sexta-feira, 30 de junho de 2006

Cor das vestimentas sacerdotais

Entre os Judeus os sacerdotes, por ordem de Deus, usavam vestes de diferentes cores (Ex. XXVIII, 39); o branco, o vermelho, e o azul desempenhavam no templo papel importante. — Os pagãos também exigiam que as vestes dos seus sacerdotes fossem brilhantes de alvura. É por isso, sem dúvida, que os primeiros cristãos, anteriormente judeus e pagãos, empregavam diferentes cores no culto divino. Aquêles que servem a Deus no céu estão vestidos com magnificência (de virtudes e dons sobrenaturais) e o trono de Deus está rodeado de um arco-íris de sete cores (Apoc. IV); ora a Igreja militante da terra, que é uma imagem da Igreja triunfante, quis recordar esta descrição do céu pelo emprego das cores litúrgicas, que muito concorrem para o esplendor do culto. O segundo motivo que a própria terra, em virtude da sua rotação ao redor do sol, muda de cor segundo as estações; a Igreja, que gosta de seguir a marcha da natureza como se vê na harmonia das principais festas com as diferentes partes do ano, sentiu-se levada a variar as suas cores no culto, que é o seu movimento em torno do sol de justiça. Os homens são de seu natural levados a tornar conhecidos seus sentimentos pela diversidade das cores, e a Igreja que se adapta de boamente aos desejos inocentes da natureza humana, escolheu certas cores para o culto divino.

I. As cores litúrgicas são: o branco, o vermelho, o verde, o violáceo (roxo) e o negro (e azul).[1]A cor branca, cor da luz e da claridade, é simbolo das alegrias eternas (da claridade no céu), da inocência e da pureza (que são sempre acompanhadas de uma viva iluminação da inteligência). — O vermelho é a cor do fogo e do sangue, e torna-se símbolo do amor e do martírio.— O verde, cor da primavera, é emblema da esperança. — O azul é a cor do céu e da água: simboliza a fé. — O violáceo (roxo), cor do crepúsculo, é cor triste e significa penitência e purificação, e conseguintemente a humildade. — O negro, atributo da noite, representa a morte que extingue a luz da vida. Significa também a tristeza, porque a obscuridade entristece ordinariamente o coração, ao passo que a luz o alegra.

1. A cor branca usa-se nas festas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, dos Anjos e dos Confessores [2]Jesus Cristo é a Luz do mundo, isento de todo o pecado. — A Virgem santa deu à luz a “Luz do Mundo” e foi preservada da mancha do pecado original. — Os anjos encontram-se na luz eterna e gozam de uma santidade perfeita: aparecem quase sempre revestidos de roupagens brancas e assim costuma representá-los a arte cristã, tão expressiva no seu simbolismo. — Os santos confessores resplandeceram já sobre a terra de grande claridade e fizeram brilhar diante dos homens a luz das suas boas obras. — Na festa da Natividade de S. João Batista, apesar de ele ter sido mártir, a Igreja serve-se da cor branca, porque ele foi santificado já antes de nascer.

2. A cor vermelha usa-se no dia de Pentecostes festas dos Mártires.No dia de Pentecostes o Espírito Santo, que acende em nossos corações o fogo do amor de Deus e do próximo desceu sobre os Apóstolos em forma de línguas de fogo.— Os santos mártires derramaram o seu sangue por Jesus Cristo e mostraram assim o seu imenso amor, porque ninguém tem mais amor do que quem dá a própria vida por Jesus Cristo. Serve ainda a cor vermelha as festas da Santa Cruz, em memória do sangue que Jesus Cristo nela derramou por todos nós.

3.A cor verde usa-se nos domingos depois da Epifania e nos domingos depois de Pentecostes (antes da Quaresma e do Advento).Nos domingos depois da Epifania a Igreja celebra primavera, isto é, a juventude de Jesus Cristo e a sua entrada na vida pública, que deu ao mundo a esperança da salvação; nos domingos depois de Pentecostes a Igreja celebra a sua própria juventude ou primavera, isto é, a germinação do grão de mostarda do reino de Deus.

4. A cor violácea (roxa) serve no tempo do Advento, durante a quaresma e nos dias de jejum e nas Rogações.O Advento é a época da expectação e do desejo do divino Salvador e da penitência dos pecados de que ele nos vem libertar; a quaresma recorda-nos o tempo do jejum e da paixão de Jesus Cristo. O violáceo (roxo) serve também na administração dos sacramentos da Penitência, da Extrema-Unção e do Batismo (até ao lançamento da água) e nas rogações. .

5. A cor negra usa-se na Sexta-feira Santa e nas missas pelos defuntos.Nos paramentos pretos da missa encontram-se às vezes ornatos brancos, com o que se mostra que as almas do purgatório breve irão gozar de Deus no céu. Na missa pelos meninos batizados falecidos só se usa a cor branca porque, tendo morrido na idade da inocência e com a graça do batismo, vão logo para o céu.II. Estas várias cores simbolizam também toda a vida de Jesus Cristo, servem para nos indicar o sentido das solenidades e animam- nos a levar uma vida cristã, agradável a Deus.As cores mostram-nos a significação das festas do ano eclesiástico. As cores do ciclo do Natal dizem-nos: (roxo no Advento) que Jesus Cristo Salvador do mundo foi esperado durante 4.000 anos na fé e na penitência; (branco no Natal) — que nasceu para alegria da humanidade; (verde nos domingos depois da Epifania) e que durante a juventude e a sua vida pública encheu o universo com a esperança da salvação. — As cores do ciclo da Páscoa. dizem-nos: (roxo na quaresma) que Jesus Cristo teve de sofrer muito por nós; (negro na Sexta-feira santa) morrer por nós; (branco na Páscoa e na Ascensão) e entrar assim na glória do céu. — As cores do ciclo de Pentecostes dizem-nos: (vermelho no Pentecostes) que o divino Salvador enviou o Espírito de amor, (verde nos domingos depois de Pentecosres) e que então começou a primavera do reino do Salvador, da Igreja, esperança de toda a humanidade. — As cores na linguagem da Igreja são ainda uma viva pregação moral. Pelo branco a Igreja exorta-nos a tender para a santidade; pelo vermelho anima-nos ao amor de Deus; pelo verde, adverte-nos que não procuremos o céu sobre a terra, mas coloquemos a nossa esperança na pátria futura; pelo roxo (violáceo), convida-nos à penitência; pelo negro, recorda-nos a morte e exorta-nos a orar pelos nossos queridos defuntos.


Nunca admiraremos demais a sabedoria com que a Igreja organizou o culto divino!(Retirado do: Catecismo Católico popular – Francisco Spirago. 1907)[1] Alguns misticos viram na própria criação simbolismo das cores litúrgicas. Deus criou primeiro luz (branco), que separou das trevas (negro). No segundo dia criou o azul do firmamento, do qual separou as águas azuladas; no terceiro dia criou os vegetais que são de cor verde e, no quarto, os astros, cor de fogo (vermelho).[2] Por privilégio especial algumas igrejas usam a cor azul na missa da Imaculada Conceição. Em Portugal goza deste privilégio a capela da Universidade de Coimbra. (O simbolismo desta cor consiste em recordar que naImaculada Conceição tudo foi celestial, e o azul é cor do céu).
Postado por Fernando Z. Bodini às 00:19

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