sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Retrospecto do mês: Uma análise dos acontecimentos do mês de Novembro e seus antecedentes.




Graças damos ao Deus da vida que nos concedeu chegar até o fim deste mês para elevar um louvor agradável a sua misericórdia. Peçamos caros irmãos pelas almas dos fiéis que faleceram este mês e que não puderam estar conosco neste mês que termina hoje.


O Mês de Novembro tem uma particularidade, ele é dedicado aos fiéis defuntos. Todos os que morreram na graça de Deus Nosso Senhor, se encontram em via purgativa ou diante da face divina. O dia de finados é um dia também reflexivo, que nos recorda a maior de todas as certezas sobre a nossa vida: a morte. "Orai e vigiai pois não sabeis o dia e a hora"! Não sabemos o dia da morte, por isso o cristão deve estar sempre vigilante quanto seu estado de graça. Morrendo em pecado mortal, isso significa a morte eterna, e morrendo em estado de graça teremos a vida eterna.



Uma das minhas observações em relação de como se comportam as pessoas, se faz quando morre um parente ou um amigo. Nos velório observa-se que as pessoas perderam o costume de usar vestes comportadas e de luto. O que pode parecer uma observação fútil, na verdade demonstra que a nossa sociedade atual perdeu ricos valores como luto, solidariedade, respeito e sacralidade. A morte significa que nosso parente e amigo está diante do grande juiz que dará sua sentença eterna até o dia de sua ressurreição. O luto que representa nossa dor e nossas condolências diante do falecido, mostra que estamos ausentes para as alegrias terrenas ao ter uma perda insubstituível. As roupas não decotadas e de gênero menos esportivo, mostra que não estamos num clube, ou em um passeio, mas sim num local de respeito e de sacralidade. Lamentavelmente as pessoas perderam (nem todos), essas formas expressivas de dor e respeito que temos nesses momentos difíceis da vida.



O mês de novembro foi testemunha dos conflitos que andam incendiando a América Latina. As políticas ditatoriais de Hugo Chaves e Evo Morales tem provocado "tremores" na política dos países Sul-americanos. Ditaduras de cunho comunista e de esquerda tem causado danos irreparáveis ao continente católico. Afirmar que tais chefes de estados não são de extrema-esquerda é uma mentira sem sentido. Ambos se baseiam em ideais revolucionários e socialistas da política de esquerda. Muitos deles encontram adeptos no Brasil que inclusive já promovem seminários em favor do Venezuelano.



Enquanto isso a economia e política global caminha rumo à globalização. Muitos pensam o que um blog católico tem a ver com esse assunto? A resposta é simples: Tudo a ver! Isso porque a globalização implica com determinados assuntos que afetam de maneira particular os católicos. A globalização torna o mundo cada vez mais dependente de uma economia e forma de ação de mercado que não favorece a maioria da população, gerando mais miséria e desigualdades. A globalização destrói valores e princípios religiosos, morais e éticos em nome do lucro. Além disso destrói a particularidade de cada povo e nação em busca de uma sociedade que siga os valores determinados pela elite reinante. Uma verdadeira abominação que que visa escravizar as nações em nome do interesse de poderosos que não pensam no bem-estar coletivo, mas em seus interesses. Exemplo: A União Européia e sua constituição que não reconhece as raízes cristãs da Europa e nem a soberania de Deus.



Mais um Natal se aproxima, e com ele o apelo consumista que tirou o espirito de acolhimento, pobreza e humildade da festa para torná-la na festa do materialismo. Espero que os caros leitores lembrem-se que o Advento é um período de penitência e de vigilância. Deus está preste a voltar em sua glória. A primeira vinda do filho de Deus foi a da misericórdia, para chamar os que são seus, e a segunda vinda será da Ira, para julgar e ferir com ferro e fogo os que não aceitaram sua verdade. Peço orações de todos e a benção de Deus para que este Natal seja luz para iluminar os que estão nas trevas do erro e da apostasia.



Feliz Novo Ano Litúrgico!

Teologia Ascética e Mística: Da elevação do homem ao estado sobrenatural - Noção sobrenatural




Hoje iniciamos um estudo concentrado nas origens sobrenaturais do homem. A partir deste dia iremos focar nossa atenção sobre a vida sobrenatural e suas origens. Iniciaremos no homem e logo em seguida passaremos pela história salvífica do povo de Deus. A primeira parte deste estudo inicia no 2º capítulo da série de postagens. Depois de entender a logística dos pecados e das vias que conduzem as almas dos principiantes, tomaremos a cabo o assunto.



Noção sobrenatural



Sobrenatural, em geral, é tudo o que supera a natureza de um ser, as forças atuais; as suas exigências e os seus merecimentos.



Distingue-se duas espécies de sobrenatural:



O Sobrenatural Absoluto ou por essência (quoad substantiam) é um dom divino feito à criatura inteligente, o qual transcende absolutamente as exigências de toda a criatura, ainda mesmo possível, neste sentido que não só não pode ser produzido, mas nem sequer postulado, exigido, merecido por ela; excede, pois, não somente todas as suas capacidades ativas, mas ainda todos os seus direitos e exigências. É algo finito, pois que é um dom concedido a uma criatura; mas ao mesmo tempo é algo de divino, visto que só o divino pode sobrepujar as exigências de toda a criatura. Mas é divino comunicado, participado dum modo finito, e assim evitamos o panteísmo. Não há em realidade senão duas formas de sobrenatural por essência: a Encarnação e a graça santificante.



No primeiro caso, une-se a Deus à humanidade na pessoa do Verbo, de tal sorte que a natureza humana de Jesus tem por sujeito pessoal a segunda pessoa da Santíssima Trindade, sem ser alterada como natureza humana, é verdadeiramente Deus, quanto a sua personalidade. É esta uma união substancial, que não funde duas naturezas em uma só, senão que as une, conservando-lhes a integridade, em uma só e mesma pessoa, a pessoa do Verbo; é pois, uma união pessoal e hipostática. É o mais alto grau de sobrenatural quoad substântiam.



A graça santificante é um grau menor deste mesmo sobrenatural. Por ela, conserva o homem, sem dúvida, a sua personalidade própria, mas é modificado divina, posto que acidentalmente, na sua natureza e capacidade de ação; torna-se não certamente Deus, mas deiforme, isto é, semelhante a Deus, divinae consors naturae, capaz de atingir a Deus diretamente pela visão beatífica, quando a graça for transformada em glória, e de o ver face a face, como ele se vê a si mesmo: privilégio que evidentemente, sobrepuja as exigências das mais perfeitas criaturas, pois, que nos faz participar da vida intelectual de Deus, da sua natureza.



2º O sobrenatural relativo ou quanto ao modo (quoad modum) é em si uma coisa que não transcende as capacidades ou exigências de toda a criatura, mas somente as de alguma natureza particular. Assim por exemplo a ciência infusa, que sobrepuja as capacidades do homem, não porém as do anjo, é sobrenatural deste gênero.



Deus comunicou ao homem estas duas formas de sobrenatural: com efeito, conferiu aos nossos primeiros pais o dom de integridade (sobrenatural quoad modum) que, completando-lhes a natureza, a dispunha à recepção da graça, dom sobrenatural quoad substântiam: o complexo destes dois dons constituiu o que se chama a justiça original.



(Fonte: Compêdio de Tologia Ascética e Mística - Ed. Apostolado da Imprensa - 1961)






São Saturnino, Bispo e Martir



São Saturnino era de Cartago e sofreu o martírio durante a perseguição de Diocleciano. Primeiramente foi condenado a trabalhos forçados na construção das termas que o Imperador quis levantar na Colina Viminal. Juntamente com São Sizínio, foi decapitado na Via Nomentana. São Saturnino é um dos santos mais populares na França e na Espanha. Segundo a Paixão de Saturnino (430-450), ele era bispo de Toulouse, em 250, sob o consulado de Décio e Grato. É o protetor das corridas. Isto porque, segundo a Paixão, recusando-se a sacrificar um touro sobre o altar de Júpiter, foi amarrado ao pescoço do animal que, arrastando o santo pelas escadarias do templo, despedaçou os seus membros.


quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Dia nacional de Ação de graças



Hoje é o dia nacional de ação de graças no Brasil. Todo o dia é dia de rendermos graças ao Senhor Onipotente criador do Céu e da Terra, mas o dia de hoje foi criado de forma a recordar esta nossa obrigação para com Deus Nosso Senhor. Render graças é reconhecer que tudo e todos tem sua origem em uma única pessoa. Devemos hoje render graças por mais um ano que está preste a findar e por outro que se aproxima. Nesta última quinta-feira depois de Pentecostes, devemos olhar para o Céu e render graças por toda nossa existência e pelos bens que Deus nos tem proporcionado.


Hoje é um dia de reflexão em que ao reconhecermos que os bens são provenientes de Deus, também devemos reconhecer que os males são causados pela desordem originária do pecado. Os males da sociedade, e que também são nossos, são provenientes da miséria humana, fruto do egoísmo que impele que outros possam ter acesso aos bens que Deus nos concede. Rendamos graças a Deus e peçamos também para que nosso coração se torne semelhante ao coração generoso de Deus, que faz o bem sem olhar a quem e que faz brilhar o Sol para os justos e para os maus.


TE DEUM
Te Deum laudamus: te Dominum confitemur.
Te æternum Patrem omnis terra veneratur.
Tibi omnes Angeli, tibi Cæli, et universæ Potestates: Tibi Cherubim et Seraphim incessabili voce proclamant: Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus Sabaoth.
Pleni sunt cæli et terra majestatis gloriæ tuæ.
Te gloriosus Apostolorum chorus, Te Prophetarum laudabilis numerus, Te Martyrum candidatus laudat exercitus.
Te per orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia, Patrem immensæ majestatis: Venerandum tuum verum et unicum Filium: Sanctum quoque Paraclitum Spiritum. Tu Rex gloriæ, Christe.
Tu Patris sempiternus es Filius, Tu, ad liberandum suscepturus hominem, non horruisti Virginis uterum.
Tu, devicto mortis aculeo, aperuisti credentibus regna cælorum. Tu ad dexteram, Dei sedes, in gloria Patris. Iudex crederis esse venturus.
(Ao versículo seguinte, todos se inclinam) Te ergo quæsumus, tuis famulis subveni, quos pretioso sanguine redemisti.
Æterna fac cum Sanctis tuis in gloria munerari.
Salvum fac populum tuum, Domine, et benedic hereditati tuæ.
Et rege eos, et extolle illos usque in æternum.
Per singulos dies benedicimus te; Et laudamus Nomen tuum in sæculum, et in sæculum sæculi.
Dignare, Domine, die isto sine peccato nos custodire.
Miserere nostri domine, miserere nostri.
Fiat misericordia tua, Domine, super nos, quemadmodum speravimus in te.
In te, Domine, speravi: non confundar in æternum.
V. Benedicamus Patrem, et Filium, cum Sancto Spiritu.
R. Laudemus, et superexaltemus eum in sæcula.
V. Benedictus es, Domine, in firmamento cæli.
R. Et laudabilis, et gloriosus, et superexaltatus in sæcula.
V. Domine, exaudis orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.
V. Dominus vobiscum.
R. Et cum spiritu tuo.
Oremus.
Deus, cujus misericordiæ non est numerus, et bonitatis infinitus est thesaurus: + piissimæ maiestati tuæ pro collatis donis gratias agimus, tuam semper clementiam exorantes; * ut, qui petentibus postulata concedis, eosdem non deserens, ad præmia futura disponas. Per Christum Dominum nostrum.
R. Amen.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Catecismo Online: "Morto e sepultado" (Parte III)

É preciso explicar as causas da Paixão, para que apareça a grandeza e intensidade do amor de Deus para conosco.


Quem quiser saber por qual razão o filho de Deus se sujeitou ao mais cruel dos sofrimentos verá que, além da culpa hereditária dos nossos primeiros pais, a causa principal são os vícios e os pecados que os homens cometeram, desde a origem do mundo até a presente data, e os que hão de cometer futuramente, até a consumação dos séculos.



Pela sua Paixão e Morte, o Filho de Deus e Salvador nosso tinha em mira resgatar e destruir os pecados de todas as gerações, e por eles oferecer ao Eterno Pai uma satisfação completa e exuberante.



Sobe de ponto a sublimidade de sua Paixão, porque Cristo não só sofreu pelos pecadores, mas também por aqueles que são autores e instrumento de todas as penas sofridas.



Lembra-nos o apóstolo que nesta circunstância, quando escreve aos hebreus: "Considerai Aquele que dos pecadores sofreu tanta contradição contra si mesmo. Assim não desanimareis as nossas fadigas" (Heb 12,3).



Devem julgar-se responsáveis de tal culpa todos aqueles que reincidem muitas das vezes em pecados. Já que nossos pecados arrastam Nosso Senhor Jesus Cristo ao suplício da Cruz, todos os que chafurdam em vícios e pecados, fazem quanto podem, para de novo crucificar "em si mesmo o filho de Deus, e cobri-lo de escárnios" (Heb 6,6).



Tal crime assume em nós caráter mais grave, do que no caso dos judeus; porquanto estes, no sentir do Apóstolo, "nunca teriam crucificado o Senhor da glória, se o tivessem conhecido" (1Cor 2,8). Nós porém que afirmamos conhecê-lo, nem por isso deixamos, por assim dizer, de levantar mãos violentas contra Ele, todas as vezes que o negamos em nossas obras.



Pela doutrina da Sagrada Escritura, Cristo foi entregue pelo Pai e por Si mesmo.



Deus Pai diz pela boca do profeta Isaías: "Eu o feri por causa da maldade do povo" (Isa 53,8). E pouco antes, ao contemplar, por inspiração do Espírito Santo, o Senhor coberto de chagas e feridas, o mesmo profeta havia declarado: "Todos nós nos desgarramos à maneira de ovelhas. Cada qual se extraviou para o seu caminho. E o Senhor descarregou sobre ele a iniqüidade de todos nós." (Isa 53,3).



Do filho porém está escrito: "Se der sua vida pelo pecado verá uma longa posteridade" (Isa 53,10).



O apóstolo confirmou esta verdade em termos mais incisivos, ao mesmo tempo que nos queria mostrar quanto podíamos esperar da imensa bondade e misericórdia de Deus. Diz ele: "Não poupou nem o seu próprio filho, mas entregou-o por todos nós. Como não nos poderia ter dado todas as coisas juntamente com ele?"(Rom 8,32)



(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed Vozes - 1962)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Liturgia: Vestes e insígnias episcopais

Além da batina roxa, temos as seguintes insígnias episcopais:


Sandálias: Na disciplina antiga da Igreja, o padre não podia subir ao altar com um calçado comum. Os bispos conservaram este costume de usar sandálias de seda bordada e ouro.



Cruz peitoral: Era costume dos primeiros cristãos trazerem consigo algum objeto sagrado que evocasse a lembrança de Nosso Senhor. Em ocorrências de perigo extremo, chegavam a levar consigo no peito a Santíssima Eucaristia. Mais tarde, usou-se a cruz como distintivo dos cristãos. Desde o século XIII, ficou reservada aos bispos.



Tunicelas: São as dalmáticas dos diáconos e a túnica do subdiácono. Esta túnica menor de seda mito leve, o bispo veste por cima do amito e alva. Tem por fim simbolizar a plenitude das ordens que o bispo recebeu e o poder que ele tem em comunicá-las.



Luvas: No altar o bispo usa luvas de cores variadas, conforme o ofício do dia. Os liturgistas interpretam como sinal de pureza de coração.



Anel: O bispo utiliza-se também de um anel, que simboliza sua união existente com a diocese local.



Mitra: (latim: mitra, faixa) - Nas origens a mitra era uma faixa estreita, presa a fronte por meio de cordões. Atualmente, vem a ser uma espécie de capacete de forma elevada, cheio de bordados e jóias, com duas fitas atrás caindo nas costas, vestígios dos cordões que outrora seguravam a mitra na cabeça do bispo. A mitra indica o poder episcopal e o zelo que lhe compete em prol da religião.



Báculo: É um bastão de uso muito remoto. Já o vemos no século IV. Era de madeira e alguns liturgistas atribuem como uma bengala, já que o bispo geralmente é uma pessoa idosa. O báculo representa o cajado do pastor que assiste a obrigação de dirigir o rebanho e de guardá-lo no aprisco, mostrando ser severo quando for preciso. É uma insígnia de jurisdição e, por isso, o bispo não o pode usar fora da sua diocese. Nem o pode usar no ofício dos fiéis defuntos, porque a Igreja militante nenhuma jurisdição possui sobre a igreja padecente.



Capa Magna: É um manto de lã ou de seda roxa, mais amplo e mais comprido que o manto comum.



Gremial: Pedaço de tecido que se coloca no joelho do bispo quando este de encontra sentado.



Candela: É uma espécie de candelabro portátil. Seguram-no aceso junto do bispo quando lê algum texto durante a cerimônia. É para homenagear a dignidade do bispo.

Santa Catarina de Alexandria, Virgem



Santa Catarina nasceu no ano 300, em Alexandria, no Egito, numa época em que existia uma forte perseguição aos cristãos. Pertencente a uma família nobre, estudou filosofia, teologia e outras ciências. Além de muito inteligente e culta, era dotada de singular beleza. Fascinado por seus encantos, o imperador Maximino Daia procurou divorciar-se de sua esposa a fim de se casar com Catarina. Diante de sua recusa, ele convocou cinqüenta sábios com o objetivo de convencê-la de que Jesus não era Deus e fazê-la abandonar a sua fé. Entretanto, a Santa não somente refutou as posições dos sábios, como converteu-os ao cristianismo. Furioso pela derrota, Maximino mandou executar todos os sábios e torturá-la sob uma roda com pontas de ferro que, em contato com o seu corpo, quebrou-se ao meio e nada fez contra ela - por causa disso, Santa Catarina é invocada pelos que trabalham com rodas. Foi ordenado, então, que ela fosse decapitada. Quando deceparam sua cabeça, do seu pescoço começou a brotar leite ao invés de sangue -daí, ser ela invocada pelas mães que, tendo pouco leite, precisam amamentar seus filhos. Os relatos de seu martírio continuam. Contam que os anjos desceram dos céus e levaram seu corpo para o Monte Sinai, onde mais tarde teria surgido um mosteiro consagrado à sua memória. Em exaltação à Santa Catarina, foram levantadas numerosas igrejas em toda a Europa. Por sua sabedoria, a Santa é invocada como protetora pelos estudantes, intelectuais e filósofos. Literatura e arte celebraram os louvores e imortalizaram sua figura. A Universidade de Paris escolheu-a como padroeira. E o Brasil honra-se em tê-la protetora de um Estado, que leva seu nome.
O dia 25 de novembro é dedicado a Santa Catarina de Alexandria.



domingo, 25 de novembro de 2007

24º e Último Domingo depois de Pentecostes: "Então aparecerá no céu o sinal do filho do homem". (Ev.)



O ciclo litúrgico termina com esta ultima semana do ano eclesiástico, e com ela a história do mundo, que nos veio revelando desde a origem, no Advento até o seu término no último domingo depois de Pentecostes.


O breviário e o missal chamam a atenção para o fim do mundo e para o juízo final. Eis que o Senhor vai sair do seu lugar - diz o profeta Miqueias nas lições das orações de Matinas (Ofício divino). Descerá e pisará os altos da Terra. Destruirá as montanhas. E os vales fundir-se-ão como a cera na chama e como as águas que rolam para o abismo. E fará tudo isso por causa dos crimes de Jacó e dos pecados da casa de Israel. Depois de fulminar Israel com estas ameaças, o Profeta há de revelar a promessa de salvação. Cristo nascerá em Belém, e seu reino, o reino de Jerusalém celeste não terá fim. Os profetas Nahum, Abacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias, que se leram durante a semana, confirmam o vaticínio de Miqueias. E Jesus no Evangelho começa por evocar a profecia de Daniel, que anuncia a a ruína total e definitiva do templo de Israel pelas armas romanas. Aquela abominável desolação era o castigo que o povo merecera por haver elevado ao auge, a sua infidelidade, rejeitando a pedra angular, que era Jesus Cristo. E nós sabemos como a profecia se realizou alguns anos após a morte do Salvador. A angústia foi tanta que se o assédio durasse por mais algum tempo nenhum judeu teria escapado da morte. Deus abreviou, porém, aqueles dias, para que se convertesse os que se salvassem depois desta prova tão rude. Assim acontecerá no fim do mundo "Tunc, então", quer dizer, quando Cristo voltar as atribulações serão mais angustiantes ainda. De novo reinará a abominação da desolação, porque "o homem da iniqüidade da oposição levantar-se-á, segundo o apóstolo, contra tudo que está ligado a Deus, e há de se sentar no templo e exigir um culto de divindade". Mas ainda Deus aqui abreviará estes dias terríveis por causa dos eleitos. Virá então o Senhor, não como da primeira vez, apagado e humilde num recanto da Terra, mas coroado de glória e fulgurante como um relâmpago. Os eleitos voarão ao seu encontro como as águias. Os cataclismos dos Céus e da terra darão sinais de sua vinda e todas as tribos verão o estandarte flutuante da Redenção e do filho do homem que se aproxima com grande poder e majestade. "Quando os maus desejos se apoderam de vós, comenta São Basílio, queria que pensassem naquele tribunal terrível onde todos de nós iremos ter de comparecer. Conduzidos um a um, nós, que estamos aqui a falar, daremos contas na presença do Universo de todas as ações de nossas vidas. E então aqueles que pecaram gravemente ver-se-ão cercados de anjos terríveis e disformes que os arrastarão para os abismos infernais e de confusão eterna. Isto deveis temer, e penetrados deste temor, servi-vos dele como um freio para cobrir a alma dos vícios e do pecado." E a Santa Igreja, instituindo no pensamento do Santo Doutor, exorta-nos pela boca de São Paulo, anda de maneira digna do Senhor, e há de frutificar de todas as espécies de obras, para que, fortalecidos com a graça divina, soframos com alegria e paciência as contrariedades da vida. Dando graças ao Pai que nos deu parte na herança do seu filho Nosso Senhor Jesus Cristo.


No fim dos tempos, tendo vencido totalmente os inimigos, que ressuscitarão para o castigo, e feito rei incontestável dos eleitos, que esperavam a sua vinda para entrar de corpo e alma na glória, Cristo deporá nas mãos do Pai o reino que conquistou por meio do seu Sangue, como homenagem perfeita da cabeça e dos membros. E será então a verdadeira Páscoa, a passagem plena a terra da promessa, a conquista e a ocupação definitiva da Jerusalém celeste, onde, nesse templo que não é obra humana, louvaremos o nome de Deus para sempre.


Evangelho de Domingo:


Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Mateus: Naquele Tempo:
Jesus disse a seus discípulos: Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel (9,27) - o leitor entenda bem o que é dito - então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas.
Aquele que está no terraço da casa não desça para tomar o que está em sua casa.
E aquele que está no campo não volte para buscar suas vestimentas.
Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentarem naqueles dias!
Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado;
porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será.
Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.
Então se alguém vos disser: Eis, aqui está o Cristo! Ou: Ei-lo acolá!, não creiais.
Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres a ponto de seduzir, se isto fosse possível, até mesmo os escolhidos.
Eis que estais prevenidos.
Se, pois, vos disserem: Vinde, ele está no deserto, não saiais. Ou: Lá está ele em casa, não o creiais.
Porque, como o relâmpago parte do oriente e ilumina até o ocidente, assim será a volta do Filho do Homem.
Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
Logo após estes dias de tribulação, o sol escurecerá, a lua não terá claridade, cairão do céu as estrelas e as potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu cercado de glória e de majestade.
Ele enviará seus anjos com estridentes trombetas, e juntarão seus escolhidos dos quatro ventos, duma extremidade do céu à outra.
Compreendei isto pela comparação da figueira: quando seus ramos estão tenros e crescem as folhas, pressentis que o verão está próximo.
Do mesmo modo, quando virdes tudo isto, sabei que o Filho do Homem está próximo, à porta.
Em verdade vos declaro: não passará esta geração antes que tudo isto aconteça.
O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.
Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960

São João da Cruz, Doutor e Confessor


Ele nasceu com o nome de João de Ypes de Alvares em Fontiveros, Castilha, Espanha. Foi criado por sua mãe após a morte de seu pai, quando ainda era menino. Ele estudou no Colégio Jesuíta em Medina, e já era aprendiz com a idade de 15 anos no hospital de Nossa Senhora da Conceição. Em 1563 ele entrou para o Monastério dos Carmelitas em Medina do Campo e tomou o nome de João de São Mathias, e após o noviciado foi enviado para o monastério Carmelita perto da Universidade de Salamanca. Ele estudou ali de 1564 a 1568 e foi ordenado em 1567.
João sentiu que os Carmelitas estavam com excesso de frouxidão e ele considerou passar para a Ordem mais dura dos Cartuzianos, mas foi dissuadido por Santa Tereza d‘Ávila. Ela logo depois lançava a famosa reforma na Ordem das Carmelitas. João imediatamente conseguiu permissão para aderir ao rígido ascetismo da regra original da ordem e imediatamente se juntou a Santa Teresa em sua causa. Os dois se tornaram bons amigos e eles em pouco tempo estabeleceram o primeiro monastério dos Descalços em Duruelo, adotando ao mesmo tempo o nome de João da Cruz. O resto de sua vida foi devotado a promoção, reformas e escritos. De 1571 ele foi o reitor do monastério em Alcala ,de 1572 a 1577 foi o confessor do convento da Incarnação em Ávila e conseguiu em 1579 a separação das Carmelitas em Carmelitas Calçadas Descalças, duas comunidades separadas, sendo a Segunda com regras bem mais duras. De 1579 a 1582 ele foi o Reitor do Colégio que ele fundou em Baeza e depois Reitor em Granada e Prior em Segovia.
Através dos anos João sofreu grandes provações. Sofreu vários julgamentos e severas oposição às suas reformas mesmo dentro da Ordem, especialmente daqueles frades que recusavam a validade dos Carmelitas Descalços e tramavam intrigas e esquemas contra Santa Tereza d’Ávila e São João da Cruz. Em 1577, por exemplo, ele ficou preso em uma cela no Monastério de Toledo, escapando após nove meses com um corda feita de pedaços de pano e subiu para a liberdade no dia da Festa da Ascensão. Ele se refugiou no Monastério de El Calvário em Andaluzia.
Ele viveu em constante ameaça da Inquisição Espanhola e foi muito maltratado por Nicola Doria eleito superior da Ordem dos Carmelitas Descalços em 1583. A política de Doria era tão cruel que João se opôs a ele no Conselho Geral em 1591. Isto levou a Doria a retirar dele todos os postos e bani-lo para o Monastério de La Peneula, em Andaluzia. João morreu em 14 de dezembro de 1591 no Monastério de Ubeba. Ele fundou a Ordem dos Hospitaleiros de São João da Cruz destinada a atender os pobres e doentes.
Conhecido como Doutor em Teologia Mística, João era um místico, teólogo e poeta que compôs ricos trabalhos onde encontramos profundas expressões místicas em tratados, em forma de poemas com comentários teológicos. Estes renomados poemas incluem o "Cântico Espiritual ", "Ascensão ao Monte Carmel", "Chama de Amor" e "Noite Sombria da Alma". Através destes trabalhos João apresenta o desenvolvimento da alma humana através da purgação, iluminação e união com Jesus. Ele permanece um dos mais expressivos e profundos teólogos místicos da historia da Igreja. Foi beatificado em 1675, canonizado em 1726 pelo Papa Benedito XIII e declarado Doutor da Igreja em 1926 pelo Papa Pio XI.


sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Teologia Ascética e Mística: Objeto do escrúpulo e seu remédio

Ás vezes é universal o escrúpulo e recai sobre toda a sorte de objetos; antes da ação, aumenta desmesuradamente os perigos que se podem encontrar nesta ou naquela ocasião, aliás bem inocente; depois da ação, povoa a alma as inquietações mal fundadas e facilmente persuade a consciência que caiu em culpa grave.




As mais das vezes, porém, refere-se a certo número de matérias particulares:




a) Às confissões passada: ainda depois de muitas confissões gerais, não fica satisfeito o escrupuloso com medo de não haver acusado tudo, de não ter tido dor, querendo sempre voltar ao princípio; b) aos maus pensamentos: a imaginação está cheia de imagens perigosas ou obscenas, e como produzem certa impressão, receia haver consentido, tem até certeza, apesar de tudo aquilo lhe desagradar infinitamente; c) aos pensamentos de blasfêmia: porque estas idéias lhe perpassam pelo espírito, fica persuadido que houve consentimento, não obstante o horror que lhe causa; d) à caridade: ouviu murmurações, sem protestar energicamente; faltou ao dever da correção fraterna por mero respeito humano, escandalizou o próximo com palavras indiscretas, viu um tumulto e não foi observar se não haveria qualquer acidente de alguém que necessitasse da intervenção de um padre, para lhe dar absolvição, e em tudo isso vê gravíssimos pecados mortais; e) às espécies consagradas, que teme ter tocado indevidamente e quer purificar as mãos e as vestes; f) às palavras da consagração, a recitação integral do ofício divino, etc...




Quando alguém tem a desdita de se deixar dominar pelos escrúpulos, são deploráveis os efeitos que eles produzem no corpo e na alma:




Enfraquecem gravemente e desequilibram suas faculdades mentais: os temores, as angústias incessantes exercem uma ação deprimente sobre a saúde do corpo; podem converter-se numa verdadeira obsessão e produzir uma série de monoideísmo, muito próximo da loucura.




Cegam o espírito e falseiam o juízo: perde-se pouco a pouco, a faculdade de discernir o que é pecado do que o não é, o que é grave do que é leve; torna-se a alma um navio sem leme.




A indevoção do coração é muitas vezes conseqüência do escrúpulo; a força de viver na agitação e confusão torna-se o escrupuloso medonhamente egoísta, entra a desconfiar de toda a gente e até de Deus, que começa a olha com demasiado severo; queixa-se de que o Senhor nos deixa neste infeliz estado, acusa-o injustamente: é manifesto que a verdadeira devoção, em tal estado é impossível.




Vem por fim os desfalecimentos e as quedas. O escrupuloso gasta suas energias em esforços inúteis sobre ninharias, e depois, já não tem força para lutar em pontos de grande importância, porque é impossível fixar a atenção com toda a intensidade, em toda a linha. Daqui a surpresas, desfalecimentos e às vezes faltas graves. E depois, é natural alívio as mágoas; e como encontra na piedade, vai se procurar em outra parte, nas leituras, nas amizades perigosas, o que tantas vezes é ocasião de faltas deploráveis, que lançam a alma no mais profundo desalento.




Quem souber, porém, aceitar os escrúpulos como provação, e corrigir-se deles pouco a pouco, com auxílio de um prudente diretor, encontrará neles preciosas utilidades.




Servem para purificar a alma, porque esta se aplica a evitar os menores pecados, as mais pequeninas imperfeições voluntárias, e assim se adquire uma grande pureza de coração.




Ajudam-nos a praticar a humildade e a obediência, obrigando-nos a submeter as nossas dúvidas ao diretor espiritual com toda a simplicidade e a seguir os seus avisos com plena docilidade não só da vontade senão também do juízo




Contribuem para nos aperfeiçoar na pureza de intenção, desapegando-nos das consolações espirituais e unindo-nos unicamente a Deus, que amamos tanto mais quanto mais ele nos prova.


É logo desde o princípio que se deve combater os escrúpulos, antes que ele tenha lançado profundas raízes profundas na alma. Ora, o maior, ou a bem dizer, o único remédio do escrúpulo é a obediência plena e absoluta a um diretor experimentado. Como a luz da consciência se ofuscou, é mister recorrer a outra luz. Um escrupuloso é um navio sem leme e sem bússola; é necessário pois, tomá-lo a reboque. Deve, por conseguinte, o diretor, ganhar a confiança do escrupuloso e saber exercer a sua autoridade sobre ele para o curar.




(Fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - Ed. Apostolado da Imprensa - 1961)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

22 de Novembro, Apresentação de Nossa Senhora



Depois de celebrarmos no dia 08 de Setembro o Natal da Senhora e, quatro dias depois o seu Santo nome de Maria que lhe foi imposto, vamos celebrar hoje a apresentação no templo dessa filha da benção. As três primeiras festas do ciclo marial são eco do ciclo Cristológico que igualmente celebra o natal do Senhor (25 de Dezembro), o Santíssimo Nome de Jesus (2 de Janeiro) e a Apresentação ao templo (2 de Fevereiro). A festa de hoje já se celebrava no Oriente no século VI. Gregório XI introduziu-a em Avinhão em 1562. Sixto V declarou-a de obrigação para toda a Igreja em 1850, e Clemente VIII elevou-a a uma categoria maior. O oferecimento da Senhora no templo confunde-se com o de Jesus; e o nosso deve confundir-se com o dela naquela unidade perfeita que Deus quer realizar por meio de Jesus Cristo.


Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Catecismo Online: "Morto e sepultado" (Parte II)




Confessamos que Jesus depois de morto foi sepultado. Propõe-se esta parte do artigo, não porque contenha nova dificuldade, além das que já foram resolvidas acerca da sua morte. Na verdade, se cremos que Jesus Cristo morreu, fácil será também persuadir-nos de que foi sepultado.



Acrescentou-se esta circunstância, antes de tudo, para que ficasse acima da menor dúvida a realidade de sua morte. O sinal mais seguro de um trespasse está, pois, em provar-se que o corpo foi sepultado. Este fato devia também dar maior prova e realce ao milagre da ressurreição.




Conforme o dogma da fé expresso por palavras, não cremos só que o corpo de Cristo teve sepultura; mas confessamos antes de tudo que Deus foi sepultado. De maneira análoga, dizemos em toda a verdade, e conforme a fé católica, que Deus morreu, e que nasceu de uma virgem. De fato, assim como a Divindade nuca se apartou do corpo, quando encerrado no sepulcro, assim temos também toda a razão de confessar que Deus foi sepultado.




Quanto a maneira e lugar da sepultura, basta-nos ater à exposição dos Santos Evangelistas. Dois fatos há, aos quais deve voltar a particular atenção. O primeiro é que o corpo de Cristo ficou no sepulcro perfeitamente livre de toda a decomposição, conforme havia vaticinado o profeta: "Não permitirei que vosso santo sofra a corrupção" (Sal 15,10).




O segundo é que todas as partes deste artigo, a saber, a sepultura, a paixão e a morte, são atribuídas a Cristo Jesus, enquanto homem, e não enquanto Deus. O sofrer e o morrer são um quinhão exclusivo da natureza humana. Isto não obstante, enunciamos todas estas coisas em relação a Deus. Como é evidente, podem ser ditas também daquela pessoa que, ao mesmo tempo, é Deus perfeito e perfeito homem.




Após esta exposição, devemos nos ater no propósito da Paixão e Morte de Cristo, em algumas reflexões apropriadas, pelas quais os fiéis consigam, senão compreender, ao menos meditar a profundeza de tão grande mistério.




Em primeiro lugar, devem considerar quem é aquele que suporta todos esses sofrimentos. Realmente, não temos palavras para explicar sua dignidade, nem inteligência capaz de compreendê-la.




São João diz ser o "Verbo que estava com Deus" (Jo 1,1). O apóstolo designa-o, em linguagem sublime, como sendo aquele "a quem Deus constituiu Herdeiro do Universo, e pelo qual também criou os séculos; o qual é resplendor de sua glória e a linguagem de sua essência; o qual sustenta o universo com o poder de sua palavra" (Heb 1,2-3). E aquele que "depois de dar resgate pelos pecados, está sentado a direita da Majestade nas alturas" (Heb 1,2-3).




Para dizer tudo numa palavra, quem sofre é Jesus Cristo, Deus e homem ao mesmo tempo. Sofre o Criador pelas criaturas. Sofre o Senhor pelos seus escravos. Sofre aquele que criou os anjos, os homens, os céus e os elementos da natureza. Aquele, afinal, "em quem, por quem, e de quem subsistem todas as coisas" (Rom 11,36).




Se ele se contorcia aos golpes de tantos tormentos, que muito se abalasse também todo o edifício do mundo, como diz a escritura: "A terra tremeu, e partiram-se os rochedos" (Mt 27,51); "toda a terra se cobriu de escuridão, e o sol perdeu sua claridade". Ora, se até as criaturas mudas e insensíveis prantearam o sofrimento do seu Criador, reconheçam os fiéis com que lágrimas devem exprimir a própria dor, "este que são pedras vivas deste edifício" (1Ped 2,5).




(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed Vozes - 1962)








segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Liturgia: Vestimentas eclesiásticas dos ministros inferiores

Nas missas solenes, os paramentos dos diáconos e subdiáconos são praticamente os mesmo que os do padre, sendo que o diácono não usa a casula. Em vez de casula o diácono usa a dalmática e o subdiácono usa a túnica.


A Dalmática (do latim "dalmática" de "dalmatia", de Dalmácia): Este traje era característico dos dálmatas, habitante da Dalmácia. A Igreja adotou esse traje nas celebrações litúrgicas a princípio reservado aos Papas. Depois fora estendido aos bispos. Finalmente no século IV, determinou o Papa Silvestre que fossem insígnias privativas dos diáconos de Roma. Aos Poucos se modificou a dalmática. As mangas que traziam outrora desapareceram, e foram substituídas por duas tiras que encobre os ombros.


Túnica: Embora sejam vestes próprias do subdiácono, a túnica não difere da dalmática. Primitivamente sim. O tecido e os seus formatos originais eram outros. A túnica não era tão larga e tinha mangas mais curtas Na opinião de alguns liturgistas, foi no colobium que se deu origem a estes paramentos. A túnica alcançava o joelho e tinha mangas muito pequenas; por isso chamavam de colobium, do grego kolobos que significa "cortado".


No aspecto simbólico, é a atribuída a túnica, assim como a dalmática, a alegria de que deve inundar o diácono e ao subdiácono, por serem consagrados a vida aos serviços de Deus.


Sobrepeliz: No começo, a sobrepeliz tinha mais ou menos o tamanho da alva. Depois foi diminuindo até que modernamente ela nunca fica abaixo do joelho. Usam-na os clérigos, quando assistem as cerimônias da Igreja ou desempenham alguma função eclesiástica.


Roquete: Derivou igualmente da alva. É parecido hoje com a sobrepeliz. Tem mangas estreitas, com muitos bordados. De uso exclusivo dos bispos e dos cônegos.


Barrete: O barrete não era conhecido nos primeiros séculos. Nas cerimônias litúrgicas, os padres celebravam as missas com a cabeça coberta pelo amito. Na vida civil tinha um capuz preso ao manto chamado de birrus ou pénula. No século X, julgaram muito difícil e pouco eficaz esta moda de se cobrir. Adotaram, em seu lugar, uma espécie de chapéu redondo e, mais tarde, quadrado, que veio a ser o barrete.


Capa: Também chamada de pluvial. Era um manto grande, aberto na frente do provido de capuz para resguardar da chuva durante as procissões. Passando com o tempo a ser um paramento litúrgico, onde sofreu diversas alterações. Na idade Média, bordaram-na com brocados de ouro e no século XV retiraram-lhe o capuz. O uso de capa é reservado apenas ao sacerdote, porém nos ofícios de bênçãos e nas procissões, tanto a levam os mais categorizados ministros do culto como os clérigos de ordens menores.

Santa Isabel da Hungria, Confessora



Nasceu em 1207 em Presburg, Hungria e era princesa e filha do Rei André da Hungria, casou-se com o príncipe Luís de Thuringa na idade de 13 anos Construiu um hospital no sopé da montanha na qual o seu castelo ficava e ela mesmo cuidava dos doentes. Sua família se opunha a isto, mas ela insistia que deveria seguir os ensinamentos de Cristo.
Certa vez ela estava levando comida para um doente pobre e Luís mandou que ela parasse e olhou debaixo do seu manto, mas em vez de comida ele só encontrou rosas. Este teria sido o seu primeiro milagre. Com a morte de Luís ela vendeu tudo que tinha e deu maior assistência aos pobres e doentes. Diz a tradição que ela curava certos doentes apenas com suas preces.
Como Wartburg era localizado no alto de um morro íngreme e de difícil acesso aos doentes ela construiu um hospital no pé do morro e várias vezes ela mesma alimentava e cuidava dos doentes. Certa vez foi vista carregando para dentro do castelo uma criança pequena com lepra e o colocou em um cama e as criadas da corte se assustaram e chamaram seu marido Luís, para mostrar o que sua esposa havia feito. A chegar e olhar para a criança ele somente viu o Menino Jesus sorrindo para ele. Desmaiou.
Após esse milagre ela, com a benção de seu marido, construiu orfanatos, fundou outro hospital com 28 camas (considerado de bom tamanho para a época) e ainda providenciou para que centenas de pessoas fossem alimentadas diariamente.
Certa vez horrorizada com a coroa de espinhos na cabeça de Jesus, nunca mais usou sua coroa dentro de uma igreja ou capela, e nos dias de jejum e na semana santa e feriados religiosos ela não usava a coroa e nem as vestimentas de rainha e sim modestas vestes comuns, algumas em farrapos. Seus criados e criadas eram proibidas de a servirem ou a atenderem nesses dias. Fazia questão de fazer tudo sozinha.
Ela deu grande quantidade de grãos a uma Alemanha faminta e por isto é a padroeira dos padeiros e dos campos de trigo. Ela faleceu de causas naturais em 1231 em Marburg. Seu túmulo passou logo a ser um local de peregrinação e vários milagres foram creditados a sua intercessão.
Suas relíquias, inclusive seu crânio coberto com o seu véu e com a coroa de princesa, são cuidadosamente preservadas no Convento de Santa Elizabeth em Viena, na Áustria.
Foi canonizada em 1231.
Ela é representada na arte litúrgica como uma mulher carregando pães ou rosas no seu manto, ou usando coroa de princesa ou dando comida a um pedinte.
Sua festa é celebrada no dia 17 de novembro



domingo, 18 de novembro de 2007

18 Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo em Roma



Depois de celebrar no dia 05 de Agosto a dedicação de Santa Maria Maior, e no dia 29 de Setembro, a dedicação de São Miguel, a 09 de Novembro a de São João do Latrão e finalmente no final do ano litúrgico, todas as catedrais e dioceses comemoram a dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo. Todos estes aniversários ocorrem no tempo depois de pentecostes, período em que nos damos mais atenção ao refletir sobre a Igreja, dos quais estes templos são imagens vivas. A Basílica Vaticana de São Pedro e São Paulo fora dos muros, mandadas construir por Constantino no lugar onde constava ter sido o martírio dos dois apóstolos, cede importância apenas a São João do Latrão. São Pedro eleva-se no lugar do circo de Nero e guarda debaixo do altar-mor os restos do chefe da Igreja. É o centro do Cristianismo. Já notável no século IV, foi ampliada mais tarde e finalmente reconstruída no século XVI. Júlio II e Leão X convocaram os mais talentosos artistas do renascimento, e da inspiração de Bramante e Miguel Ângelo saiu a Igreja mais vasta e mais rica do Universo. Foi consagrada por Urbano VIII no dia 18 de novembro de 1626. A Basílica de São Paulo fica no extremo oposto da cidade. Tendo sido completamente destruída no incêndio de 1823, foi reconstruída a mando dos Pontífices Gregório XVI e Pio IX. Este último Pontífice consagrou-a no dia 10 de Dezembro de 1854 e reuniu o aniversário das duas dedicações sob a data primitiva de 18 de Novembro.




Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960

6º Domingo depois da Epifania - 25º Pós Pentecostes: "Revelarei coisas que ficaram ocultas desde a criação do Mundo" (Ev.)



Deus diz São Paulo, falou-nos pelo seu filho, a quem constitui herdeiro de tudo, e o qual, sendo o esplendor da glória do Pai e a figura da sua substância e conservando tudo por meio de sua palavra, quis operar a purificação dos pecados, e agora está sentado a direita de Deus. A nenhum dos anjos disse Deus "Tu és meu filho, hoje mesmo te gerei". E quando o enviou ao mundo disse: "Que todos os anjos o adorem". O Apóstolo, comenta Santo Atanásio, declara Jesus superior aos anjos para evidenciar a diferença que existe entre Cristo, o filho de Deus, e as criaturas. A missa de hoje revela igualmente a divindade de Cristo, tão claramente expressa no ofício de matinas, como acabamos de ver. É Deus, porque revelas as coisas ocultas em Deus e que o mundo ignora. A sua palavra é divina, porque tem o poder de apaziguar as tempestades das paixões e é capaz de produzir na alma de quem a receber maravilhas de fé, de esperança e caridade. A Igreja divina é também. Pega em raiz-divina, na palavra do Senhor, e está admiravelmente figurada nas três medidas de farinha que a força força expansiva do fermento leveda, e no grão de mostarda a mais pequena das sementes, que em breve se torna em um árvore frondosa onde as aves do Céu encontram abrigo.




Meditemos com freqüência o Evangelho para que nos penetre e nos transforme como crescente e se torne, na nossa alma e na nossa vida, árvore frondosa cheia de frutos de santidade. Desta maneira trabalharemos eficazmente no alargamento do Reino de Deus.




Evangelho de Domingo:

Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus: Naquele tempo: Contou Jesus à uma grande multidão esta parábola: O Reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo.
É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos.
Disse-lhes, por fim, esta outra parábola. O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa.
Tudo isto disse Jesus à multidão em forma de parábola. De outro modo não lhe falava,
para que se cumprisse a profecia: Abrirei a boca para ensinar em parábolas; revelarei coisas ocultas desde a criação (Sl 77,2).

Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Teologia Ascética e Mística: A natureza dos escrúpulos

O escrúpulo é uma doença física e moral, que produz uma espécie de loucura na consciência e lhe faz recear, por motivos fúteis, ter ofendido a Deus. Não é enfermidade exclusiva dos principiantes; tanto se encontra neles como nas almas mais adiantadas.


A palavra escrúpulo vem do latim: scrupulus e quer dizer pedrinha. Designou-se durante muito tempo um peso minúsculo, que não fazia inclinar senão as balanças mais sensíveis. Em sentido moral, designa uma razão insignificante, de que somente se preocupam as consciências mais delicadas. Daqui passou a exprimir as inquietações excessiva, que experimentam certas consciências por motivos mais fúteis, de haverem ofendido a Deus. Para melhor lhe conhecermos a natureza, expliquemos a sua providência, os seus graus, a sua distinção entre ele e a consciência delicada.


Providência: O escrúpulo provém umas vezes duma causa puramente natural, outras duma intervenção sobrenatural.


Sob o aspecto natural, é muitas vezes o escrúpulo uma doença física e moral. A doença física que contribui para esta desordem, trata-se de uma espécie de depressão nervosa que torna mais difícil a acertada apreciação das coisas morais, e tende a produzir, sem motivo sério o pensamento opressor de que se cometeu um pecado. Mas há também causas morais, que produzem o mesmo resultado: um espírito meticuloso, que se afoga nas mais ridículas insignificâncias que desejaria ter a certeza absoluta em todas as coisas; um espírito mal esclarecido, que representa a Deus como um juiz não somente severo mas implacável; que, nos atos humanos, confunde a impressão com o consentimento e imagina haver pecado, porque a fantasia foi longa e fortemente impressionada; um espírito obstinado, que prefere seu próprio juízo que ao do confessor, precisamente porque se deixa guiar pelas suas impressões muito mais do que pela razão.



Quando estas duas causas, física e moral, se encontram reunidas, é muito mais profundo o mal, e muito mais difícil de curar.


O escrúpulo pode também provir de uma intervenção preternatural de Deus ou do demônio.

Deus permite essas obsessões, umas vezes para nos castigar, sobretudo da soberba, dos movimentos de vã complacência; outras para nos provar, para nos fazer expiar as faltas passadas, para nos fazer desapegar das consolações espirituais e nos elevar a um grau a mais na santidade; é o que sucede particularmente as almas que Deus quer dispor para a contemplação, como diremos, ao tratar da via unitiva.


O demônio vem por vez enxertar a sua ação sobre uma predisposição mórbida do nosso sistema nervoso, para nos lançar a perturbação da alma: persuade-nos que estamos em pecado mortal, para nos impedir de comungar, ou para nos embaraçar no cumprimento dos nossos deveres de estado; sobretudo porfia enganar-nos sobre a gravidade desta ou daquela ação, para nos fazer pecar formalmente, ainda quando não há matéria de pecado, mormente de pecado grave.


Há evidentemente, muitos graus de escrúpulos: a) ao princípio não é mais que uma consciência meticulosa, excessivamente tímida, que vê pecado onde não há; b) depois, são escrúpulos passageiros que se expõem ao diretor, aceitando, porém, imediatamente a solução que ele dá; c) enfim, o escrúpulo propriamente dito, tenaz, acompanhado de obstinação.

Importa agora distinguir a diferença entre a consciência escrupulosa, da delicada ou timorata.


O ponto de partida não é o mesmo: a consciência delicada ama a Deus com fervor e, para lhe agradar, quer evitar as menores faltas, as menores imperfeições involuntárias; o escrupuloso é guiado por um certo egoísmo, que lhe faz desejar com excessiva ansiedade a segurança de estar em graça.


A consciência delicada, por ter horror ao pecado e por conhecer a própria fraqueza, sente um temor fundado, mas não perturbador, de desagradar a Deus; o escrupuloso alimenta receios fúteis de pecar em todas as circunstâncias.


A consciência timorata sabe manter a distinção entre o pecado mortal e o venial e, em caso de dúvida, submete-se imediatamente ao juízo do seu diretor; o escrupuloso discute asperamente com ele e não se sujeita senão com dificuldade às suas decisões.


Assim como é necessário evitar com todo o cuidado o escrúpulo, assim não há nada mais precioso que a consciência delicada.






(Fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - Ed. Apostolado da Imprensa - 1961)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Catecismo Online: "Morto e Sepultado"




A fé nos ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo foi crucificado e morreu realmente, e foi sepultado. Não é sem motivo que aos fiéis se propõe esta verdade, como objeto de fé explícita; pois não faltaram homens que negassem a morte de Cristo na Cruz.


A este erro doutrinário julgaram os Apóstolos, como toda a razão, que se devia opor a heresia de afirmar que Cristo não morreu na Cruz. E não é possível duvidar da veracidade deste artigo, porquanto todos os evangelistas concordam em afirmar que "Jesus entregou o espírito" (Mt 25,70; Mc 15,37; Lc 23,46; Jo 19,30; IPed 3,18).



Ademais, homem que era perfeito e verdadeiro. Cristo podia também morrer, no sentido próprio da palavra. Ora, o homem morre, quando a alma se aparta do corpo. Portanto, quando dizemos que Jesus Cristo morreu, queremos simplesmente declarar que sua alma se separou do corpo.



Mas não admitindo que o corpo se tenha separado da divindade. Muito pelo contrário. Com fé inabalável confessamos que, separada a alma do corpo, a divindade permaneceu sempre unida, não só ao corpo no sepulcro, como também à alma nos infernos.



Convinha que o filho de Deus morresse, a fim de aniquilar aquele que tinha o poder da morte, isto é, o demônio; e libertar os que, pelo temor da morte, passavam toda a vida na escravidão (Heb 2,14).



O que houve de extraordinário em Cristo Nosso Senhor é ter morrido quando ele mesmo decretou morrer; é ter sofrido a morte por um ato de sua vontade, e não por violência estranha. Foi ele mesmo que decretou não só a própria morte, mas até o tempo e o lugar onde havia de morrer.



Assim pois profetizara Isaías: "Foi imolado, porque ele próprio o quis". Antes da paixão, o Senhor mesmo disse de si próprio: "Eu dou minha vida, para que a tome de novo. Ninguém a tira de mim, Mas eu que a dou de mim mesmo. Tenho o poder de dá-la e tenho o poder de tomá-la de novo" (Jo 10,17-18).



Quando Herodes espreitava a ocasião de lhe dar a morte, Cristo mesmo se declarou a respeito do tempo e lugar: "Ide dizer a essa raposa: que lanço fora os demônios, e faço curas hoje e amanhã, e no dia seguinte, devo ainda caminhar, porque não convém que um profeta pereça fora de Jerusalém" (Lc 13,32-33).



Nada fez, portanto, contra sua vontade, ou por imposição alheia. Pelo contrário, foi voluntariamente que se entregou a si mesmo. Indo ao encontro de seus inimigos, disse-lhes: "Sou Eu" (Jo 18,15). E de livre vontade aturou todos os iníquos e cruéis tormentos, que lhe foram infligidos.



Esta é a circunstância que mais deve empolgar o coração, quando nos pomos a meditar todas as dores e padecimentos. Se alguém tivera sofrido por nós todas as dores, não espontaneamente, mas só por não poder evitá-las, é certo que nessa atitude não veríamos uma mercê de grande valor. Mas, quando alguém sofre a morte por nossa causa, quando o faz de livre vontade, ainda que seja possível esquivar-se, então é que nos dá uma prova de extrema bondade. Por mais conhecido que fosse, ninguém teria meios para lho agradecer, e muito menos meio de lho retribuir condignamente. Por tal critério podemos avaliar o soberano e extremado amor de Jesus Cristo, os direitos divinos e infinitos que adquiriu sobre o nosso coração.



(Fonte: Catecismo da Igreja Católica - Ed. Vozes - 1962)



segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Liturgia: Vestes Eclesiásticas dos sacerdotes

Na postagem da semana passada, aprendemos um pouco sobre a origem das vestes eclesiástica, e aprendemos também quando estas começaram a se diferenciar das vestes seculares. Hoje iremos nos aprofundar sobre as vestes dos sacerdotes para o culto divino.



Paramentos Sacerdotais - Os paramentos dos sacerdotes para as celebrações litúrgicas são: o amito, a alva, o cíngulo, o manípulo, a estola e a casula.



O Amito (do latim "amicius", manto véu): O amito, consoante a etimologia do vocábulo, é um pano que cobre o pescoço e os ombros, ao modo de véu. Parece que foi adotado no século VIII. "Julgaram mais decente, diz Bento XIV, que o sacerdote, para celebrar, cobrisse o pescoço e os ombros". A este motivo de decência, acrescente um motivo de utilidade nos países frios. A princípio o amito envolvia a cabeça toda e era somente puxado para trás nos atos mais solenes da missa. Pelo século X, com a introdução do barrete, fora dispensado o uso do amito sobre a cabeça. Todavia algumas ordens religiosas conservaram o seu uso primitivo. Seu caráter simbólico, o amito, funciona como um capacete, lembra ao padre que ele é um soldado de Cristo a repelir os assaltos do demônio.



A alva: Originalmente a alva era uma túnica, que era utilizada tanto por clérigos como por leigos. Abandonada pelos leigos no século VI, essa túnica passou a ser distintivo do clérigo e pouco a pouco fora reservada para as celebrações litúrgicas. Essa túnica teve dois nomes na Igreja latina: Alva e Talar. Alva vem do latim "Alba" que quer dizer branca e Talar vem do latim "Talus" que quer dizer calcanhar, já que ela se estende até o calcanhar. A alva é símbolo da inocência e lembra a túnica de Nosso Senhor.



O Cíngulo: Cinta ou cordão que envolve a alva para não permitir que esta toque no chão, ou para que não fique muito folgada. No aspecto simbólico, o cíngulo, envolve os rins sendo portanto um sinal de castidade.



O Manípulo: Há divergências em sua origem etimológica. De fato, o manípulo no princípio, era um pano ou lenço que limpava o suor do rosto e das mãos do sacerdote no momento das celebrações. Tornou-se objeto litúrgico quando bordados e as rendas o transformaram em peça de luxo. No seu aspecto simbólico, o manípulo, lembra ao padre a servidão livremente preferida para a glória de Deus e salvação das almas.



A Estola: (Do latim "stola" veste roçante) Entre os romanos a estola era uma veste comprida, bastante parecida com a túnica. Diferia somente por ter muita renda e enfeites, de alto abaixo. A estola era vestido próprio das matronas mais afortunadas. Contudo vários personagens como Marco Antônio primeiro, Calígula e mais tarde outros imperadores efeminados vestiram, por cima das tolgas a stola matronal, de modo que esta peça passou a ser destinada para ambos os sexos. Mas como esta veste se tornou tão estreita e que agora chamamos de estola? Julga-se que foi simplesmente suprindo o vestido e conservando-se apenas a borda. Borda em latim quer dizer "ora". Daí a designação de orarium que as vezes se dá a estola. Fora estabelecida como paramento litúrgico no século VI, reservada apenas aos padres, bispos e diáconos. Assim colocada no pescoço, simboliza o julgo do Senhor que o padre tem de levar com coragem e pelo qual há de alcançar a imortalidade.



A Casula: (do latim "casula" casa pequena) A casula é um paramento litúrgico que os padres usam por cima da estola e da alva para a celebração da missa. Nas suas origens era um tecido largo e redondo com uma abertura no meio onde entrava a cabeça. Era de tamanho grande, envolvendo o corpo inteiro, como que enclausurando-o, abrigando-o em uma casa pequena. Usavam este vestuário tanto clérigos como leigos. Esta característica fora preservada na Igreja grega, mas na Igreja latina houve grandes transformações. Seu aspecto simbólico, se deve ao fato de a casula envolver os ombros, simbolizando o julgo do Senhor.

domingo, 11 de novembro de 2007

5º Domingo depois da Epifania - 24º Pós Pentecostes: "Enquanto dormiam, veio o inimigo e semeou o joio". (Ev.)



A Nossa vocação à fé é uma graça. Fomos chamados por misericórdia a fazer parte do corpo místico do Senhor. Sendo ser necessário agora, em virtude deste procedimento do Senhor para conosco, e da nossa própria natureza renovada de membros de Cristo, que usemos de misericórdia com todos. Esta caridade perfeita é difícil, sem dúvida. Supõe-se que a perseverança e o esforço continuado nos faça muitas das vezes deixar sangue no caminho, porque o Reino de Deus na terra está em via de consumação. Ainda não é perfeito. E entre o trigo louro dos campos que vivem a vagar inebriantes de bondade, lá aparece também o joio, que nos morde com ferocidade indomada. Mas não nos compete arrancá-lo. Mas nos compete sim, a transformá-lo em trigo. E poderemos fazê-lo com o nosso sangue e caridade. Às vezes há joio pelo simples fato de que falta alguém que lhe dê caridade.






Evangelho de Domingo:





Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus: Naquele Tempo:
Jesus propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo.
Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu.
O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio.
Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: - Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio?
Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: - Queres que vamos e o arranquemos?
- Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo.
Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

9 de Novembro Dedicação da Arquibasílica do Santíssimo Salvador


Dentre as ricas e grandiosas basílicas romanas em que se celebram majestosamente as cerimônias do culto após as perseguições, destaca-se logo no primeiro plano aquela cuja dedicação comemoramos hoje. Situada no Monte Célio, o palácio lateranense pertencia então a Fausta, mulher de Constantino. Depois de se converter o imperador legou-o ao Papa para domicílio privado, fundando anexa ao palácio a igreja de Latrão que se tornou mãe de todas as igrejas do mundo. No dia 4 de novembro do ano 324, São Silvestre consagrou-a sob o título de Basílica do Santíssimo Salvador. Foi a primeira consagração pública de uma igreja. Muito depois já no século XII, foi dedicada a São João Batista, a quem já era dedicada o batistério adjacente, e daí ficou a se chamar de basílica de São João de Latrão. Nesta basílica e no palácio contíguo, reuniram-se, desde o século IV ao século XVI, mais de 25 concílios, dos quais cincos foram ecumênicos. Nesta mesma basílica eram celebradas as mais solenes festas do ano litúrgico. Lá se conferia as ordenações e os batismos aos catecúmenos no dia da Páscoa. O quinto domingo da quaresma se tinha início nela, onde também se iniciava a procissão do Domingo de Ramos e a Terça das rogações. As cerimônias de quinta-feira santa, Sábado Santo, Sábado In Albis e a vigília de Pentecostes eram realizadas nessa basílica. Tendo sido destruído o primeiro edifício, restaurou-o de novo Bento XIII em 1726. O aniversário desta última consagração foi fixado, como o da primeira, no dia 9 de novembro.

Omnium Urbis et Orbis Ecclesiarum Mater et Caput
Lefebvre, Dom Gaspar. Missal Quotidiano e Vesperal. Bruges, Bélgica; Abadia de S. André, 1960

Teologia Ascética e Mística: O fevor indiscreto dos principiantes



Muitos principiantes, cheios de boa vontade, dão-se com ardor ou entusiasmo excessivo ao trabalho da própria perfeição, e acabam por se fatigar e esgotar em esforços inúteis.


A causa deste próprio efeito é substituir a própria atividade à Deus: em vez de refletir, antes de operar, em vez de seguir e as luzes do Espírito Santo, precipita-se o homem na ação com ardor febril; em vez de consultar o diretor, faz primeiro o que quer, e só depois se dá conta do fato consumado; donde um sem-número de imprudências, esforços e pedidos sem conta.



Muitas vezes insinua-se a presunção: quer-se-ia chegar a perfeição dum salto, sair prontamente dos exercícios da penitência e alcançar depressa a união com Deus; Mas ai! Quantos obstáculos imprevistos se levantam! E então esmorecer-se, recua-se, e cai-se por vezes em faltas graves.



Outras vezes é a curiosidade que domina: anda-se a rebuscar incessantemente novos meios de perfeição, ensaiam-se algum tempo e dentro em breve põe se aparte, antes mesmo de produzirem seus efeitos. Fazem-se a cada passo novos projetos de reforma para si e para os outros, e depois não se executam por esquecimento.



O resultado mais evidente desta atividade excessiva é perda do recolhimento interior, a agitação e perturbação, sem nenhum resultado sério.



O remédio principal é submeter-se com inteira dependência à ação de Deus, refletir maduramente antes de operar, orar para obter a luz divina, consultar o próprio diretor espiritual e ater-se à sua decisão. Assim como, ordem da natureza, não são as forças violentas que obtêm os melhores resultados, senão as forças bem disciplinadas, assim, na vida sobrenatural, não são os esforços febris, senão os esforços calmos e bem controlados que nos fazem progredir: "quem vai sem pressa não tropeça".



Mas, para assim nos submetermos a ação de Deus, é necessário combater a causa desse amor excessivo:



  1. A vivacidade de caráter, que impele as decisões demasiado apressadas;



  2. A presunção, que vem da excessiva estima em si mesmo;



  3. A curiosidade, que sempre anda a busca de qualquer novidade. Dirigir-se-á, pois, o ataque contra esses defeitos por meio do exame particular, e então Deus retomará o seu lugar na alma e a guiará com paz a suavidade na senda da perfeição.



Na próxima postagem iremos abordar sobre os escrúpulos da vida espiritual.




(Fonte: Compêndio de Teologia Ascética e Mística - Apostolado da Imprensa - 1961)