domingo, 10 de fevereiro de 2008

I Domingo da Quaresma: "E vieram anjos e serviram-no"(Ev.)




Neste domingo, que era outrora o primeiro dia da Quaresma, reuniam se todos na estação da Basílica do Santíssimo Salvador em Roma.




Toda a liturgia inspira um pensamento de fortificante confiança, desde o Intróito, Gradual e Ofertório até à Comunhão compostos todos com versículos do Salmo 90 que vem quase por inteiro no tracto e se repete pela Quaresma, para ser por assim dizer, o diapasão da vida nova, de bom combate, que devemos levar nestes dias. E não são acaso as lutas do Salvador, que se vão desenrolando diante de nós, para nos encorajar na batalha? A Igreja pelo menos, assim no-la dar a entender, propondo a nossa meditação o evangelho que refere a tentação de Cristo. Era a missão que empreendera de esmagar a Satanás que começava, e feri-la a Igreja neste princípio de Quaresma para querer indicar o verdadeiro motivo de confiarmos na vitória. O senhor triunfou e a Igreja diz-nos que podemos triunfar com ele, porque afinal é que a tentação e o combate que se desenrola em nós e a nossa volta, são a tentação e o combate e também a vitória de Cristo. O nosso esforço é dele, a nossa força também é dele e o nosso triunfo na Páscoa é dele também. Empreendamos, pois, generosamente o bom combate cuja estratégia o Apóstolo em grandes linhas nos traça na Epístola da Missa. Encorajemo-nos com este pensamento de que o progresso espiritual nas almas é a vitória de Cristo que se prolonga e que o combate necessário para a garantir já foi dado. Estes dias da Quaresma são tempo de salvação, são o tempo favorável que nos permite marcar posições definitivas no combate incessante do espírito contra a carne. E a Igreja nos convida com maternal solicitude a terçar armas neste prédio glorioso, para celebrarmos purificados na alma e no corpo o mistério sublime da Paixão do Senhor.




É verdade, diz São Leão em Matinas, que deveríamos viver sempre diante de Deus com as mesmas disposições requeridas para a condigna celebração dos mistérios pascais. Mas, porque isto é virtude e apanágio de poucos e porque a fragilidade humana tende sempre para o relaxamento, aproveitemo-nos ao menos a Quaresma para recuperarmos o perdido e reparemos, pela penitência e boas obras, as faltas e negligências do outro tempo.

Evangelho de Domingo:

Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus: Naquele tempo:
Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio.
Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome.
O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães.
Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Dt 8,3).
O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe:
Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (Sl 90,11s).
Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16).
O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe:
Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares.
Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13).
Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960.

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