
R: Et cum spiritu tuo.
P: Sursum corda.
R: Habemus ad Dominum.
P: Gratias agamus Domino Deo nostro.
R: Dignum et justum est.
P: Vere dignum et justum est, aequum et salutare, nos tibi semper, et ubique gratias agere: Domine sancte, Pater omnipotens, aeterne Deus. Qui cum unigenito Filio tuo, et Spiritu Sancto, unus es Deus, unus es Dominus: non in unius singularitate personae, sed in unius Trinitate substantiae. Quod enim de tua gloria, revelante te, credimus, hoc de Filio tuo, hoc de Spiritu sancto, sine differentia discretionis sentimus. Ut in confessione verae, sempiternaeque Deitatis, et in personis proprietas, et in essentia unitas, et in majestate adoretur aequalitas. Quam laudant Angeli, atque Archangeli, Cherubim quoque ac Seraphim: qui non cessant clamare quotidie, una voce dicentes:



Sanctus ou Triságio: (do grego "Treis" três vezes, "hagios" santo). - O Sanctus parece algum tanto espontâneo, metido assim entre o prefácio e o cânon. Mas este hino triunfal, em honra da divindade, é anunciado e preparado pelas últimas palavras do prefácio.



Quando à composição, o Sanctus é formado de duas partes: - a)Do princípio até o Benedictus, é tomado do profeta Isaías, que viu o Senhor sentado num trono elevado, com Serafins que o cercavam e adejavam por cima, chamando uns aos outros: "Santo, Santo, Santo... " (Isaías 6, 1,3). - b) O Benedictus, segunda parte, é o mesmo clamor de júbilo que ovacionava, nos tempos de Nosso Senhor, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Deve-se cantar o Benedictus logo após a consagração, para melhor exalçar e glorificar a vinda de Jesus Cristo ao altar. No Sanctus, agita-se a campainha para lembrar aos fiéis que está próxima a hora da consagração.





P: Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaoth. Pleni sunt coeli et terra gloria tua. Hosanna in excelsis. Benedictus qui venit in nomine Domini. Hosanna in excelsis.





Cânon - Tem ainda o nome de "ação" porque é a ação por excelência. Abrange as preces e cerimônias da Missa desde o Sanctus até o Pater. Na origem, não se escreviam estas preces, de modo que não se pode dizer quem fixou estas formas atuais de cânon nem quando isso se fez. Sabemos, no que diz respeito ao fundo, que nos vem Nosso Senhor, dos Apóstolos e dos sucessores de São Pedro. O Concílio de Trento o diz. É certo que, no princípio, se recitava, como as outras partes da Missa, para que todos os fiéis pudessem ouvir. Mas, no século XI, a Igreja mandou que fosse rezado em voz baixa. Queria, com isso, indicar aos assistentes que este mistério era reservado ao padre. Queria, sobretudo, incitá-los à reflexão, ao recolhimento, à adoração interior. - No aspecto místico, o altar, silencioso na hora mais solene, é figura do Presépio e do Calvário. Estes também presenciaram, na capela da meia-noite ou das milagrosas trevas da tarde, os dois mistérios assombrosos do nascimento e da morte do Senhor.



Podemos considerar, no cânon, três partes: a) a prece antes da consagração; - b)preces da Consagração; e - c) preces da consagração.


As preces antes da Consagração:


Te Igitur: Nesta prece o sacerdote pede que Deus aceite os dons oferecido e também pede pela Igreja, pelo Sumo Pontífice e pelo Bispo diocesano.

P: Te igitur clementissime Pater, per Jesum Christum Filium tuum Dominum nostrum, supplices rogamus ac petimus, uti accepta habeas, et benedicas haec † dona, haec † munera, haec sancta sacrificia illibata, in primis quae tibi offerimus pro Ecclesia tua sancta Catholica; quam pacificare, custodire, adunare, et regere digneris toto orbe terrarum: una cum famulo tuo Papa nostro N. et Antistite nostro N. et omnibus orthodoxis, atque Catholicae et Apostolicae fidei cultoribus.



Memento dos vivos: Nessa parte do cânon o celebrante pelos fiéis falecidos. No século VII ou VIII, já não permitia a leitura do nome dos mortos em voz alta.



P: Memento Domine famulorum, famularumque tuarum N. et N. et omnium circumstantium, quorum tibi fides cognita est, et nota devotio, pro quibus tibi offerimus: vel qui tibi offerunt hoc sacrificium laudis pro se, suisque omnibus: pro redemptione animarum suarum, pro spe salutis et incolumitatis suae: tibique reddunt vota sua aeterno Deo vivo et vero.




Comunicantes: Uma prece da Igreja que a gora se dirige a Igreja Celeste e triunfante. Pede-se pela intercessão A virgem e aos gloriosos mártires.


P: Communicantes, et memoriam venerantes, in primis gloriosae semper virginis Mariae genitricis Dei et Domini nostri Jesu Christi: sed et beatorum Apostolorum ac martyrum tuorum, Petri et Pauli, Andreae, Jacobi, Joannis, Thomae, Jacobi, Philippi, Bartholomaei, Matthaei, Simonis et Thaddaei: Lini, Cleti, Clementis, Xysti, Cornelii, Cypriani, Laurentii, Chrysogoni, Joannis et Pauli, Cosmae et Damiani, et omnium sanctorum tuorum: quorum meritis precibusque concedas, ut in omnibus protectionis tuae muniamur auxilio. Per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.



Hanc Igitur: O sacerdote impondo as mãos sobre o cálice e a hóstia menciona que Cristo nosso Sacrifício carrega sobre si o peso dos nossos pecados, do mesmo modo como eram realizados os sacrifícios da antiga lei no qual o sacerdote judeu impunha as mãos sobre a cabeça do animal que seria sacrificado.


P: Hanc igitur oblationem servitutis nostrae, sed et cunctae familiae tuae, quaesumus, Domine, ut placatus accipias: diesque nostros in tua pace disponas, atque ab aeterna damnatione nos eripi, et in electorum tuorum jubeas grege numerari. Per Christum Dominum nostrum. Amen


Quam Oblationem: Uma oração preparatória em que o celebrante faz cinco vezes o sinal da cruz sobre as espécies, simbolizando as cincos chagas de Cristo no momento da morte no Calvário.

P: Quam oblationem tu, Deus, in omnibus, quaesumus benedictam †, adscriptam †, ratam †, rationabilem, acceptabilemque facere digneris: ut nobis Corpus †, et Sanguis † fiat dilectissimi Filii tui Domini nostri Jesu Christi.


Preces da consagração:


É esta a hora mais solene do sacrifício da Missa. O sacerdote não passa solene do sacrifício da Missa. O sacerdote não passa de ministro e intermediário de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fala e consagra em nome dele. Por isso repete, exatamente e rigorosamente, com todas as minúcias, as palavras e aos atos de Jesus na Última Ceia. Narra o fato da instituição da Eucaristia e pronuncia a fórmula sacramental, como ele mesmo o próprio Jesus Cristo. E, ao mesmo tempo, vai reproduzindo com a possível fidelidade os gestos de Nosso Senhor que a Sagrada Escritura nos refere: olhares volvidos para o céu em sinal de agradecimento, benção do pão e do vinho.


Após a consagração da hóstia e do vinho, o padre genuflete em sinal de adoração e eleva as espécies consagradas para que os fiéis adorem também. Este costume aparece na Igreja no século XII em protesto a heresia dos Berengários. A elevação do cálice apareceu na Igreja tempos mais tarde nos séculos XV e XVI.


P: Qui pridie quam pateretur, accepit panem in sanctas ac venerabiles manus suas: et elevatis oculis in coelum ad te Deum Patrem suum omnipotentem, tibi gratias agens, benedixit †, fregit, deditque discipulis suis, dicens: Accipite et manducate ex hoc omnes:
HOC EST ENIM CORPUS MEUM


P: Simili modo postquam coenatum est, accipiens et hunc praeclarum Calicem in sanctas ac venerabiles manus suas: item tibi gratias agens, benedixit †, deditque discipulis suis, dicens: Accipite et bibite ex eo omnes:
HIC EST ENIM CALIX SANGUINIS MEI, NOVI ET AETERNI TESTAMENTI: MYSTERIUM FIDEI, QUI PRO VOBIS ET PRO MULTIS EFFENDETUR IN REMISSIONEM PECCATORUM
P: Haec quotiescumque feceritis in mei memoriam facietis.


Preces depois da consagração:


Primeira Oração: Na primeira parte trata-se de uma recordação da Paixão Morte, ressurreição e Ascensão de Cristo. A segunda parte trata-se de uma súplica, para que Deus considere favoráveis e propícias estas ofertas. E em terceira e última parte o sacerdote pede o auxílio do Santo Anjo para que a oferenda seja aceita por Deus.



P: Unde et memores Domine, nos servi tui, sed et plebs tua sancta, ejusdem Christi Filii tui Domini nostri tam beatae passionis, nec non et ab inferis resurrectionis, sed et in coelos gloriosae ascensionis: offerimus praeclarae majestati tuae de tuis donis ac datis, hostiam † puram, hostiam † sanctam, hostiam † immaculatam, Panem † sanctum vitae aeternae, et Calicem † salutis perpetuae.


P: Supra quae propitio ac sereno vultu respicere digneris: et accepta habere, sicuti accepta habere dignatus es munera pueri tui justi Abel, et sacrificium patriarchae nostri Abrahae: et quod tibi obtulit summus sacerdos tuus Melchisedech, sanctum sacrificium, immaculatam hostiam.
P: Supplices te rogamus, omnipotens Deus; jube haec perferri per manus sancti Angeli tui in sublime altare tuum, in conspectu divinae majestatis tuae: ut quotquot ex hac altaris participatione, sacrosanctum Filii tui Corpus † et Sanguinem † sumpserimus omni benedictione coelesti et gratia repleamur. Per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.


Segunda Oração:


Trata-se aqui do memento dos mortos, ou seja, uma súplica dirigida a Deus em socorro das almas dos fiéis que padecem no purgatório.


P: Memento etiam, Domine, famulorum famularumque tuarum N. et N. qui nos praecesserunt cum signo fidei, et dormiunt in somno pacis.
P: Ipsis Domine, et omnibus in Christo quiescentibus, locum refrigerii, lucis et pacis, ut indulgeas, deprecamur, per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.


Terceira Oração:


O celebrante pede a Deus por nós pecadores e pelo perdão de nossos pecados e solicita a intercessão dos Santo de Deus, devido a grande santidade e virtude destes.


P: Nobis quoque peccatoribus famulis tuis, de multitudine miserationum tuarum sperantibus, partem aliquam et societatem donare digneris, cum tuis sanctis Apostolis et Martyribus: cum Joanne, Stephano, Matthia, Barnaba, Ignatio, Alexandro, Marcellino, Petro, Felicitate, Perpetua, Agatha, Lucia, Agnete, Caecilia, Anastasia, et omnibus sanctis tuis: intra quorum nos consortium, non aestimator meriti, sed veniae, quaesumus, largitor admitte. Per Christum Dominum nostrum

Conclusão do cânon:

Na primeira parte o celebrante faz uma referência a Nosso Senhor que nos dá a Eucaristia que nos opulenta com as riquezas da salvação. Na sua segunda parte trata-se de uma homenagem a Santíssima Trindade, homenagem prestada por Nosso Senhor Jesus Cristo pregado na Cruz do Calvário.


P: Per quem haec omnia, Domine, semper bona creas, sanctificas † , vivificas † , benedicis † et praestas nobis.
P: Per ipsum † , et cum ipso † , et in ipso † , est tibi Deo Patri † omnipotenti, in unitate Spiritus † Sancti, omnis honor et gloria.
P: Per omnia saecula saeculorum.
R: Amen
Fonte: Doutrina Católica - Manual de instrução religiosa para uso dos Ginásios, Colégios e Catequistas voluntários - Curso Superior - Terceira parte - Meios de Santificação - Liturgia - Livraria Francisco Alves - Editora Paulo de Azevedo Ltda - São Paulo; Rio de Janeiro; e Belo Horizonte - 1927

Um comentário:

Rodrigo disse...

Olá!
Fico feliz de ter achado novamente seu blog. O meu, o antigo, tive que tirar do ar devido a problemas também...
Bem, apareça por lá e dê suas opiniões...
Abraço